O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de ô e 9 ãe Junho de 1925

17

acentuar, de propósito, para esclarecer o -assunto: é aquela em que João Chagas diz que deixa a sua esposa a sua casa e a propriedade literária das suas obras à sua família.

Por informações que tenho e que eu não garanto, quando João Chagas escreveu a palavra «-cltsa» não se referiu à palavra «prédio», mas simplesmente ao re--cheio da sua casa.

Eu, infelizmente, vivo em uma, casa arrendada, mas, se amanhã tivesse de.fa--zer o meu testamento, diria também a «minha casa». "

João Chagas não teve, com certeza, muito tempo para fazer fortuna no lugar •que exerceu em Paris-

Em primeiro lugar —e bem o sabe o Sr. Eibeiro de Melo. visto sor também diplomata— porque os diplomatas portugueses não são os mais bem pagos de todas as nações, pois que têm despesas de representação muito importantes, a que não podem fugir, o todos nós sabemos -que a nossa legação em Paris exige largas despesas.

Poderia, talvez, João Chagas ter acumulado algumas centenas ou alguns milha-Tes^de francos. o

E possível, mas certamente que essas 'economias não foram era quantidade suficiente para que a família possa . vi-~ver.

Relativamente à pensão à mãe de João Fiel Stockler, ainda ontem, na sessão da 'Secção em . que, se discutiu este assunto, •eu ouvi dizer ao Sr. Ribeiro de Melo que •essa senhora vivia há muito de um auxílio directo desse republicano.

Essa senhora já deve ser de avançada ;idade, e por isso não me parece que. nós devamos continuar a esmiuçar esse assunto.

O Sr. Ribeiro de Melo foi informado, creio eu, pelo Sr. Herculano Galhardo de que, por proposta da Secção, tinha .sido acrescentado .um artigo à proposta, vpelo qual é concedida uma pensão à viú-•va e aos três filhos de França Borges.

Não discutiu S.. Ex.a esse aditamento •e sei bem que não o fez por menos consideração pela memória de França Borges, mas sim porque, em relação aos presumidos haveres de França0 Borges, não havia duas opiniões eni Portugal.

França Borges, que viveu durante anos dentro de um jornal que fundou, viveu sempre com muitas dificuldades (Apoiados), e tantas eram elas que, em muitos sábados, França Borges teve necessidade de empenhar -os seus anéis ou outra$ jóias, quando as tinha, para pagar aos empregados desse jornal.

Republicanos houve que prestaram algum auxílio ao jornal que França Borges fundou, O Mundo, mas a verdade é que a situação desse jornal foi sempre q, inais aflitiva.

Apoiados.

Não qbstanto, França Borges nunca pediu nada à República.

Apoiados.

Tendo combatido no seu jornal o subsídio aos parlamentares, quando a Constituição da República estabeleceu que os Parlamentos recebiam subsídio, França Borges nunca a recebeu.

Apoiados.

No final da sua vida, França Borges foi aconselhado a ir procurar alívios à doença que o minava, na Suíssa, mas, lembrando-se que tinha três criancinhas, além do sua mulher, França .Borges respondeu um pouco secamente que não podia ir para a Suíssa, porque não tinha os fundos suficientes para fazer esse tratamento.

Foram-lhe oferecidas algumas importâncias pelo« amigos, não dadas, mas emprestadas, e França foi para a Suissa, deixando à família um jornal que vivia aflitivamente e 'algumas dívidas, a última das quais foi contraída pelo tratamento naquela República.

Por tudo isto, eu digo que, se há pensão que seja justa, é esta a conceder à ,familiâ de França Borges, pois que se todos os homens públicos e, .em geral, todos os cidadãos devem preparar o seu futuro e o das suas famílias, França Borges foi, talvez, daqueles que não pôde atender ao futuro dos seus filhos, porque ele não podia sequer fazer face às despesas do seu jornal.

Sr. Presidente: entendo que devemos votar as pensões às famílias desses três republicanos.

Eles ficam bem ao lado uns dos outros, porque bem trabalharam e se sacrificaram pela República e pela Pátria.