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ACTAS DA CÂMARA CORPORATIVA N.º 120 1316

tro desportivo entre grupos de valor proporciona; mas prejudica-se o número dos efectivos praticantes de desporto, pois só o escasso grupo dos muito hábeis toma parte no torneio, para divertimento e emulação de todos. No desporto universitário em sentido restrito, pelo contrário, consegue-se interessar nas práticas desportivas um número avultado de estudantes, formando tantos grupos competidores quantos se queiram (por Faculdades ou escolas, por anos do curso, por turmas, por colégios ou residências, etc.); mas, em compensação, o baixo nível técnico da generalidade desses grupos e o círculo restrito em que se desenrola o torneio ou campeonato fazem perder todo o interesse dos encontros como espectáculos capazes de proporcionar proveitoso divertimento aos que têm de limitar-se a assistir.
Dizer que ambos estes sistemas têm vantagens e inconvenientes é o mesmo que condenar qualquer solução rígida que pretendesse preferir totalmente um deles em prejuízo do outro. São dois sistemas que estão destinados a completar-se mutuamente, porque ambos têm uma função específica a cumprir no plano educativo, e só pela sua aplicação conjunta poderá cada um deles suprir os defeitos que o outro isoladamente oferece.

16. Dos dois sistemas apontados, o que tem mais fundas tradições entre nós é o primeiro. Tem encontrado nas associações de estudantes - especialmente na Associação Académica de Coimbra- o seu mais fiel intérprete.
Desde que o desporto de competição começou a criar adeptos em Portugal, imediatamente os estudantes universitários começaram a organizar os seus grupos desportivos. Data de 1901 a construção do primeiro campo de ténis da Associação Académica de Coimbra e de 1902 a autorização camarária para a construção de um campo de jogos atléticos (na Quinta de Santa Cruz), projecto que só quinze anos mais tarde viria a ter realização; e datam de 1906 as primeiras notícias sobre a prática do futebol por parte da mesma Associação, com um grupo formado de estudantes universitários e outro de estudantes liceais.
Este desporto de competição foi sempre orientado no sentido da participação em torneios ou campeonatos com grupos desportivos estranhos à Universidade e ainda hoje reveste predominantemente esta feição. Só a título esporádico, por ocasião da «Queima das Fitas» ou de outras festa de estudantes, costuma a Associação Académica de Coimbra organizar jogos ou torneios entre várias turmas escolares.
Na esteira da Associação Académica de Coimbra, outras associações de estudantes posteriormente constituídas, especialmente em Lisboa, organizaram os seus grupos desportivos com vista à competição com agrupamentos estranhos. Funcionando no âmbito restrito e uma escola - e, portanto, sem as facilidades de recrutamento que a Associação Académica de Coimbra possuía -, enveredaram cara a prática de modalidades desportivas de menor aceitação do grande público, em cujo sector lhes era mais fácil marcar uma posição de relevo. E algumas de entre elas conseguiram, de facto, imprimir elevado nível técnico à prática de certos desportos, como a Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico, no domínio do voleibol, a dos Estudantes de Agronomia, no domínio do râguebi, e os estudantes do Porto, no domínio do andebol.

17. O desporto de competição no restrito domínio universitário é de criação mais recente e representa uma das facetas mais importantes e de maior projecção da actividade dos Centros Universitários da Mocidade Portuguesa e da Inspecção do Desporto Universitário da mesma organização, que nessa actividade superintende. À custa de muito esforço e persistência -e de não menor dispêndio de dinheiro - tem-se conseguido organizar regularmente todos os anos em Coimbra, Lisboa e Porto campeonatos atléticos e desportivos entre as várias Faculdades e escolas superiores; e já por várias vezes se fez culminar a realização destes torneios locais com a organização de campeonatos nacionais universitários.
A Organização Nacional Mocidade Portuguesa tem conseguido dessa maneira fazer interessar na prática efectiva do desporto um avultado número de estudantes, que doutra maneira teria ficado no simples número dos espectadores; e conseguiu já, em 1955, pela primeira vez nos anais do desporto universitário, enviar uma luzida representação portuguesa a um torneio desportivo internacional de estudantes universitários - representação que só não obteve melhores resultados devido ao facto de vários países terem recrutado os seus representantes, por muito que isto custe a crer, entre profissionais do desporto absolutamente estranhos à Universidade.
Quando se tem perfeito conhecimento do que tem sido a obra dos Centros Universitários da Mocidade Portuguesa e da Inspecção do Desporto Universitário neste domínio, de há mais de dez anos a esta parto, fica-se atónito ao ler, numa das representações enviadas ao Sr. Ministro da Educação Nacional, a propósito do Decreto-Lei n.º 40 900, que as associações de estudantes, «no aspecto desportivo, sem condições e por sua iniciativa, contribuíram exclusivamente para o que hoje existe de desporto universitário». Só por manifesta leviandade -pois não se acredita em má fé- pôde ser feita tal afirmação.

18. Apesar de terem desenvolvido a sua actividade de começo no puro domínio do desporto universitário, os Centros Universitários da Mocidade Portuguesa foram forçados a reconhecer desde cedo a necessidade de alargar o seu campo de acção à competição desportiva entre os grupos escolares e os demais agrupamentos que se dedicam à prática das mesmas modalidades de desporto.
Verificou-se, na verdade, o que já acima foi registado quanto às vantagens e inconvenientes do desporto restritamente universitário: o que o sistema ganhava em número de efectivos praticantes perdia em interesse lúdico para a generalidade dos estudantes que não sentem vocação desportiva mas amam o desporto como espectáculo, que lhes permite um são derivativo das suas ocupações intelectuais. E foi-se, como tudo aconselhava, para a boa solução de congraçar este sistema com o da participação das turmas escolares em campeonatos regionais ou nacionais das várias modalidades desportivas.
Nesse sentido se formou em Lisboa, na dependência do Centro Universitário da Mocidade Portuguesa, um Centro Desportivo Universitário de Lisboa (C. D. U. L.), e se criou no Porto um centro congénere (C. D. U. P.), também na dependência do respectivo Centro Universitário. Em Coimbra, dadas as tradições da Associação Académica no domínio do desporto de competição em torneios regionais e nacionais, não se viu necessidade de criar um centro desportivo com as mesmas características; mas o Centro Universitário da Mocidade Portuguesa, dentro da orientação indicada, inscreveu-se como tal nas associações e federações desportivas de várias modalidades, passando a participar nos respectivos campeonatos regionais.

19. Assim se chegou empiricamente - mas à custa duma larga experiência de muitos anos - a um estado de coisas equilibrado e sensato, em matéria desportiva,