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900 ACTAS DA CÂMARA CORPORATIVA N.° 74

É, porém, uma outra questão o saber se, e em que medida, as soluções propostas no projecto são as mais indicadas para se atingirem os objectivos anunciados.
Há que entrar na análise de cada uma daquelas soluções, em ordem a determinar se merecem igual aceitação.
Nisso consistirá a apreciação do projecto na generalidade.
Ao fazê-lo, a Câmara não poderá deixar de considerar o ensino projectado, não isoladamente, mas como um dos elementos do conjunto educativo em que se integra.

5. Já em mais de um ensejo e designadamente ao pronunciar-se sobre o II e o III Planos de Fomento a Câmara Corporativa emitiu incisivamente o seu parecer quanto à necessidade de incrementar a formação dos quadros técnicos de nível médio e, designadamente, quanto à situação do ensino industrial médio. Não deixa, aliás, o preâmbulo do projecto de referir essa insistente recomendação da Câmara Corporativa e de transcrever alguns passos mais significativos do mais recente dos pareceres em que o problema foi abordado.
É este indiscutivelmente um dos mais graves aspectos da organização do nosso ensino em relação às prementes solicitações económicas, e já se tornou um lugar comum afirmar que os insuficientes níveis médios da nossa instrução pública, especialmente a carência de técnicos de nível médio na indústria, é dos factores negativos que mais se fazem sentir e que mais directamente comprometem a, todavia, indispensável expansão do sector.
Haverá, sem dúvida, por exemplo, que prestar cuidadosa atenção a formação dos técnicos de engenharia formados pelos actuais institutos industriais, insuficientíssimos em número num país que tem extensos territórios a valorizar.
Em recente trabalho do Fundo de Desenvolvimento da Mão-de-Obra 3, faz-se a síntese de dados estatísticos disponíveis com vista à determinação das nossas necessidades de mão-de-obra instruída e qualificada, necessidades decorrentes do planeamento económico. Entre outros elementos reveladores de interesse e reflexão, apresentam-se os que exprimem os níveis de instrução, por categorias profissionais e por sectores de actividades.
O quadro I, adiante inserto, indica dentro de cada classe de profissões da população activa as percentagens dos subgrupos de níveis de instrução. Os dados globais foram extraídos do X Recenseamento Geral da População - 1960.
Não se deve esquecer que a distribuição estatística de uma população em classes e subclasses pode ser discutível e que em inquéritos a uma população numerosa existe o perigo de flutuações na distribuição das unidades contadas pelas classes escolhidas. Esta incerteza existe sempre em qualquer país e quaisquer que sejam os níveis cívicos e culturais das populações recenseadas.
As classes escolhidas foram, de acordo com a classificação internacional, as seguintes:

0 - Profissões científicas, técnicas, artísticas e afins;
1 - Directores e pessoal dos quadros administrativos superiores;
2 - Empregados de escritório;
3 - Comerciantes e vendedores;
4 - Agricultores, pescadores, caçadores e trabalhadores equiparados;
5 - Mineiros, operários de pedreiras e trabalhadores equiparados;
6 - Trabalhadores dos transportes e comunicações;
7/8 - Operários qualificados, especializados e indiferenciados;
9 - Trabalhadores especializados dos serviços, desportos e actividades recreativas;
10 - Pessoas com profissão mal definida;
11 - Forças armadas.

Basta ler as rubricas que servem de argumentos 4 a esta classificação para justificar os receios postos a possíveis deslocações de uma classe para outra, mormente quando ao inquérito se responde 'por simples devolução de questionários preenchidos.
Na feitura do quadro I seguiram-se as seguintes normas:
Segundo o recenseamento, havia em Portugal 3 315 639 pessoas que exerciam profissões (diga-se, entre parênteses, que 2 713 036 eram homens).
Dentro das profissões incluídas na classe 0 (zero) classificam-se 92 073 pessoas; nas profissões da classe 1 (um) ocupavam-se 42 798; etc., conforme se indica no seguinte quadro parcial:

[Ver quadro na imagem]

Dentro de cada uma destas onze classes de distribuição, inquiriu-se do nível de instrução, aceitando os seguintes grupos e subgrupos:

A - Os que nunca frequentaram qualquer escola:
Este grupo subdividiu-se em dois subgrupos:
A' - Os analfabetos;
A" - Os que aprenderam a ler fora da escola e sabem ler.

B - Os que exercem uma profissão e ainda frequentavam uma escola.

C - Aqueles que, exercendo uma profissão, possuem um diploma:
C' - De ensino primário;
C" - De ensino secundário (que tinham também um diploma de ensino primário que não se leva em conta em C');
C''' - De ensino superior (que tinham também diplomas dos ensinos primário e secundário não levados em conta em C e C").

Dentro deste critério de classificação, verificaram-se as percentagens destes grupos e subgrupos em relação aos totais de cada classe. Assim, dentro dos 92 073 indivíduos

3 Cf. Recursos Humanos em Portugal, por Mário Murteira, Isilda Matos e Acácio Catarino (caderno n.° 81, editado pelo Fundo de Desenvolvimento da Mão-de-Obra - 1969).
4 A palavra "argumento" tem aqui o significado da notação estatística de "designação das cabeças das colunas ou das linhas.