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Sessão de 7 e 11 de Agosto de 1925

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.? Afinal de contas qual é o fundamento principal dessa luta que se dá hoje na política portuguesa? E o papão das eleições.

Isto ó espantqso, faz tristeza.

A ruaior parto destas revoluções, destes conflitos/ assentara nnm ponto único que é a questão das eleições.

Se o espírito democrático tivesse penetrado em toda a gente*, não-haveria que recear que as eleições fossem, feitas por esto ou por aquele Governo, porque cada um teria a sorte que lhe coubesse nas eleições. -

Mas é porque neste país há apenas duas entidades cOm votos, e V. Ex.as vão-se admirar do que eu vou dizer: é quem quer que esteja no Governo e somos nós. Fora destes ninguém mais tem votos.

O Sr. Domingos Pereira, que é um homem'hábil, na sua declaração ministerial â primeira promessa honra-o sobremodo.

Claro está que sendo o Sr. Domingos Pereira uma pessoa muito amável, 'simpática e sabendo lidar com ás pessoas', sabe fazer a festinha a tempo e sabe como se manejam estes assuntos, inspira;menos receio de hostilidade acentuada do quo qualquer outra. •

Mas S. Ex.a lémbre-se do que hoje aqui lhe digo. ' * ;

S. Ex.* dentro em pouco vai ver que esta água que à superfície parece serena, não tardará em .aparecer ao decima aos cachões; isto por várias razões, uma delas é que S. Ex.a tem de pôr autoridades da confiança do Governo, e então-'quando chegar a essa ocasião é que S. Ex.a vai ver que as espectativas benévolas passam a ser0 não espectãtivas, mas activamente contrárias à sua-acção produtiva. :

Sr. Presidente:' não-me parece que a questão grave da paz e sossego na família portuguesa se realize pelo advento do Ministério presidido pêlo Sr. Domingos Pereira. ; \

Seria isso mais fácil com um Ministério nacional, composto por individualidades fora deste meio, alheado 'da política ; ele teria mais autoridade o estava mais à vontade para poder dar às eleições aquela liberdade necessária, .para que o país ma-

nifeste a sua vontade como devia manifestar uma democracia.

Nós estamos a poucos dias do encerra-ramento das Câmaras, pouco haverá já que fazer.

O principal escopo Ho Governo é fazer as eleições.

Estar aqui a preguntar-lhe o que vai fazer nesse sentido, é perder tempo.

Mas, antes de terminar, seja-me lícito lembrar algumas cousas.

Com respeito à questão religiosa, não trato dela.

E possível que venha a tratá-la.

Mas, segundo rezam os cronistas, o Sr. Domingos Pereira é uma: espécie de primaz das Espanhas^. ' . • •

Dizem mesmo alguns que o Sr. arcebispo lhe empresta aquele pálio feito de cordeirinhos de Santa... e que o Sr. Domingos Pereira tem andado .pelo alto Mi-.nho levando a benção divina para a direita e para a esquerda.

Por consequência, estou à espera da sua acção e estou cheio, de desejo de o aplaudir deste meu lugar, em matéria religiosa.

Espero que*S. Ex.a, com o seu espírito esclarecido, terá compreendido que a liberdade religiosa deve afirmar-se -tal como ela deve ser, e sem sofismas.

Sou monárquico, mas serei o primeiro a fazer-lhe os meus elogios e até se for preciso apresentar uma moção de confiança, não terei dúvida em a apresentar, caso a sua obra corresponda ao que espero.

Mas se S. Ex.a começar a fazer política jacobina, daqui hei de protestar, quer me ajude ou não, o Sr. cónego Dias de Andrade. •

Uma outra questão muito importante existe 6'para ela chamo a atenção do Governo.

É a questão tributária.

Nós estamos num momento gravíssimo.

A incúria e a falta de sentimentos de Governos anteriores, arranjaram formas de tributação que- são hoje perfeitamente incomportáveis com a propriedade, com a indústria e com o exercício de qualquer profissão.