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Diário da» Sessões do Senado

convém pôr em Lisboa o triplo da água que vende ao público, desfazendo-se depois da restante que completa os dois terços quo lhe pertencem, endossando-a ao. Estado, a título de excesso do consumo.

A solução é simplicíssima, é a historia do ovo de Colombo, o cumo em geral se pede a todos soluções, eu vou indicar aquela que não é só minha mas que me ocorre, como ocorre a quem vai visitar o canal do Alviela; é intuitiva, porque nós vemos que por cima do açude corre sempre, quási o ano inteiro, urna quantidade enorme de água que vai para o rio.

Se elevássemos a crista do açude, represando uma quantidade de água muito maior, teríamos urna reserva para muito mais tempo.

E teríamos porquê?

Eu vou dizê Io. A Companhia não conhece nem a origem provável das águas do Alviela nem a importância dos seus reservatórios, com excepção do Poço Escuro, que é uma caverna, a montante do açude; além desse, nada mais conhece a Companhia. Ouviu falar no Poço da Mira como uma cousa que liga com os depósitos do ALviela, mas mais nada.

Se olharmos para a configuração do terreno podemos supor que as várias cavernas ou depósitos que alimentam o Alviela devem estar ao mesmo nivel do denominado Poço Escuro, e hão-de ser muito extensos, atendendo à enorme quantidade de água que quási todo o ano passa por cima do açude.

Se esses reservatórios tiverem uma grande superfície aumentando a altura do açude, represaremos uma grande quantidade de metros cúbicos de água, de forma a poder satisfazer às necessidades do consumo, na época da estiagem;

A Companhia, porém, não eleva o açude porque não quere trazer mais água a Lisboa,«visto que quanto mais água trouxer menos ganha.

Para justificar a sua atitude, chamou o engenheiro Fleury e disse-lhe: Nós temos sérias apreensões sobre a resistência do fundo dessas cavernas;

O engenheiro respondeu imediatamente: Se já têm apreensões quanto à resistência do fundo, com o aumento da altura do açude, e portanto da carga da água,

evidentemente devem aumentar essas apreensões.

Aqui está como a Companhia evitou fazer o que era simples e prático.

Aos supostos receios da Companhia responderíamos muito simplesmente: O aumento da crista do açudo, por exemplo Om,30, ropresenta um aumento de pressão do trinta gramas pó" centímetro quadrado no fundo das cavernas, emquanto quo no inverno as águas crescem e vêm escapar se por uma abertura que o Poço Escuro tom a cinco ou a seis metros acima do riivel normal, e coino pela teoria dos vasos cornunicantes, em todas as cavernas as águas atingem o mesmo nivel, a pressão no fundo de todas elas aumenta de 500 ou 600 gramas, conformo o nivel sobe de cinco ou seis metros, de forma que o receio que a Companhia tem ó infundado.

A Companhia tem dito várias vezes que, para trazer mais água a Lisboa, precisa de várias cousas, por exemplo: durante muito tempo falava da duplicação do sifão—no singular — e repetia isto muitíssimas vezes, acabando o público por supor que se tratava do sifão que passa em Sacavém. e sobre o qual havia apreensões acerca da sua segurança.

Há uns tempos, porém, a Companhia passou a falar nos sifões — no plural — e nós ficámos então sabendo que a Companhia pretendia duplicar todos os sifões, entre eles decerto o da Boca das Três Valas, que é o mais perigoso e de maior responsabilidade para o abastecimento da capital, mas que se causa.receios é por culpa da Companhia.