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1202 ACTAS DA CÂMARA CORPORATIVA N.° 94

Tonéis
1690-1692 ................ 10 131
1693-1695 ................ 21 637
1696-1698 ................ 15 499
1699-1701 ................ 23 868
1702-1704 ................ 24 693

«Foram, portanto, as consequências adversas à importação dos vinhos franceses na Grã-Bretanha que constituíram a estrada de acesso a importação dos nossos vinhos, dos quais o vinho da região duriense depressa se destacou pelas suas qualidades intrínsecas depois de convenientemente desenvolvidas pela adopção de uma técnica enológica apropriada, para a qual muito contribuiram os próprios comerciantes britânicos que se vieram estabelecer entre nós.»31
Datam dessa época firmas como C. N. Kopker & Co., Warres & Co. (1670), Croft & Co. (1678) e Taylor, Fladgate & Yeatman (1692).
O Tratado de Methuen, assinado em 27 de Dezembro de 1703, entre Portugal e a Grã-Bretanha, alvo das mais diversas interpretações a, liga-se a sorte dos vinhos portugueses.
Segundo Dupeyron, o negociador inglês do Tratado, John Methuen teria exprimido nestes termos, aos Ministros Portugueses, a sua filosofia:

Vistam as nossas fazendas e nós bebemos o vosso vinho.

Três artigos apenas, dos quais o terceiro é pura formalidade protocolar, fazem deste pacto um modelo de concisão.
0 Governo Português obrigou-se, nos termos do primeiro artigo, a «admitir para sempre, daqui em diante, no reino de Portugal os panos d& la e miais fabricas de lanifícios de Inglaterra, como era costume até ao tempo em que foram proibidos. pelas leis».
O Governo Inglês comprometeu-se, pelo segundo artigo, a «admitir na Grã-Bretanha os vinhos do produto de Portugal, de sorte que em tempo algum (haja paz ou guerra entre os reinos de Inglaterra e de Franga) não se poderá exigir direitos de alfândega nestes vinhos [...], directa ou indirectamente mais que o que costuma pedir para igual quantidade de vinho de Franca, diminuindo ou abatendo uma terça parte do direito do costume.
Se em qualquer tempo este abatimento de direitos fosse por alguma forma infringido e prejudicado, poderia o Governo Português, legitimamente, proibir de novo a importação dos panos ingleses.
«O vinho português começou por constituir um bom frete de retomo pana os barcos ingleses que frequentavam Portugal (que, mesmo assim, regressavam com frequência vazios) e que, naturalmente, só fariam essa viagem se ela constituísse ou envolvesse negócio: quanto melhor e mais segura venda tivesse o vinho português, miais rendosas se tornariam as viagens inglesas a Portugal. Ganhando na venda dos seus tecidos, ganhavam com a carga de regresso.»33
A exportação de vinho do Porto em médias anuais por decénio teve, entretanto, a seguinte evolução:

Número de pípas
1698-1707 ................ 7 188
1718-1727 ................ 17 692
1748-1757 ................ 15 967
1758-1767 ................ 19 388

A expansão da cultura da vinha arrastou uma quebra de preço do vinho: os preços por pipa, que chegaram a 60$, já 60$ 1731 andavam à roda de 48$, para não passarem de 6$ a 7$ no tempo do Marques de Pombal.
Quais as consequências do Tratado de Methuen?
Eis o depoimento de Damião Peres, na Historia de Portugal:

Das vantagens iniciais, traduzidas no aumento das exportações de vinhos e na alta dos seus preços, advieram depois graves prejuízos, em grande parte explicáveis pelos defeitos da gente portuguesa em matéria de actividade económica. A intensificação da viticultura, tão útil quanto ao Douro por tornar ricas algumas extensas áreas até então de escasso ou nulo rendimento, não tardou que fosse desordenadamente feita, criando cima nova crise, quiçá mais grave que a anterior ao tratado. Crescendo muitíssimo a produção de vinhos, caíram os preços, e ao mesmo tempo, invadindo a vinha terrenos mais próprios para a cultura de cereais, agrava-se, ou pelo menos mantinha-se, com prejuízo da Nação, o deficit da produção cerealífera.
Este mal foi desde cedo reconhecido; em 1709, escrevendo ao conde de Viana, José da Cunha Brochado ja o apontava [...]. Contudo não se procurava atalha-lo então, apesar de estarem dentro da corrente dominante, de uma economia oficialmente dirigida, quaisquer medidas de limitação opostas ao puro arbítrio dos viticultores. D. João V deixou, porem, em aberto este problema; de modo que só o marques de Pombal - brutalmente, como era seu costume - veio a tentar modificar o desequilíbrio da distribuição das cul-

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33 Dicionário da História de Portugal, cit., vol. III, p. 50.
34 Dicionário da Historia de Portugal, cit., vol. IV, pp. 316-317.
Transcreve-se do trabalho, já citado, de Jaime Lopes de Amorim (in Anais do Instituto do Vinho do Porto, 1942, vol. I, p. 14), o seguinte passo:

O consumo do vinho do Porto na Grã-Bretanha não aumentou substancialmente muitos anos após a assinatura do Tratado de Methuen, na primeira metade do século XVIII (Enciclopédia Britânica, vol. 23, p. 656), porque ele pouco tinha que o recomendasse a não ser o seu baixo preço (André Simon, Wine and the Wine Trade, p. 11).
Porém, durante a segunda metade do referido século, o consumo dos vinhos franceses diminuiu rapidamente, em virtude da sua excessiva tributação aduaneira, e, por outro lado, melhorou tanto a qualidade do Porto que o consume deste aumentou de 40 por cento da totalidade dos vinhos consumidos no fim de século XVII para 72 por cento no fim do século XVIII (Enciclopédia Britânica, vol. 28.°, p. 656).
Este aumento de consumo e melhoramentos de qualidade do vinho do Porto ocasionou uma elevacao gradual doa seus preços, até que a sua superioridade sabre todos os outros vinhos se tornou parte essencial do credo de todos os verdadeiros e sinceros ingleses (André Simon, Wine and the Wine Trade, p. 11).

35 Edição de Barcelos citada, vol. VI, p. 405.

31 «Declínio do vinho do Porto como produto de exportação depois da ultima guerra mundial», pelo Instituto do Vinho do Porto, in Jornadas Vinícolas, 1962, vol. v, p. 61.
A designação «Porto» foi empregada pela primeira vez, pelo menos de que se tem conhecimento, no alvará com força de lei de 21 de Julho de 1807, pelo qual se concedia a Junta da Administração da Companhia das Vinhas do Alto Douro o privilégio de vender engarrafados os vinhos denominados «do Porto» para evitar a falsificação de que nesse tempo eram objecto.
32 Cf., por exemplo, A. Guerra Tenreiro, «Douro. Esboços para a sua história económica», in Anais do Instituto do Vinho do Porto, 1942, vol. 1.°., pp. 235 e segs.; idem, 1943, pp. 19 e segs.; idem, 1944, pp. 3 e segs.