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Sessão de 5 e 9 de Junho de 1925

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blica e ao País com mira numa compensação, e grande, não tem nenhum valor ou importância para mim. Isso suo serviços mercenários, e eu só aprecio serviços ' desinteressados.

_ Têm-se votado, com prodigalidade, pensões a desenas de pessoas, muitas delas que não precisavam, outras que precisavam mas que não tinham razão para as receber e, entretanto.,. tem sido posta de parte a pensão a favor da família de França Borges.

Ontem fiquei surpreendido ao ler uma carta a esse respeito, do Sr. Germano Martins, publicada no Diário de Noticias, porque supunha que já tinha sido concedida essa pensão por ter tido notícia de que havia sido apresentado na Câmara dos Deputados um projecto nesse sentido. Só há alguém com razão e justiçaaquem se deve dar uma pensão ó à viúva e às filhas de França Borges.

França Borges teve uma vida.arrisca-• da e de trabalho pela República e, se João Chagas, depois da implantação deste

'.regime, prestou serviços, não deixou também de os prestar, até pouco antes de morrer, França Borges, e todos esses ser-

- viços foram prestados desintoressada-mente. Mais: de, uma vez França Borges escreveu no Mundo que ainda não tinha recebido um -único favor das novas instituições nem um único ceitil dos cofres do Estado.' ' • .-.-•.

° Quando toda a gente, no dia 6 de Outubro ie 1910, enchia os Ministérios a pedir empregos, a f.azer pressões e coacções no sentido de vagarem lugares "para os irem ocupar, quando, muitos invocavam a circunstância de terem gasto .dinheiro -na propaganda republicana, para se. imiscuírem na administração da Re-

. pública e irem .ocupaf lugares para que, na maioria, não tinham competência, França Borges continuava no seu jornal a perder dias e noites em trabalhos de propaganda no propósito de que a- República fosse consolidada e se tornasse querida e estiniâda pelo povo.

Embora eu, pelos meus princípios, não vote esta pensão, aceito-a e estranho que há mais tempo não. se tivesse votado sendo para isso necessário que aparecesse num jornal uma carta do Sr. Germano Martins e no Senado aparecesse a figura categorizada do Sr. Artur Costa a lem-

brar a situação daquela senhora e de suas filhas. • T

Por isso, Sr. Presidente, eu tenho pena de que no mesmo projecto se reunam três pessoas a quem se quere dar pensão: João Chagas, Fiel Stockler e França Borges, porque, se à primeira vista pode parecer que França Borges vai a reboque^ de João Chagas, eu entendo o contrário; .que João-Chagas é que vai a reboque de França Borges.

Isto no campo dos princípios verdadeiramente republicanos. ,..

Estou convencido de que o Senado vota o projecto na generalidade e na especialidade. Não me proponho levantar-lhe obstáculos.

Se uso- da palavra por largo tempo é porque desejo frisar pontos de doutrina, fazer afirmações concretas, definir situações, .e, muitas vezes se me é permitido reduzir as minhas considerações, é certo - que em muitos casos se me afigura mais proveitoso dar-lhes o desenvolvimento que se coaduna com o meu modo de pensar.

Vou terminar dizendo o seguinte: Concordo com a opinião do Sr.'Ribeiro de Melo quanto a sustar-se a discussão deste projecto, para que o Presidente do Ministério venha aqui dar sobre elo as suas explicações, não por, mim, porque S. Ex.a não mo convence, apesar da muita consideração que tenho por si, porque em certos pontos de doutrina eu sou irredutível, mas para que o País possa melhor apreciar a discussão do Senado.

Nós aqui julgamos, mas' lá fora somos julgados, e, para que as instituições parlamentares se prestigiem, é necessário-que o País .concorde com as suas delibé?-rações, as aplauda e as aprove.

O País muitas -vezes está silencioso, fingindo que dormita, ínas está acordada e o pior é que .muitas "vezes expande-se demasiadamente. E, para que* o País fosse bem informado, para que ele pudesse avaliar da justiça com que procedemos, conviria que o Sr. Presidente do Ministério aqui viesse fazer .um relato da situação das pessoas a quem a pensão aproveita. . . O orador não reviu.