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22 DE JANEIRO DE 1942 93

eloquentes dos dois representantes da agrando família lusitana»!
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Joaquim Saldanha: - Sr. Presidente: também me associo às palavras oportunas e nobres que V. Ex.ª proferiu a respeito do sacrifício e anuência do Sr. Presidente da República prestando-se a ser novamente eleito. Eu, que assinei já a propositura da sua candidatura, considero esse acto como um dos mais felizes da minha vida cívica de português.
Desejo referir-me hoje a um facto ocorrido há semanas, depois da. última sessão, que na aparência pode alguém considerar de pequena importância, mas que, pelo seu significado e pelos aspectos inéditos que oferece, merece registo na vida desta Assemblea.
Quero referir-me à viagem súbita, quási imprevista, resolvida de um momento para o outro, de S. Ex.ª o Ministro das Colónias às nossas províncias ultramarinas da Guiné e de Cabo Verde.
Disseram os jornais que essa viagem fora reclamada por um problema agudo de subsistências na nossa colónia do Cabo Verde.
Tem aspectos inéditos para a administração pública em Portugal o facto de um Ministro se deslocar num avião para as nossas províncias ultramarinas, a fim de solucionar um problema de administrarão pública. É um tacto que merece registo.
O facto de o resolver com a rapidez e prontidão que todos notaram é também digno de assinalar. E a solicitude com que S. Ex.ª pondo de parte as férias do Natal, as festas da família, os incómodos e o risco da viagem, em vez de se fazer substituir por um delegado seu, ou em vez de incumbir os respectivos governadores de resolverem a questão, é outro facto a que não estamos habituados, que deve pôr-se em relevo. Não hesitando em sacrificar o aconchego do lar e a comodidade da sua casa, para seguir num avião e. pessoalmente, ir resolver, não só os problemas que reclamavam a sua presença, mas também auscultar as necessidades locais e ouvir as reclamações mais instantes tia população revelou bem o vivo interesse, o amor e o carinho que o Sr. Dr. Vieira Machado dedica às nossas colónias.
A simplicidade e facilidade com que S. Ex.ª resolveu esta viagem é igual àquela com que os Ministros até aqui se deslocavam para qualquer ponto do continente a estudar os problemas locais. Esta viagem consagra o princípio, tantas vezes repetido, mas que convém sempre realçar, de que qualquer parcela do nosso território do ultramar tem a mesma importância que igual parcela do território continental. De facto, qualquer ponto do nosso Império Colonial está nas mesmas condições para a metrópole como qualquer província do continente como o Minho, o Douro, o Alentejo, etc. - está para Lisboa.
S. Exa., tomando a iniciativa de aproveitar um avião para ir às colónias acudir a uma crise de subsistências, consagrou esse princípio nacionalista, que não é só para os estrangeiros verem, mas também para os portugueses que lá vivem o sentirem.
Faço votos por que ele se repita com frequência, porque essas visitas, principalmente dos nossos homens do Governo às colónias, imo só acrisolam a estima das mesmas ao continente, mas animam a energia das gentes portuguesas que mourejam nelas há longos anos, tantas vezes à custa de grandes sacrifícios.
Essa viagem, Sr. Presidente, teve outro aspecto. É que foi certamente o início de unia nova era de comunicações entre a metrópole e as colónias o de outras viagens que pelo mesmo processo se hão-de realizar, e do que há a esperar, necessariamente, grandes resultados para a vida do Império.
Estes factos constituem, a meu ver, mais um titulo de justo e elevado apreço a juntar à acção notabilíssima que o Sr. Dr. Vieira Machado, na pasta das Colónias, vem desenvolvendo nestes seis anos de Governo.
E já, Sr. Presidente, que tive de falar nesta viagem do Sr. Ministro das Colónias, permita-me V. Ex.ª que aproveite o ensejo para fazer um apelo ao Governo: êsse apoio diz respeito à realização do almejado projecto das carreiras aéreas paru as colónias, pedindo ele seja um facto dentro de pouco tempo. Este assunto das carreiras aéreas para as nossas colónias é hoje, mais do que nunca, uma questão quási vital, que está a ser reclamada por uma necessidade premente do nosso Império.
Todas as populações que vivem nas colónias anseiam por que as comunicações por via aérea sejam estabelecidas, dada também hoje a circunstância de as comunicações por via marítima serem difíceis e mais perigosas.
Será mais um grande serviço que o Império ficará devendo ao Sr. Dr. Vieira Machado.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Antunes Guimarãis: - Sr. Presidente: pedi a palavra para me referir ao momentoso problema do policiamento rural.
Mas permita V. Ex.ª que obedeça ao comando do meu coração associando-me às homenagens da maior veneração e profundo reconhecimento por V. Ex.ª prestadas a S. Ex.ª o Presidente da República.
E já que a falta de saúde não me deixou assistir à Missão memorável de 19 de Dezembro último, aproveito este ensejo para comunicar a V. Ex.ª que. juntamente com minha mulher, meus filhos e netos, ouvi no Porto, pela rádio, as palavras do discurso histórico do Sr. Presidente do Conselho. E tam grande foi a impressão causada naquele pequeno auditório, constituído pela minha família e alguns serviçais, que imediatamente telegrafei ao Sr. Presidente do Conselho a protestar-lhe a nossa admiração e reconhecimento pelas palavras com que soube traduzir os sentimentos de toda a Nação.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: trago a esta Assemblea o eco do clamor que de todos os recantos do País se levanta contra a maré crescente de atentados, que tornam precário o trabalho rural e ameaçam a segurança dos próprios habitantes.
Aos roubos de fruta, lenhas e capoeiras, vieram juntar-se autênticas razias nos espigueiros e tulhas, e já se assaltam as habitações.
Vai desaparecendo o ferro das ramadas das noras, os canos de água e nem os portões das quintas ficam.
Têm-se demolido paredes à procura de volfrâmio e rebusca-se o subsolo das propriedades (particulares, sem respeitar lavradios, na ânsia de minério.
Os montados e até os terrenos de lavoura são invadidos por numerosos e daninhos rebanhos.
O desaforo não tem limites, pois a gatunagem já não aguarda as trevas da noite- nem se afasia das estradas (cujos terrenos marginais não podem, por lei. ser vedados com muros superiores a 1 metro) para cometer os mais variados crimes.
E o produto dos roubos lá segue depois, impunemente, através das estradas, para casa dos receptadores, ou para mercados e feiras, onde são tranquilamente negociados.