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Diário das Sessões do Senado

caiu porto -de Barcarena. Infelizmente o aviador Piçarra morreu, o tenente Caldas está mal, com as pernas fracturadas, e o outro passageiro, jornalista Mário Graça, do Século, está, fisicamente, numas circunstâncias miseráveis, porque tem os membros partidos e, conforme disso o nosso grande mestre cirúrgico, Sr. Dr. Francisco Gentil, prevêem-se complicações de origem interna.

Não podemos ficar calados perante estes tremendos desastres, que entre nós se estão produzindo com urna certa frequência.

Vão rareando os nossos homens do ar, e essa grande aventura, que se chama à 5.a arma, começa a ter para nós incidentes,muito lamentáveis.

É preciso que fique de uma vez para sempre determinado que esses homens, que têm qualidades magníficas de impul-sivismo e de raça, não se devem deixar levar por essas qualidades.

Sou eu. principalmente, que o digo, eu. que tenho sido um impulsivo era toda a minha propaganda.

Em todo o caso essa propaganda nunca me levou até ao exagero do fazer qualquer aparecimento na liça, única e simplesmente confiado nas minhas qualidades do audácia.

E preciso que os aviadores se convençam de que subir num avião não é cousa que eles possam fazer com o espírito único de aventura.

E preciso reconhecer as circunstâncias em que osso avião está, é preciso ver se o motor fimciona bem.

E só assim se compreende que a aviação seja uma arma útil.

Nesta ocasião, em que os países ai ora . fronteiras celebram raids imensos, entro nós a aviação é qualquer cousa do funesto.

Lemaítro c Arrachard (que fopam do Paris a Vila Cisneros, batendo o record da maior distância em linha recta), aparcelaram terras francesas.

Mas esses países têm as suas linhas do navegação aérea montadas por forma que durante- um ano não contam senão um ou outro incidente desastroso.

Infelizmente, entre nós sucedem, por assim dizer, todos os dias estes desastres.

Mas o-que eu desejo acentuar é que é preciso providenciar para o futuro.

Hoje morreu um oficial português que era uru bravo, porque foi, no impulso de bela camaradagem, dar o último adeus àqueles que iam para uma aventura do-espaço. Morreu! E com Ole levou um jornalista da nossa terra, que ia fazer uma reportagem, não porque o jornal disso o encarregasse, mas porque vivia com o desejo do ir para os ares sentir a primeba emoção, encontrando possivelmente o castigo desse desejo.

Por aquele impulso natural, produto-, do feitio português, pediu àqueles qua iam pcj-a o ar, a acompanhar os que se dirigiam para Macau, que o levassem.

Morreu! ^

Para ôlo também vai um pouco da nossa saudade.

Proponho, Sr. Presidente, um voto de sentimento, pedindo a toda a Câmara quo me acompanhe.

São portugueses, filhos da aventura,, que foram castigados, porque imprevidentemente quiseram abranger esse idealr em circunstâncias em que o não podiam fazer.

O orador não reviu.

O Sr. Silva Barreto:—Sr. Presidente: pedi a palavra para me associar cm nome deste lado da Câmara ao voto do sentimento apresentado pelo Sr. José Pontes.

Em face das considerações quo acaba de fazer o mesmo Sr. Senador, ó necessário quo o Governo, quo só encontra nesto momento aqui representado, mando averiguar se há realmente falta da inspecção necessária ou, porventura, se os elementos vários da aviação não têm aquela assistência e se não oferecem mesmo as condições necessárias para que se possam evitar os desastres que, do há tempo a esta parte, tanto têm prejudicado a nossa aviação.

Tenho dito.

O orador não reviu.