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6 DE MARÇO DE 1947 743

Destes números e dos anteriores ressaltam as possibilidades que o nosso rebanho oferece à indústria, que nos limites do razoável satisfaz mais de 60 por cento das suas necessidades normais, o que é imperioso considerar.
De resto, já antes da guerra a indústria confeccionava artefactos exclusivamente com lãs nacionais, que para certos tecidos são superiores às do Cabo e da Austrália. Há mesmo países que preferem lã com as características da nossa. «Nunca como agora a indústria tem tanta necessidade dela para a lotar com a do Cabo, de fibra mais curta, dando, por isso, tecidos moles e quebradiços», como diz a Federação Nacional dos Industriais de Lanifícios.
Vamos agora à ária dos preços.
Sr. Presidente: em 1931 a produção lanar mundial lutou com uma tremenda crise. Os preços desceram a um nível de que não havia memória. Os seus efeitos para nós foram desastrosíssimos.
A curva dos preços exibida pela Federação Nacional dos Industriais de Lanifícios, depois de corrigida com os veros números, revela e confirma que as lãs nacionais de 1936 a 1939, em mercado livre e com a feroz protecção pautal à indústria, eram pagas a 60 por cento menos ido que as cotações externas, chegando algumas vezes a diferença a ser maior.

O Sr. Cerveira Pinto: - V. Ex.ª quer fundamentar na protecção à indústria a depreciação da lã nacional?

O Orador: - Não senhor! Eu disse que não ignorava que lá fora, não obstante a protecção à indústria, a lã desceu.

O Sr. Cerveira Pinto: - Pareceu-me entender que a protecção à indústria fora a causa da depreciação da lã nacional. Ora, parece-me que a protecção é a favor da lã.

O Orador: - Mas não resultou dai vantagem nenhuma.
Foi de 1939 em diante, graças às judiciosas medidas do Governo e à intervenção da Junta Nacional dos Produtos Pecuários, que os preços das lãs merinas subiram para 38$50 em 1941, ultrapassando as cotações externas; não as atingiram em 1942, para excedê-las de novo em 1944; em 1945 aproximaram-se, para subirem de novo em 1946, tendo-se em conta elementos do relatório da própria Federação Nacional dos Industriais de Lanifícios.
A desordem dos preços elevou-os em 1945 a 67$85 para pequenas compras especiais feitas pela Federação Nacional dos Industriais de Lanifícios aos 141 produtores por ela citados, preços de que os lavradores não beneficiaram, visto incluírem taxas, lucros da lavagem e porventura outras despesas não correntes.
Em 1945 os verdadeiros preços das lãs merinas nacionais entregues à indústria, em lavado, apreciam-se melhor pelos seguintes números:

62:160 quilogramas a preços de 44$ a 47$ por quilograma;
48:318 quilogramas a preços de 47$ a 50$ por quilograma;
25:348 quilogramas a preços de 50$ a 55$ por quilograma.

Daqui resulta uma média ponderai de 47$87(3).
É este o são critério em estatística comparada.
Os preços do gráfico do relatório da Federação Nacional dos Industriais de Lanifícios atribuídos às lãs exóticas reportam-se à mercadoria F. O. B. e C. I. F.; não são portanto comparáveis com os das lãs nacionais entregues à indústria.
Entretanto é interessante relacionar os preços de 1945 e 1946 nos mercados interno e externo:

Lãs nacionais (merino fino)

1945 - 49$30 (preço da tabela).
1946 - 52$64 (mercado livre).
Aumento, 6,4 por cento.

Lãs da Austrália

1945 - 38,5 dinheiros.
1946 - 62,5 dinheiros.
Aumento, 38,6 por cento.

Preços estes relativos aos tipos 58 s/60 s, inferiores, como se sabe, ao merino fino nacional.

O Sr. Cerveira Pinto: - V. Ex.ª está dando a impressão de que em 1945-1946 as lãs estrangeiras subiram muito mais do que as nacionais. Ora as lãs nacionais tinham subido de uma maneira extraordinária, ao passo que as outras tinham subido pouco.
E, não obstante esse aumento exagerado das lãs estrangeiras que se lhes quer atribuir, elas ficam mais baratas do que as nacionais.

O Sr. Botelho Moniz: - Há uma coisa que eu gostava que V. Ex.ª, Sr. Dr. Cerveira Pinto, me explicasse: é que eu há dois anos vendia lã mais cara do que vendia há um ano ...

O Orador: - O próprio gráfico da F. N. I. L. demonstra isso.

O Sr. Cerveira Pinto: - O que eu quero dizer é que a lã estrangeira está mais barata do que a lã nacional.

O Orador: - Eu registo todos os apartes que V. Ex.ªs me fizerem, porque estou convencido de que em segunda intervenção rebatê-los-ei.
É de uma candidez simpática o paralelo com os preços anteriores à guerra. E pretende-se que a lã merina nacional não valha agora mais de 27$20, quando já se pagou a 52$64 e quando se verifica uma acentuada alta mundial?!

O Sr. Cerveira Pinto: - V. Ex.ª pode dar-me um esclarecimento?
Em 1945 em quanto estava tabelada a lá nacional?

O Orador: - Eu vou dizer a V. Ex.ª: estava em 52$64.

O Sr. Cerveira Pinto: - E nessa mesma data qual era o preço da lã estrangeira?

O Orador: - Era de 43$, segundo o gráfico da F. N. I. L.

O Sr. Cerveira Pinto: - Então era mais barata ...

O Orador: - Mas os preços não são comparáveis, porque os das lãs estrangeiras são dados C. I. F. ou F. O. B. O preço dado pela própria F. N. I. L., depois de corrigido, é de 55$, números redondos.
A colheita de 1946 está ainda em parte nas maus dos negociantes c nas de produtores. Segundo um telegrama que recebi, só na região de Idanha-a-Nova, na posse dos noventa e dois lavradores signatários, estão por vender mais de 20:000 quilogramas de lã merina, da mais fina do País. Da Junta de Freguesia de Lar-