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Diário das Sessões do Senado

sacrificado pela República e pela Liberdade — mas, vendo a forma como o debate tem decorrido, resolvi nele intervir para rogar aos meus ilustres colegas nesta Câmara, que prestem homenagem a um dedicado defensor da República votando o projecto que se debate, com o que contribuirão para que o mal-estar que lá fora vai já tomando proporções entre os defensores da República, e que podem ter gravíssimas consequências, termine de uma vez para sempre, restabelecendo-se a confiança nos homens a quem está confiada a ingrata missão de legislar e de •presidir aos destinos da Nação. Tenho dito.

O Sr. Medeiros Franco: — Sr. Presidente : ouvi com muita consideração os ilustres Senadores que me precederam, tanto os que atacaram como os que defenderam este projecto de lei.

Há uma nota interessante que verifiqui, que toda a Câmara verificou.

Nunca vi que para qualquer projecto houvesse a metralha preparada para fulminar um homem como sucedeu a este.

O ilustre Senador Sr. Silva Barreto fez; uma cousa que ainda não vi fazer.

Tirou da sua pasta, e a propósito deste projecto de lei, uma nota dos serviços do ex-sargento Artur Marques Monteiro, não fosse a Câmara votar levianamente uma proposta de reintegração com um terrível dano para a República, com um altíssimo escândalo para todos nós.

Ainda nunca assisti a isto, Sr. Presidente.

Foi a primeira vez que para uma discussão de um projecto de lei se apresentou à Câmara uma nota colhida numa repartição pública acerca dum funcionário, objecto de uma proposta de lei.

O Sr. Silva Barreto: —

O Orador:—Não, senhor. Esta nota foi colhida numa repartição do Ministério da Marinha solicitada por quem interesses tinha em fazer a demonstração que ao ex--sargento Marques Monteiro de forma alguma assiste o direito de pedir a soa reintegração. .

O Sr. Silva Barreto:—Essa folha foi--me apresentada.

O próprio interessado parece-me que devia fazê-la constar no processo.

O Orador: — Mas, Sr. Presidente, ainda bem que o Sr. Silva Barreto trouxe à Câmara a nota do comportamento desse ex-sargento.

Dessa nota não corista que o Sr. Marques Monteiro pedisse a sua demissão, nem solicitasse a sua reintegração. O que consta é que ele foi sempre desde a primeira hora até ao fim um exemplaríssimo militar, um homem que prestou altos serviços à Pátria e à República, tendo merecido sempre dos seus superiores os melhores elogios por esses factos.

O Sr. Silva Barreto :— Ele pediu a sua demissão em 1914.

O Orador:—Diz uma nota que a baixa teve lugar a pedido do interessado.

Mas S. Ex.a sabe que bastava o facto de não requerer a sua readmissão para isso importar para todos os efeitos um pedido de demissão.

Ouvi também dizer, Sr. Presidente, que contra o ex-sargento Monteiro nunca se moveu perseguição alguma.

Não é verdade.

Se eu me tivesse convencido de que este senhor não tinha, de facto, sido um perseguido, não teria feito este projecto, nem lhe olaria o meu voto.

Mas li jornais, colhi informações, aqueles jornais e v aquelas informações que sobre uma matéria como esta é possível consultar, visto que já vão passados," desde 1914, 11 anos.

Há pouco tive ocasião de falar em jornais que se referem ao ex-sargento Marques Monteiro.

Dir-se há: é a opinião da imprensa.