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Sessão de 24 de Junho de 1925

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para umas obras que ela diz vai fazer; assim é preciso, para manter de pé o decreto n.° 8:634; não basta arranjar a célebre blague do Ota, não em relação às obras; essas, convém à Companhia mante-las, porém, o abastecimento de água pelo Ota é que é uma verdadeira blague.

. Com esse rio, dá-se urna coisa interessantíssima; assim, a Companhia quando pensou no aproveitamento do Ota, declarou que ele fornecia 10 mil metros de água por dia; quando se publicou o célebre decreto n.° 8:634, a Companhia elevou o caudal do Ota a 11 mil metros, quando lhe concederam as nascentes, passou para 15 mil metros, e mais tarde, não me recordo quando, elevou o número para 20 mil metros; faltou o fôlego à Companhia para continuar, mas o-Ministro do Comércio de então, o. Sr. Queiroz Vaz Guedes, diz, numa notícia publicada no Século de 10 de Outubro de 1923, o seguiute: «Que o Ota produzia 10.000 metros cúbicos no período da estiagem, <_3 p='p' no='no' mil='mil' _25='_25' inverno.='inverno.'>

Ora, Sr. Presidente, por este andar, daqui a pouco teremos o Ota transformado num Amazonas, ou num Yang--Tsé-Kiang; pois estou convencido que nem a décima parte desse fantasioso número de metros corre actualmente do Ota. O general Montenegro avaliou o caudal do Ota em 5.000 metros; e entre a opinião desse engenheiro e outras que têm vindo a público, eu vou por aquela sem hesitação.

Mas querem V. Ex.as ver porque eu chamo a isto uma verdadeira blague, não só em relação à quantidade, mas também ao aproveitamento.

O abastecimento com as águas do Ota diz a Companhia que é feito na ocasião em que diminui o caudal do Alviela, isto é, na época da estiagem.

Mas eu pregunto uma coisa: -

,; Quando baixa a água no Alviela, não baixa também no Ota, ou há alguma compartimentagem arranjada com as nuvens para as águas só caírem no sítio do Ota? . ,

Se a estiagem se faz sentir num, .também se há-de fazer sentir no outro. , £ Então como ó que ele vai socorrer -o Alviela exactamente .na época em. quo não há chuvas ?

& uma cousa difícil de compreender.

•Mas suponhamos que não há chuvas mas que o canal do Alviela continua a vir cheio.

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É por tudo isto que eu digo, que o .aproveitamento das águas deste rio é unia verdadeira blague.

Com relação a obras, sei que se pensa nisso, apesar de o autor deste decreto dizer que no mês de Outubro de 1923 já elas deviam estar prontas, agora diz-se que só em Setembro será a sua inauguração.

O que estimo é que essa inauguração .tenha aquele brilho que teve a do canal ,do Alviela, que até serviu de tema a várias revistas teatrais da época, e que a água do Ota satisfaça os desejos sequiosos da população de Lisboa.

Mas, deixemos este assunto.

A Companhia das Aguas não só não tem feito absolutamente nada para aumen-.tar a quantidade de água a trazer a Lisboa, como até tem cometido outros erros, como é, por exemplo, o de não,ter evitado, até há' pouco, as enormíssimas perdas de água.

V. Ex.a, Sr. Ministro do Comércio, está tomando apontamentos para depois me responder, mas.

O .Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (Ferreira de Simas) : —<_ p='p' dá-me='dá-me' v.='v.' licença='licença' ex.a='ex.a'>

V. Ex.a parece que me toma como advogado da Companhia junto do Senado.

O Orador:—Não, senhor. Nem mesmo V. Ex.a0 tem o direito de fazer semelhante suposição.

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicar coes (Ferreira de Simas) : — É que pode parecer.

O Orador : — Todos nós o conhecemos muitíssimo bem,, para não fazer de V. Ex.a semelhante idea.