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666 ACTAS DA CÂMARA CORPORATIVA N.º 65

sonalidades nacionais. Na verdade, será difícil encontrar igual cadeia de servidores da Nação que começa na figura cheia de austeridade do general Eduardo Marques e passa pelo nome, que não se pode pronunciar sem saudade, do Prof. Doutor Fezas Vital - minhoto como eu -, esse cavaleiro dos grandes ideais, esse grande servidor de nobres sonhos, do egrégio Prof. Doutor José Gabriel Pinto Coelho, cujo nome só por si é uma bandeira de portugalidade, e a terminar na figura prestigiosíssima do actual Ministro da Presidência, de quem um dia ouvi dizer com a maior propriedade: «Todos os portugueses deviam agradecer a Marcelo Caetano, reconhecidamente, haver ele consentido que a sua alta inteligência e o seu vastíssimo saber tivessem sido colocados ao serviço do comum, para proveito de todos nós».

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: cumprido este grato dever desejo que fique aqui Consignado o meu desacordo quanto à forma como é feita a representação dos municípios dentro desta Câmara e ainda, se me é permitido, quanto aos horizontes limitados que são impostos a essa representação.
Na verdade, quanto à primeira parte, não me parece que haja qualquer afinidade de interesses, por exemplo, entre os municípios de Évora, Gondomar, Coimbra, Cascais e Braga, para falar de alguns dos chamados municípios urbanos cuja representação me foi confiada, ou entre Viana do Castelo, Valpaços, Arouca, Vila do Conde e Oliveira de Azeméis. Parecia-me que seria muito mais lógica a representação provincial - pois há indiscutivelmente uma maior afinidade - e muito mais significativo e legítimo que a representação não fosse feita através da eleição entre os presidentes dos municípios, ainda de nomeação governamental, mas por livre eleição dos vereadores eleitos, verdadeiros representantes das pequenas repúblicas locais.
Sr. Presidente e Dignos Procuradores: se, na verdade, queremos garantir aquele mínimo de liberdade, sem a qual a vida perde todo o seu encanto, se, na verdade, desejamos pôr um dique à tendência do Estado, tendência que se verifica em todo o inundo, para tudo dominar e absorver, temos que nos refugiar na corporação municipal, tão tradicionalmente portuguesa, temos que fazer florescer as liberdades municipais e dar a essa velha instituição um papel primacial na vida do País.
E no município que os povos encontram ainda o melhor agasalho para as suas necessidades, a melhor compreensão para os seus interesses, a melhor garantia de que não será tudo esquematicamente rasourado.
Quanto à segunda parte, seja-me permitido sugerir que os homens dos municípios sejam chamados com mais frequência a opinar na feitura das leis, para que estas tenham em conta os pequenos nadas, as pequenas coisas que muitas vezes, por desconhecidas, fazem com que as leis não traduziam o pensamento do legislador, e, longe de servirem as gentes, as infelicitam, como tão frequentemente sucede, como tantas vezes vemos.
E a propósito, e ainda, manifesto a minha estranheza pelo facto de a secção de Autarquias locais não ter sido chamada, como devia, na minha opinião, a intervir na discussão das últimas disposições governativas sobre o problema hoteleiro, de tanto e tão candente interesse local, e problema para o qual o Governo, e muito bem, quis chamar à colaboração as câmaras municipais.
Sr. Presidente e meus senhores: todos os anseios que acabo de exprimir não são mais do que o eco de anónimos servidores do regime como eu, que ardentemente desejam se prossiga em ritmo acelarado na estruturação do mesmo, esperança que agora é mais viva ao ver ocupar a pasta das Corporações, quem pela obra que
noutro sector já realizou com frutos visíveis, é disso garantia. Estruturar o regime é fazer com que esta hora de paz renovadora que vivemos continue para além da nossa existência, é fazer com que o futuro seja maior do que o presente e as inquietações de muitos desapareçam.
Falei sem outra autoridade que não seja a da representação que me está confiada e ainda a da representação especial que tenho daquela velha cidade de Braga, cidade mãe de Portugal, onde repousam as cinzas do conde D. Henrique e de D. Teresa - onde o Exército desencadeou a Revolução Nacional, «triunfante sem luta, gloriosa sem sangue, porque na verdade a voz de comando foi apenas a expressão militar de uma ordem irresistível da Nação».
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Cabral de Mascarenhas: - Sr. Presidente: não é sem emoção que pela primeira vez me permito usar da palavra nesta sala, pela qual durante um século passaram figuras de tão elevado destaque na vida nacional, homens públicos contemporâneos tão eminentes, outros do passado, que se comemoram por esse País em ruas, avenidas, parques, em bronzes, mármores e granito, oradores notáveis e que ainda agora, ao relerem-se os seus discursos, se admira a sua erudição, eloquência e elegância da frase.
Mas, permitindo-me usar desse direito, as minhas primeiras palavras são para saudar e me associar às justas homenagens por V. Ex.ª prestadas aos Srs. Doutor Marcelo Caetano, anterior presidente desta Câmara, e ao novo Digno Procurador João Pinto da Costa Leite (Lumbrales), duas individualidades de incontestável valor e destaque na vida nacional, dois professores eminentes e irmanados nas suas concepções políticas e que se completam e vivem o mesmo ambiente de fé inquebrantável nos destinos da Nação sob a égide corporativa, que tão persistente e dedicadamente servem com a sua inteligência e patriotismo.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: se fosse possível existirem partidos políticos nesta Câmara e na estrutura política da Nação, afirmaria a V. Ex.ª que me encontrava aqui enquadrado no partido agrário.
Mas, mesmo sem que tal seja admissível, direi que, como agrário, aqui me encontro e em representação de um organismo corporativo primário - grémio da lavoura - me foi dada a honra de a esta Câmara pertencer.
E se me permite usar da palavra, sómente uma finalidade me anima - a de oferecer a V. Ex.ª, em nome da lavoura que represento, aquela colaboração sincera, elevada, sem subtilezas, franca, como é apanágio das gentes dos campos.
Sr. Presidente: ao fazer perante V. Ex.ª uma afirmação de fé nos destinos da Nação, dentro da sua estrutura actual, afirmarei que não haverá sector da vida económica portuguesa em que com mais ansiedade se aguarde a evolução da organização corporativa e, complementarmente, a cooperativa.
A lavoura portuguesa quer e deseja definitivamente organizar-se corporativamente.
A sua natural dispersão, origem de tantas incompreensões do seu verdadeiro sentido económico e social perante o interesse nacional, tem nesta concepção política a única defesa.
É com ansiedade que os grémios da lavoura do País esperam essa evolução.