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l DE MARÇO DE 1947 701

valores. E a experiência de todos os tempos, e designadamente a da primeira guerra mundial, demonstrou insofismavelmente que é pelo nível da moeda que se alinha o nível dos preços num futuro mais ou menos próximo.

Nestes períodos fazem-se duas afirmações distintas:
1.ª que a moeda é a base de qualquer orçamento;
2.ª que é pelo nível da moeda que se ajusta o nível dos preços. É claro que a segunda afirmação é o fundamento da primeira. Demonstrada a segunda, demonstrada fica a primeira.
Evidentemente que esta segunda afirmação pressupõe que se fixou o nível da moeda ou, mais precisamente, que a moeda passou a oscilar em volta do uma média constante, de harmonia com o mecanismo do desconto e do redesconto normais.
Ora a demonstração da segunda proposição pode fazer-se à priori e à posteriori, isto é, com razões e com factos, tanto recentes como antigos. Vamos aos factos.
Deixando os da Antiguidade Clássica e da Idade Média, em que as políticas inflacionista e deflacionista já eram conhecidas o praticadas, comecemos pela Renascença, em que a afluência do metais preciosos trazidos do Oriente pêlos nossos navegadores provocou uma tal inflação monetária que os preços subiram a ponto de fazer o espanto dos estrangeiros que cá vinham. Este facto ó minuciosamente narrado por Clenardo em uma carta escrita de Portugal para um seu compatriota, como se pode ver na obra que sobre aquele ilustre humanista escreveu em tempos o Sr. Cardeal Patriarca.
Vem depois, no principio do século XVIII, a experiência do primeiro banco emissor, realizada pelo grande economista que foi Law.
As sucessivas emissões de notas podidas pelo Regente para financiar a guerra de Espanha provocaram, não só a corrida às reservas do banco, mas uma alta de preços, acompanhada da derrocada dos valores mobiliários.
No fim do mesmo século nova experiência memorável: a dos assignats da Revolução Francesa.
Do mesmo modo, a subida do nível monetário trouxe consigo a subida dos preços, até à derrocada final do valor da moeda.
Para estas e outras experiências históricas faltam-nos adequados registos estatísticos que permitam comparar os níveis sucessivos da moeda com os correspondentes dos preços, mas o que se conhece dos factos basta para relacionar os dois fenómenos.
Através do século XIX pôde observar-se que os preços subiram quando a produção do ouro, moeda internacional, se acelerava; e, pelo contrário, baixaram quando a produção afrouxava. Ainda aqui faltam os números para verificar o rigor deste paralelismo, mas a partir do fim do século as estatísticas começaram a aperfeiçoar-se, e quando surgiu a primeira guerra mundial foi possível registar as subidas sucessivas do nível da moeda e as correspondentes dos preços na maioria dos países civilizados, e daí o alto valor das experiências monetárias realizadas durante essa guerra e principalmente no fim dela. Ora essa experiência mostra insofismavelmente a verdade da proposição que estamos analisando. Dêmos alguns exemplos. Comecemos pelos Estados Unidos, que é a mais rica e uma das mais populosas nações do Mundo.
A normalidade, isto é, o equilíbrio dos preços, iniciou-se nos Estados Unidos em 1921, como se vê no quadro que se segue.

[Ver Tabela na Imagem]

Tomando as médias destes índices desde 1921 a 19:29, ano este em cujo final se iniciou nova crise, obtemos o número 141,3 para índice médio dos preços e 143,8 para índice médio da moeda. A diferença destes dois índices é de 1,9 por cento.
O alinhamento é perfeito.
Vejamos agora o que se deu em França. A estatística junta mostra que o equilíbrio dos preços com o numerário circulante, embora equilíbrio móvel, se iniciou igualmente em 1921:

[Ver Tabela na Imagem]

A média dos números-índices dos preços desde 1921 a 1929 é 515,4. A dos índices monetários é de 495,5. A diferença das duas médias é de 4 por cento. Se atendermos a que este período, muito longe de ser para a França de estabilidade, foi antes de agitação política e de acentuada inflação monetária, a diferença de 4 por cento entre a média dos índices monetários e a dos índices dos preços de atacado é verdadeiramente insignificante. E note-se que neste cálculo só não entra com a moeda miúda em 1913, e nos anos seguintes apenas se entrou com as notas do Banco de França.
Vejamos agora, Sr. Presidente, o que sucedeu em Portugal.
Entre nós o equilíbrio dos preços só foi atingido a partir de 1931, como se vê no seguinte quadro:

[Ver Tabela na Imagem]

(a) Julho.
(b) Média do 2.° trimestre.