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Cessão de l? de Junho de 1920

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Por isso, repito, rejeito a proposta, e aprovo o voto da secção. O orador não reviu.

O Sr. Serra, e Moura: — Sr. Presidente: lê-se na história da República que foi o -povo republicano que de facto fez, em 5 de Outubro, proclamar a República em Portugal e com a colaboração de uma pequena parte do exército ...

Lê-se na história da República que em 14 de Maio foi o povo republicano que fez com que a República fosse posta no .seu devido lugar . . . Na gloriosa escalada a Monsanto, ainda esse povo evidenciou quanto ama a República . . . Emfim, tem--se verificado sempre que o povo republicano tem mantido, através de todos os perigos e de todos os sacrifícios, a integridade da República.

De facto, ainda hoje, o melhor sustentáculo da República é incontestavelmente esse povo, esse aglomerado de patriotas, conhecido e perseguido como revolucionários civis, porque são eles os homens que mais têm pugnado pelo ideal republicano, seui pensarem nas agruras que o seu esforço possa acarretar para si e para os seus no dia de amanhã, como já por vezes tem sucedido, antes e depois do negregado período sidonista.

Mas o que é certo, e o que eu tenho notado, há um certo tempo para cá, é que os revolucionários civis são olhados, não como homens honrados, como patriotas honestos, mas sim como salteadores da Calábria, só porque exigem que o Parlamento os reconheça como indefectíveis defensores da República, a que têm incontestável direito.

Tenho reparado que há uma acentuada má vontade contra essa gente, má vontade que bem ficaria da parte dos monárquicos, mas-que não se compreeude, nem justifica da parte de certos republicanos . . . que se recostam em confortáveis fauteuils, que usufruem chorudos empregos, que nunca alcançariam se não fora o esforço, o sacrifício e até o martírio de muitos desses homens!

Se ó certo que uma parte do exército há tido nos movimentos revolucionários um papel condigno e patriótico — e re-pâre-se para o último movimento revolu: cionáriq em que'o exército republicano se manifestou abertamente pela ordem e pela

legalidade, batendo-se galhardamente pela Constituição—é certo • /também que aos revolucionários civis se deve a instituição republicana ser ainda um facto em Portugal ! J

Trata-se agora de reintegrar na marinha um velho revçlucionário, com uma vida cheia de serviços à República, um homem .que vem. pedir uma cousa tam simples como justa e que se tem concedido a tantos outros, até a alguns autênticos traidores à Pátria e à República. '

Apoiados.

E no emtanto, é a esse sincero republicano, que tem cometido o crime de ser revolucionário civil, que se pretende negar tal direito, insinuando-se que ele o que deseja é encher os bolsos e pôr galões nos braços.

Tal não sucede, porém, e por isso me revolto contra essas insinuações, tam injustas como" desprimorosas para os seus brios de homem honrado e de modesto servidor da República.

Fez, por isso, muito bem o-Sr. Procó-pio de Freitas trazendo a esta casa do Parlamento o projecto em discussão para que justiça fosse, feita. É mais um gesto que sobremaneira honra S. Ex.a

E não foi de espírito leve, não foi por um modesto Senador da .República, como. eu, que esse projecto -foi relatado. Não.

Foi por alguém dentro desta casa, foi por alguém que lá fora ocupa um lugar brilhante no foro j.udicial, foi por um homem da envergadura intelectual do Sr. Medeiros Franco, que reconhece que ao sargento Monteiro assiste todo o direito de ser reintegrado na marinha, é ele que, apesar do voto contrá/io da Secção a que pertence e de que é um lídimo ornamento, vem defender esse homem e. provar à evidência, com o seu verbo eloquente, que de facto o sargento Monteiro tem prestado relevantíssimos serviços à causa republicana e ao País, evitando até que um movimento revólncicnário monárquico se realizasse e do qual necessariamente resultariam, a par de grandes prejuízos materiais, muitas mortes amamentar.