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Diário das Sessões do Senado

vez, porque repudio completamente essas denominações.

Se insistisse nessa terminologia tinha medo de que todos esses grandes homens, cujos bustos aqui estão nesta sala, rae começassem a repreender e • a dizer que isso não era português, nem se admitia dentro desta sala.

Convivi com muitos desses grandes homens, e com eles muito aprendi.

Não posso pois estar a falar em bonzos e canhotos e por consequência direi a esquerda e a direita democráticas.

Agora em relação ao Governo, o que vejo é que ele ó constituído pela direita democrática.

Há apenas o Sr. João Camoesas, que, deixem-me assim dizer, está aqui a derramar um bocadinho de essência esquerdista sobre o Ministério.

Veio suceder a outro da direita também.

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É porque agora, em lugar de estar a presidir o Sr. António Maria da Silva, está o Sr. Domingos Pereira.

Há muito tempo a esta parte que na política portuguesa vêm dominando o personalismo sobre os ideais.' e fiquem V. Ex.as certos de que quando uma sociedade se dedica ao culto do indivíduo, em lugar de cultivar princípios., é uma' sociedade em perigo.

Apoiados^

Sr. Presidente : é com princípios e na fé dos princípios que os povos são capazes de fazer alguma obra útil.

É no cult» do ideal,'infelizmente tam apagado nesta nossa sociedade, que um povo pode merecer o respeito das outras nações.

Mas desde o momento que esse culto se perde, e que cada um não pensa senão no que de bom lhe pode suceder, as sociedades estão perdidas.

É só com grande sentimento de solidariedade, com grande espírito de sacrifício que se pode fazer o bem geral.

E por isto, Sr. Presidente, que eur nesta simples transformação, vejo um grave sintoma de dissolução social. . .iii um sintoma grave de dissolução social.

.jFaltariam ao Sr. António Maria da Silva faculdades, habilidades políticas?

Não.

O Sr* Domingos Pereira é incontestavelmente uni homem experimentado e bem intencionado.

Então porque é isto?

Sr. Presidente: ó o egoísmo, são paixões que refervem cá de baixo, são ciu-meiras, são ódios, que nos .estão pondo numa situação que, dentro em pouco, vai tudo para o charco. ° '

Se não estão na disposição de se lembrar que há alguma cousa que está acima de tudo isto, e que essa cousa é a nossa Pátria, a nossa querida Pátria que nós todos devemos amar, e pela qual devemos sacrificar até a própria vida, então é uma sociedade liquidada.

Eu não estou aqui fazendo política. Estou falando com o coração nas mãos, porque acima de tudo eu sou português.

Claro está, ó exactamente como conse-qiiência deste predomínio-de paixões individuais sobre os interesses colectivos que em vez de se constituir o que era necessário constituir, isto é, um Governo fora das paixões políticas, capaz de fazer essa obra nacional que o país inteiro deseja, se formou o actual Governo. Melhor seria que essa obra fosse feita por meios brandos do que imposta por alguma dessas revoluções desgraçadas que, por melhores que sejam os seus intuitos, têm sempre consequÍ3nc:ias sinistras.

£ Porque é que se não formou esse ministério de conciliação?

^Não se formou por menos boa vontade do Sr. Domingos Pereira? Basta olhar para S. Ex-.a para ver como em oito dias a sua fisionomia se tran=formou, como está cansado e abatido pelas lutas e dificuldades que teve para poder apresentar o Ministério.