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Sessão de 27 de Abril de 1925

bem sempre pronunciar-se em questões de movimentos militares.

Eu queria umas informações do Sr. Ministro da Marinha.

Logo após os acontecimentos que se deram, constou que S. Ex.a tinha dado nmas ordens a quem do direito, mas que houvera certo retraimento num sentido pouco compatível com as ordens dadas, por quanto parece que 'as ordens não tinham sido executadas pelo comando gorai como as determinara o Sr. Ministro da Marinha.

A nossa marinha, hoje, quási que só tornou impotente para auxiliar o Governo na, manutenção da ordem, pela falta do recursos.

Uma grande parto destes foram com a

divisão colonial, e apraz-me dirigir aqui

felicitações pela maneira galharda o pa-

- triótica dos oficiais e marinheiros nas

suas visitas aos portos da África do Sul.

Em Cap-Town, o próprio elemento oficial, na pessoa do Alto Comissário, o que não é vulgar, deu provas da nossa alta consideração por nós, indo pessoalmente visitar-nos. .

O garbo com que se apresentaram foi tal que mereceu de todos os portugueses os maiores elogios, e os encómios justos e merecidos da imprensa da África do Sul.

Mas, continuando, direi qne a marinha, que tem sido propositadamente desarmada, chegou ao ponto de, naquelas horas trágicas por que passamos, ter apenas disponíveis 150 homens para auxiliarem as forças fiéis ao Governo no combate aos sediciosos.

Mas se ainda porventura esses marinheiros, qne são nobres e ousados, tivessem recebido do comando superior os meios para poderem actuar rapidamente, eu estou convencido de que eles, garbosos, como sempre, teriam acorrido antes do^ Governo para eles ter, apelado.

£ Entraram as munições no Vasco da Gama imediatamente ao recebimento dessa ordem?

ç Não haverá necessidade de se proceder a um inquérito sobre o que se passou no comando superior da armada?

Parece-me que aqui é que está o ponto negro da questão, e que V. Ex.a se há-de resolver a mandar fazer Ôsse inquérito para satisfazer a consciência republicana

da Nação, que há muito se acostumou a admirar a marinha de guerra. O orador não reviu. ° •

O Sr. Ministro da Marinha (Pereira da Silva):—Em resposta às considerações do Sr. Ribeiro de Moio, direi que estimo o ensejo que S. Ex.a me deu de prestar aqui alguns esclarecimentos convenientes.

Posso -afirmar à Câmara que, se a marinha dispusesse de grandes efectivos no momento em que se deu o acto revolucionário, grandes efectivos de facto teriam aparecido para o cumprimento do seu dever.

Devo também dizer com toda a sinceridade que, se eu tivesse navios armados o prontos para poderem actuar com o seu poder, militar em favor da ordem e da República, eu mesmo iria para bordo assumir o comando dessas forças (Apoiados), porque era aí o meu posto.

Foi, porém, com grande desgosto que reconheci que nada podia fazer porque actualmente todos os navios estão em reparações e consequentemente não têm a bordo munições nem tam pouco as máquinas e caldeiras estão em condições de poderem funcionar.

Nestas condições eram navios inertes o sem condições para poderem intervir.

Não podiam intervir com a sua artilharia porque mão tinham, munições. Mas, mesmo que as tivessem, não o poderiam fazer porque navios de guerra fundeados num ponto som se poderem deslocar, são facilmente alvejados pela artilharia de terra, com uma fácil regulação de tiro.

Navios dentro do porto de Lisboa, amarrados as bóias, não podiam intervir porque seria condená-los a irem para o fundo ingloriamente.

Nestas condições seriam navios perdidos para a causa que o Governo defendia e para a marinha que não pode perder navios porque poucos tem.

Restava consequentemente fazer desembarcar uma força que pudesse prestar o auxílio que lhe fosse possível para defesa da República.