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664 ACTAS DA CÂMARA CORPORATIVA N.º 65

O Orador: - Pessoalmente, desde os bancos da Universidade me habituei a admirar o brilho da sua inteligência, a (profundidade do seu saber e as suas qualidades de carácter.
Nunca deixei de me considerar seu discípulo e tive a felicidade de pela vida fora, continuar a manter com ele um contacto que mie permitiu seguir o seu ensino, já não nas prelecções magistrais, que eu e os da minha geração lhe ouvimos na velha casa do Campo de Sant'Ana, mas colhido no seu exemplo sempre irrepreensível.
Aceitando novas responsabilidades S. Ex.ª apenas continuou o seu magistério, dando-nos de novo um alto exemplo de devoção pela causa pública.
Também não quero deixar passar esta oportunidade de manifestar o quanto mie desvanece e honra colaborar nas tarefas da Câmara Corporativa.
O meu modesto contributo para a obra comum tem sido abundantemente remunerado pelas lições de saber e experiência que o convívio na Câmara me tem permitido receber.
Sr. Presidente: ao pedir a V. Ex.ª que me concedesse alguns minutos para falar nesta sessão a minha intenção foi vincar, em breves palavras, o alto significado de um acontecimento da vida pública portuguesa ocorrido entre o termo da sessão legislativa anterior e a que hoje se inicia.
Refiro-me à visita de S. Ex.ª o Presidente da República às províncias ultramarinas de Cabo Verde e da Guiné.
Na primeira sessão plenária da sessão legislativa anterior teve a Câmara ocasião de se congratular com facto semelhante - a visita do Sr. General Craveiro Lopes a S. Tomé e Príncipe e a Angola.
Nova visita se anuncia já a outras províncias ultramarinas.
Estas viagens entraram, portanto, nos hábitos da vida nacional. A frequência não diminui, porém, a sua importância, antes lhes dá .maior realce, demonstrando como a unidade definida na lei suprema da Nação não é simples fórmula vazia de sentido e está profundamente radicada nos factos.
O Chefe do Estado quando visita qualquer das parcelas do território nacional, seja qual for a sua localização geográfica, limita-se a desempenhar uma função normal do seu .alto cargo e aquela que certamente lhe é mais grata: visitar o seu povo, auscultar os seus anseios e esperanças, receber dele a afirmação da sua devoção à Pátria, afirmar com a sua presença a unidade indestrutível da Nação.
É esta a consoladora lição a extrair dos factos.
Na confusão de ideias e sentimentos que conturbam tão dolorosamente o mundo dos nossos dias é caso singular o de um país, que não se distingue nem pelas riquezas, nem pela força material, poder mostrar-se como exemplo de paz e de tranquilidade, mantendo-se Ião profundamente unido, apesar da dispersão geográfica dos seus territórios e da variedade étnica da sua população.
É que nas suas jornadas pelo Mundo Portugal foi sempre e acima de tudo o grande difusor do ideal de fraternidade humana, que colheu nos preceitos do Evangelho.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Por isso soube chamar a si os povos com que no decurso da sua história foi entrando em contacto, fazendo de cada um dos seus elementos um amigo e um irmão.
Por isso, hoje, no território português da Europa à Oceânia só há portugueses, superada como foi a diversidade de raças pela comunidade de cultura e de sentimentos que esses são profundamente portugueses.
O carinho e o entusiasmo das manifestações que por toda a parte acolheram o Sr. General Craveiro Lopes, nesta como na viagem anterior, foram a natural expressão destes sentimentos, mas, falta imperdoável seria não o assinalar, foram também a afirmação do reconhecimento dos Portugueses do ultramar pela elevação e dignidade, pelo aprumo, exemplar com que S. Ex.ª tem exercido o mandato que ,a Nação lhe confiou.
Eram Portugueses a aclamar o seu Chefe de Estado, eram Portugueses a proclamar, perante o mais alto magistrado da Nação, o seu amor e a sua fidelidade a Portugal.
Mas eram também Portugueses que agradeciam ao homem que tem sabido exercer tão superiormente a sua alta magistratura.
Sr. Presidente e Dignos Procuradores: a Câmara Corporativa, em que têm assento os representantes de todas as actividades da Nação, não podia ficar indiferente perante a transcendência do acontecimento.
Por isso, certo de interpretar os sentimentos e de exprimir a vontade de todos os Dignos Procuradores, pedi a palavra, não para me congratular com o êxito da viagem, que esse, conhecidos como são os sentimentos das populações do ultramar, estava de antemão assegurado, mas para registar o acontecimento e para agradecer ao Sr. Presidente da República o mais uma vez ter prestado ao País o alto serviço de levar aos Portugueses do ultramar o estímulo da sua presença, uma vez mais mostrando ao Mundo que Portugal é europeu e extra-europeu, mas um só, e mais uma vez também dando aos Portugueses a visão orgulhosa e consoladora da grandeza da Pátria.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Quirino Mealha: - Sr. Presidente: começo por saudar V. Ex.ª e, se constitui unia atitude de praxe nesta Casa, torno-a gostosamente, não só pela vénia devida à dignidade das funções em que se encontra investido, como por impulso dos meus sentimentos de apreço e reconhecimento pela valiosa inteligência posta ao serviço do equacionamento de alguns dos nossos grandes problemas, especialmente o fomento da riqueza nacional no que diz respeito ao desenvolvimento da electricidade.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Habituado a ver nesse lugar o grau de doutrinador e estadista Prof. Doutor Marcelo Caetano, deparo com a sua presença espiritual para lhe render as minhas mais sinceras homenagens. Nestas vai toda a aninha, admiração pela sua magistral presidência a conduzir a evolução desta Câmara, cada vez anais prestigiada na alta representação dos diversos interesses nacionais.
O valor da sua forte personalidade leva-nos a esperar, com entusiasmo, que em Ministro da Presidência, junto, portanto, da fonte do ideal corporativo, fará reacender os espíritos para uma actuação renovadora que melhor ajude o chefe a prosseguir no engrandecimento da Pátria.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Aos Dignos Procuradores as minhas saudações, e tanto mais profundas quanto é certo sentir o prazer de reavivar a mocidade, saudosa, na continuação das lições dos meus melhores mestres de Direito aqui presentes.