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DE MARÇO DE 1947 957

las velhas esfinges que estão muito em moda nas democracias, só falamos por enigmas.
Se quiséssemos falar claro, quanto teríamos que contar à comissão de inquérito! Entretanto, nada desejamos
dizer. Deuses sublimes, desprezamos os simples inquiridores que nunca atingirão as alturas do Olimpo. Vós, mortais desprezíveis, sois suspeitos. Incapazes de averiguar seja o que for, estamos certos de que só desejais passar atestados do bom comportamento. Por isso nunca
conhecereis as mil e uma verdades que nos recusamos a
dizer. Se as revelássemos, vós não as compreenderíeis nem as adoptaríeis, mas o sol tremeria nas alturas. Calamo-nos para não deixar o Mundo às escuras».
E por mais que nós pedíssemos e suplicássemos, quase ajoelhados, os deuses do Olimpo, que a luz vermelha do sol ilumina, embora portadores de verdades imortais, continuaram mudos, mudos, mud... os e negaram-se a responder. Afinal, embora disfarçados sob a caraça de Júpiter, eram homens que nada sabiam...
Mas basta de ironias ou de referências a esses deuses omnipotentes que, em nome da democracia, nos multam por ter cão e por não ter. A única verdade reside nesta pergunta: qual foi a situação política anterior a 28 de Maio de 1926 que teve a coragem de realizar aquilo
que nós realizámos em matéria de inquérito?

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Pergunto cara a cara a esses homens, que, segundo parece, já não são do M. U. D., porque até de lá os deitaram fora: - eram os senhores capazes daquilo que nós fizemos? Teriam a heroicidade de apresentar um relatório onde, na expressão feliz do presidente
da nossa comissão, por detrás de cada palavra, de cada período, de cada asserção, se encontra um facto indiscutível, averiguado?
Em tantos anos de República, alguma vez procederam de forma semelhante? Não!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Os senhores guiaram-se por ideias preconcebidas. Anteciparam se. Julgaram-nos por si próprios, antes do havermos executado a missão que a Assembleia nos entregara.
Exigimos que nos digam se porventura não a cumprimos com lealdade, com correcção e com patriotismo. Sei que não seriam capazes de fazer o mesmo. Pergunto agora se tom autoridade para acusar o Estado Novo por qualquer dos actos que nós mencionámos no relatório da comissão de inquérito. Todos esses erros e muitos outros, multiplicados por 10, por 20 ou mesmo por 100, formaram a actuação económica dos homens que hoje se encontram a chefiar a oposição!...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Exactamente por culpa do descalabro
económico que nos legaram, a indústria, o comércio e a agricultura constituíram contra eles a união dos interesses económicos, e nós tivemos depois de fazer a Revolução.
Apoiados.

Por último:
Os remédios ou conclusões indicados pela comissão de inquérito podem não parecer bastantes, porque quando se passa da generalidade para a especialidade é sempre impossível agradar a toda a gente. Mas, a meu ver, como bem se diz no relatório da comissão de inquérito, tais conclusões podem consubstanciar-se numa pequena fórmula geral que enuncio assim :
«Coordenar a orientação superior, harmonizar interesses, simplificar métodos e serviços, libertar de peias a iniciativa particular, de maneira a torná-la independente de autorizações nos casos correntes, e abreviar sistematicamente as resoluções, evitando perdas de tempo a governantes e governados».
Estou convencido de que esta fórmula encontrará aplauso geral e que contribuirá para aliviar uma atmosfera que nos diziam pesada, mas que, graças a Deus e devido à actuação do actual Ministro da Economia e do Subsecretário do Comércio e Indústria, já se desanuviou imenso e dentro de pouco tempo melhorará extraordinariamente.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão. A próxima sessão será amanha, à hora regimental, com a mesma ordem do dia que estava dada para hoje. Está encerrada a sessão.
Eram 19 horas e 50 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

António Maria Pinheiro Torres.
Artur Proença Duarte.
Ernesto Amaro Lopes Subtil.
João Garcia Nunes Mexia.
Jorge Botelho Moniz.
José Alçada Guimarães.
José Teodoro dos Santos Fonnosinho Sanches.
Luís Mendes de Matos.
Mário Correia Carvalho de Aguiar.
Querubim do Vale Guimarães.
Ricardo Malhou Durão.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

Alexandre Alberto de Sousa Pinto.
Alexandre Ferreira Pinto Basto.
Álvaro Eugênio Neves da Fontoura.
Augusto César Cerqueira Gomes.
Horácio José de Sá Viana Rebelo.
Jacinto Bicudo de Medeiros.
João Carlos de Sá Alves.
Joaquim Mendes do Amaral.
Joaquim de Moura Relvas.
Joaquim Saldanha.
Jorge Viterbo Ferreira.
Luís Lopes Vieira de Castro.
Mário Borges.
Mário Lampreia de Gusmão Madeira.
Rafael da Silva Neves Duque.

O REDACTOR - Luís de Avillez.

IMPRENSA NACIONAL DE LISBOA