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15 DE JULHO DE 1971 901

que exercem profissões da classe 0 (profissões cientificas, técnicas, artísticas e afins) 472 eram (em 1960) analfabetos, o que corresponde a 0,5 par cento do total 92 073; 6419 nunca haviam frequentado a escola, mas sabiam ler, o que corresponde a 7,0 por cento do mesmo total 92 073. E assim sucessivamente, obtendo-se o seguinte quadro parcial de percentagens em relação ao total de cada classe:

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Para todas as classes e dentro de cada classe de profissões se determinaram percentagens análogas que constituem o

QUADRO I

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Em relação ao total da população activa, as percentagens par níveis de instrução seriam:

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Publica-se, no final do parecer, o anexo A em que se encontram agrupados todos os quadros parciais e o quadro I.
O exame deste quadro I torna perplexos tantos quantos vibraram com a campanha de alfabetização levada a efeito desde 27 de Outubro de 1952.
Para eles é incompreensível que no ano de 1960 mais de 30 por cento dos trabalhadores portugueses fossem analfabetos e cerca de 59 por cento nunca tivessem frequentado a escola.
É evidente que os resultados benéficos da chamada "Campanha contra o analfabetismo", desencadeada pelos pretos daquela data, ainda não se podiam reflectir nos anos referentes aos níveis culturais da população activa. No entanto, as percentagens acima são impressionantes e desoladoras.
Outros aspectos que parecem estranhos: os das peritagens referentes à classe 1 que têm a designação directores e pessoal dos quadros administrativos superes", que engloba 42 798 indivíduos.
Pelo quadro I, se verifica que 3,3 por cento deste total de dirigentes de empresas (exactamente 1426 pessoas) são analfabetos; 13 713 pessoas dirigentes (ou seja 32,1 por cento do total) sabem ler, mas não frequentaram qualquer escola; 0,7 por cento frequentam uma escola; 39,6 por cento (ou sejam 16 953 pessoas) têm apenas o diploma primário; 18,5 por cento têm o diploma secundário, e apenas 5,8 por cento têm um diploma superior.
Todas estas percentagens devem, porém, ser tomadas no seu verdadeiro significado, que diverge bastante do que lhe poderia ser atribuído por quem se fiasse na acepção coerente das palavras que classificam a rubrica. À ideia de director de empresa liga-se vulgarmente a noção de um dirigente de unidade de certa envergadura, responsável pela gestão de interesses consideráveis. Ora, segundo os dados referidos ao ano de 1964, somente 2 por cento das nossas empresas tinham ao seu serviço mais de 100 empregados. A grande maioria, era constituída por pequenas unidades, cujo proprietário ou sócio marcante, para efeitos de classificação estatística adoptada, ó um director ou um dirigente administrativo do quadro superior. Todavia as suas funções directivas mal se distinguem muitas vezes das dos seus empregados. Em muitos casos, o designado como dirigente é apenas um capataz.
Não obstante estas reservas, suficientes para retirarem aos dados estatísticos o seu aparente- carácter catastrófico, a indicação ó válida no sentido de comprovar que grande parte da actividade económica nacional está, geralmente, a cargo de pessoas com insuficiente nível de instrução, de que resulta o inevitável e desfavorável repercurso na expansão e actualização das pequenas e médias empresas.
Note-se ainda (e isso pode parecer sintomático!) que nos níveis de instrução não se levaram em conta os diplomados pelo ensino médio.

6. Este quadro I merece mais completa análise.
Antes de mais, devem-se exprimir fundadas esperanças de que durante o decénio intercensual que terminou no fim de 1970 se tenham feito sentir os efeitos da generalização do ensino primário, com consequente diminuição das elevadas percentagens dos iletrados e dos que, embora sabendo ler, não tinham podido completar qualquer grau de ensino.
Há, efectivamente, a lembrar que em redor do ano de 1960 conseguiu-se que perto de 98 por cento das crianças metropolitanas em idade escolar se matriculassem na escola primária, o que corresponde teoricamente à eliminação do ausentismo escolar, flagelo que atormentou o País durante mais de um século e foi então, ainda que não em definitivo, debelado.
É necessário porém que o espírito de campanha contra o analfabetismo não afrouxe, a fim de se anularem as várias causas que, independentemente dos esforços dos Serviços, podem determinar que o recenseamento escolar não abranja todas as crianças e que nem todas as matriculadas tenham, por falta de professores ou de instalações, leccionação ou leccionação adequada.
Feito este pequeno apontamento de passagem, é alarmante ainda o facto de os dispositivos escolares destinados à formação técnica e profissional não terem registado qualquer alteração na sua estrutura fundamental. Tal realidade não autoriza a prever modificações radicais no que diz respeito a pessoal com formação técnica. As dificuldades são muito grandes nas actividades industriais e das artes mecânicas. É efectivamente chocante que apenas 146 865 dos 3 315 639 indivíduos que exercem actividades profissionais (4,4 por cento) possuam um diploma secundário, com a agravante de se incluírem