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Diário das Sessões do Senado

£E quem há aqui ou na outra Câmara que não deseje a aprovação dos orçamentos?

Creio que ninguém, mesmo que sejam adversários do regime republicano.

Portanto, q,cho muito pouco, insignificante mesmo, que se atire com um Governo a terra, o que podia ter consequências funestas, para se lhe . seguir um outro do mesmo partido. ••

E agora, V. Ex.a desculpe-me, [mas eu hei-de ser sempre franco. . £ Que sensibilidade moral é a de V. Ex.a vindo a esta Câmara, afrontando-a, com um voto apenas da Câmara dos Deputados?

Assim, infelizmente, não é um caso esporádico, porque eu venho assistindo a outras faltas de sensibilidade manifestadas por individualidades em destaque que não se dispensam de ocupar altos cargos de eleição em que as bolas pretas são quási tantas como as brancas que os elegeram.

Vejo essa insensibilidade em indivíduos que, sendo Ministros, não têm pejo de aproveitar-se dessa situação para assaltar altos e chorudos cargos vagos pela morte de grandes figuras republicanas!

E agora eu pregunto: £ que garantia pode ter V. Ex.a de .que não será derrotado na outra Câmara na primeira votação ?

. «iPois se V. Ex.a não conseguiu senão um voto de maioria, após um trabalho extenuante de gaiopinagem, como teima V. Ex.a em manter-se contra a vontade do Parlamento?

Apesar da boa vontade do Sr. Eibeiro de Melo e da sua habilidosa fantasia, dando a esse voto o valor de 20, praticamente V. Ex.a terá ocasião de ver que nem um vale, porque foi um voto bera.

Vou concluir. . .

Se falei foi por necessitar saber as condições em que foi aberta e solucionada a crise, visto que o meu ilustre leader nada disse a tal respeito.

Não encontro explicações que não sejam deprimentes para quem fez cair o passado Governo.

Qnanto à solução dá-se precisamente a mesma cousa. .

Não vejo nada que indique que fosse V. Ex.a quem devesse substituir o anterior Governo e antes tudo quanto se pas-

sou e está passando prova ser V. Ex.E a pessoa mais contra indicada de todas.

Foi, pois, um crime abrir-se a crise. Foi outro crime usar-se indevidamente do nome do Sr. Afonso Costa, e, finalmente, não era V. Ex.a a pessoa indicada para presidir ao novo Governo.

Desconfio muito da moção apresentada pelo Sr,. Ribeiro de Melo, a qual não está de acordo com o que S. Ex.a disse.

S. Ex.a apresentou uma moção de que é possível pretender-se tirar efeitos conjugando a votação daqui com á da outra Câmara, por isso eu não posso deixar de solicitar do Sr. Presidente do Ministério que declare se mautórn ou não a opinião tantas vezes manifestada por S. Ex.a na imprensa e no Parlamento do que o Senado não é uma Câmara política.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro da Guerra (António Maria da Silva):— Declaro que mantenho a mesma opinião de sempre.

O Orador: — Fico satisfeito com a resposta de Y. Ex.l, nem outra era de esperar, e por isso dou por terminadas as minhas considerações, dizendo que a maioria que S. Ex.a aqui.possa obter a não pode juntar ao único voto da outra Câmara.

Tenho dito.

O Sr. Augusto de Vasconcelos: — Sr. Presidente: o nosso partido não tem nada que intervir na questão de família que o Sr. Pereira Osório levanta.

Não temos nada com isso..

É uma questão entre V. Ex.as que não nos interessa de modo nenhum.

O Sr. Pereira Osório:—V. Ex.a diz isso em todas as apresentações do Ministério.

O Orador: — Sim, senhor, porque em todos V. Ex.as estão uns contra os outros.

Mas, Sr» Presidente, pedi a palavra para explicações porque o Sr. Pereira Osório no decorrer do sea discurso, referindo-se a um membro dá outra Câmara, disse que S. Ex.;i se tinha permitido proceder de qualquer forma.