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Sessão de 7 e 8 de Julho de 1920

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no seu coração a flâmula verdc-rubra e que vão representar Portugal lá fora não com fé, lealdade e amor republicano, mas como funcionários públicos.

E aqueles que estão no quadro externo do Ministério dos Negócios Estrangeiros têm de ser mais alguma cousa que funcionários públicos, têm de ser republicanos.

O seu passado dá-me uma esperança de que S. Ex.a há-de ter o máximo dos cuidados em chancelar determinadas atitudes e actos escritos ou verbais quo sejam apresentados a S. Ex.a como Ministro interino da pasta dos Estrangeiros sem sobre elos pensar primeiro, sem sobre eles ponderar depois, sem tomar as informações precisas de republicanismo.

E, se o Sr. Lago Cerqueira fizer esta política republicana dentro desse Ministério, S. Ex.a terá marcado dentro dos poucos dias da sua interinidade uma política e uma linha de conduta a que aquele Ministério não está acostumado.

Não faço acusações porque na hora em que entender que as devo fazer eu pedirei ao Sr. Lago Cerqueira a honra da sua presença para chamar a sua atenção para os casos que entender.

Vamos entrar propriamente na questão política que ó essa que interessa a todos.

Levantou-se uma fúria insana contra o Sr. António Maria da Silva pelo facto de ter rompido o «cartel» — à laia francesa —. que existia há muito tempo entre o Partido Democrático e o Grupo da Acção Kepublicana.

Extraordinariamente admirados ficaram todos os dirigentes e sobretudo os parlamentares da Acção Republicana de o Sr. António Maria da Silva não os ter consultado, não ter pedido o seu conselho a quási o seu voto.

S. Ex.a entendeu no momento em que foi chamado à Presidência para organizar Governo que estava em condições de poder governar sozinho.

A atenção que o Grupo Accionista preconizava que o Sr. Presidente do Ministério devia ter com eles podia ser dispensada sem que representasse esse acto uma descortesia para com os representantes desse Grupo, mas única e simplesmente porque bastava à força do Partido Republicano Português .que houvesse um ho-

mem dentro desse partido que pudesse organizar um Governo com a capacidade e homogeneidade para singrar na luta política que estava travada.

(O que tinha que fazer o Partido Republicano Português?

Naturalmente levantar-se como um só homem, abraçar-se a essa gloriosa idea do Sr. António Maria da Silva e dizer-lhe: «vá para a frente, trabalhe com o nosso auxílio»; ou então fazer aquilo que esboçou fazer, dizer-lhe:

«Não, o senhor não pode, dentro do Partido Republicano Português, arrancar dez homens para formar Ministério; o senhor tem que se submeter a conciliábulos, a combinações prévias, tem que aceitar as nossas indicações, se quiser governar e administrar em paz».

Mas quando se não procuram essas combinações, é porque se tem assegurada a votação.

As afirmações que durante meses se fizeram de propaganda radical, no seio do ParHdo Republicano Português, em Coimbra e que foram repetidas no Porto num comício à noite e num almoço realizado no Palácio de Cristal/"afirmações de que o Partido Republicano Português tinha de caminhar para a esquerda, hostilizando, se preciso fosse, muitos dos seus correligionários, afirmações feitas na minha presença porque, apesar de afastado do Partido Republicano Português, eu segui de perto essa propaganda, afirmações que fizeram avolumar o grupo dos que desejavam fazer a transformação do grande xadrez político, essas afirmações, eu estava convencido não seriam desfeitas nem pela força de todos os bombeiros municipais de Lisboa.

Não vi nada disso, vi apenas que, um a um, se foram trasmalhando.

Não.

O povo, embora simplista, já está de olhos abertos.