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3 DE DEZEMBRO DE 1968 1869

d) Quanto à taxa de cobertura cambial dos meios totais de pagamento - um dos indicadores da solvabilidade exterior da moeda nacional -, manteve-se sempre acima dos 34 por cento ao longo de todo o período considerado, descendo um pouco entre 1965 e 1966, recuperando em 1967 e baixando novamente no 1.º semestre de 1968, para se situar no mesmo nível que se verificara no final de 1968 (84,3 por cento).
Analisando agora as variações dos meios de pagamento e seus factores, notava-se, em primeiro lugar, que a expansão do stock monetário global prosseguia em 1967, posto que por forma ligeiramente menos sensível do que no ano precedente (11,3 por cento em 1966 e 11,1 por cento em 1967). Mas, ao passo que a maior parte do acréscimo verificado em 1966 respeitara aos meios imediatos de pagamento (principalmente depósitos à ordem e outras responsabilidade à vista), em 1967 o aumento dos meios quase imediatos de pagamento excedeu o dos meios imediatos, levando a crer numa transformação quantiosa de depósitos & ordem em depósitos a prazo, especialmente depois dos ajustamentos na estrutura das taxas de juro promulgadas em Setembro desse ano.
Quanto aos principais factores das indicadas variações, cabe referir que o valor das reservas cambiais líquidas teria subido em 1967 bastante mais do que no ano anterior (13,5 e 10,5 por cento), ao contrário do que, aparentemente, se haveria dado com os saldos do crédito bancário distribuído (13,3 e 7,5 por cento). Todavia, conforme se observou no último relatório anual do Banco Central, não se julga de admitir afrouxamento tão sensível no crescimento do dito crédito.

Na realidade, se se considerasse para os «Diversos factores monetários» uma variação em 1967 semelhante à registada em 1966 (uma diminuição à volta de 650 milhões de escudos, em vez do acréscimo de 3216 milhões) e se se atribuísse a diferença a operações de crédito, ultrapassar-se-ia em cerca de 500 milhões de escudos a queda do saldo da mencionada rubrica «Outras operações de crédito», dando uma laxa de aumento total do crédito da ordem dos 11,5 por cento, o que se estima mais em conformidade com a evolução, entre os referidos anos, do mercado monetário.

Pelo quadro n.º 48 anexo, conclui-se que a expansão dos meios totais de pagamento continuava no 1.º semestre do ano corrente a taxa ligeiramente superior (2 por cento), à do período homólogo de 1967 (1,7 por cento). Porém, na repartição do incremento do stock monetário global a variação entre os dois períodos foi muito significativa no 1.º semestre de 1967, a parte dos meios imediatos um tanto mais quantiosa que a dos meios quase imediatos, no 1.º semestre de 1968, uma contracção de quase 2970 milhões de escudos nos meios imediatos, contra um acréscimo de cerca de 5300 milhões nos meios quase imediatos. Pareceria, assim, que se estaria fazendo sentir uma descida de «preferência pela liquidez imediata» por parte do público, mas, dada a natureza que, na prática, assume a maior parte dos depósitos a prazo, principalmente nos bancos comerciais, a mudança do comportamento é apenas aparente, aliás, mesmo em economias de mercados do dinheiro mais evoluídos do que os nossos, a preferência efectiva pela liquidez imediata mantém-se bastante acentuada.
Relativamente aos principais factores da expansão dos meios totais de pagamento, avultaram, especialmente, os saldos do crédito bancário distribuído acréscimos de 2,5 por cento no 1.º semestre de 1967 e de 3,1 por cento em igual período do ano corrente. Atendendo, porém, aos considerandos antes expendidos sobre a evolução real em 1967 dos saldos classificados como «Outras operações de crédito bancário», julga-se de admitir que a taxa de incremento do crédito total outorgado pelo sector monetário terá decaído, continuando o movimento na segunda metade do ano, em virtude dos critérios mais estritos, que, na sua generalidade, as instituições de crédito aplicaram na apreciação das propostas de operações.

32. Para uma apreciação razoável da extensão e significado da evolução recente dos meios de pagamento e do crédito bancário, importará compará-la com a de outras variáveis globais.
Assim, confrontando os valores do produto nacional bruto a preços correntes de mercado com os do stock monetário (V. quadro n.º 49 anexo), nota-se que a relação (representando a chamada «velocidade-rendimento» do dinheiro ou coeficiente médio de transformação do dinheiro em produto), depois de decair em 1966 - o que se justifica pelo facto de o acréscimo do stock monetário ter ultrapassado o da produção global -, melhorou um tanto em 1967, mas sem atingir o valor de 1965 e continuando abaixo dos índices correspondentes a economias mais desenvolvidas do Ocidente. E da comparação entre as variações do dito produto nacional e do stock monetário ressalta uma melhoria sensível da relação entre 1966 e 1967 (relação essa que poderá interpretar-se como a produtividade marginal dos meios de pagamento), mas tal melhoria terá resultado mais da recuperação da actividade económica no ano passado do que do uso mais reprodutivo, por efeito de uma acção planeada, dos meios de pagamento existentes.
Com efeito, compare-se o comportamento da produção global de bens e serviços com o do saldo do crédito bancário distribuído, este constituindo, como se viu, um dos factores principais da expansão do stock monetário.
Certo é que, conforme se mostra no quadro n.º 50 anexo, a «velocidade-produto» do crédito bancário e a sua produtividade marginal cresceram no ano passado. Todavia, não pode esquecer-se o que antes se referiu sobre a variação do crédito bancário em 1967. Consequentemente, se aplicarmos o mesmo critério que no relatório do Banco Central se indicou, a produtividade marginal do crédito desceria de 2,824 para 1,832. Isto é, observar-se-ia ainda um acréscimo da relação, posto que muito menos sensível e justificável, mais pela expansão da produção global entre 1966 e 1967 do que, como adiante se evidenciará, pela melhoria da estrutura de distribuição do crédito bancário, com repercussões na sua produtividade.
E as conclusões anteriores sobre a reprodutividade dos meios de pagamento internos em circulação e sobre o crédito bancário distribuído afiguram-se inteiramente válidas para o ano corrente. Para tanto, conjugam-se diversos factores de ordem económica e de ordem monetário-creditória, que, por sobejamente conhecidos, dispensam comentários, mas que demonstram, pelo menos, que a solução não poderá residir numa acção de política monetária, seja pela adopção de uma política geralmente expansiva de crédito bancário, com largo apoio do Banco Central, seja pelo alargamento simples do campo operacional de determinadas categorias de instituições.

33. Passando à análise da situação das várias instituições de crédito, será de referir em primeiro lugar n caso do Banco de Portugal, cujas posições nos fins dos anos do 1965 a 1967 e dos meses de Agosto de 1967 e 1968 se apresentam no quadro n.º 51 anexo