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526 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 81

poder de organização desse jovem povo, realizaram um trabalho no Tennessee Valley, que tem uma extensão de quase todo o nosso território continental, em dois anos; e fizeram, não o trabalho hidroagrícola, não o agrícola, nào de colonização interna, mas o conjunto de todo esse trabalho em dois anos.

O Sr. Manuel Vaz: - Mas isso é na América, onde as possibilidades são outras.

O Sr. Simões Crespo: - Não sei as condições em que esse trabalho do Tennessee Valley foi feito, mas sei que o que entre nós se considera como prazo mínimo de estudo para conhecer o regime de um rio são dez anos.

O Orador: - Não sei. Mas, se tinham todo o estudo preliminar completo, evidentemente que é possível projectar o que já está estudado em dois anos.
Se é ao projecto aquilo a que V. Ex.ª se queria referir, isso não traz achega definitiva à questão que eu estava a pôr.
Eu adiro perfeitamente a esta ideia: não se pode falar do estudo do regime de um rio sem falar em estudos permanentes e demorados do seu caudal. Estes levam muito tempo a realizar; mas compreendo que projectar seja um trabalho muito mais rápido quando todos os elementos para a realização do projecto já estão preparados.
Agora reconheço que não é possível fazer o inventário das possibilidades energéticas dos nossos rios em dez anos. Portanto, se esse inventário se concluiu em 1948 é porque já se trabalhava nele antes de 1941.
E prosseguindo: dado o custo da obra de colonização das terras convertidas de sequeiro em regadio, vamos a pôr o problema da barragem do Almourol e o problema da rega de 100:000 hectares de terreno, hipótese mais favorável.
Diz-se, de facto, que os 800 milhões de metros cúbicos que a barragem do Zêzere armazenaria poderiam então ser aproveitados, sem necessidade de bombagem, para regar os tais 100:000 hectares. Supondo que a água para cada hectare custa 400$, teríamos naturalmente uma diminuição no preço da energia produzida correspondente.
É claro que isto seria assim se se não considerasse senão o custo da barragem ou das barragens em si mesmas; mas é evidente que, além do custo da barragem, há o custo de todo o aparelho de rega e o custo da colonização, que põe problemas sérios de urbanização. Supondo que nestas 100:000 hectares se constituíam casais a-grícolas com 4 hectares cada casal, importava buscar as intalações, melhor, todo o conjunto de instalações correspondentes a esta forma de colonização. E depois havia as demoras de adaptação do sequeiro ao regadio. Pensem quantos anos isto levava e hão-de concluir que talvez a obra correspondente de irrigação, em vez de aliviar a energia hidroeléctrica, viesse afinal a pesar sobre ela. De resto, o critério da lei é aproveitar nas obras de hidráulica agrícola as possibilidades que haja de se produzir energia e diminuir o custo para os terrenos irrigados. Não é buscar nos terrenos que se irrigam compensação para as despesas com a energia.
Há-de reconhecer-se então que se justifica que realmente nesta matéria se não tenha caminhado ao ritmo previsto antes de se procurar verificar o que há-de fazer-se e que é possível fazer-se.
Em nada isto significa qualquer forma de rebelião contra o aproveitamento hidroagrícola ou aproveitamento hidroeléctrico.
O que significa é que não temos ide esperar por um estudo completo do rio Douro ou do rio Tejo -e digo completo neste sentido: aproveitamento para rega, aproveitamento para energia ou aproveitamento para navegação -, antes devemos procurar realizar, no mais curto prazo possível, aqueles empreendimentos já suficientemente estudados e projectados e cuja realização pode fazer-se dentro de um período curto de tempo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Tenho no meu pensamento a possibilidade que possuímos de aproveitamentos hidroeléctricos em pouco tempo, de modo a, concluindo obras em execução e iniciando-se outras já estudadas, se passar dos 900 milhões de kWh. em 1950, para 2:600 milhões dentro de um prazo relativamente curto.
Sendo assim, devemos ficar à espera?
Seria muito bom que tudo estivesse estudado em conjunto e que, portanto, pudéssemos escolher qual a peça que em cada momento é mais conveniente executar; mas o que não podemos é, sabendo-se quanto podemos esperar de cada fonte, ficar à espera do conjunto.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Pelo que respeita ao plano de povoamento florestal, que, como se sabe, era para executar em seis períodos quinquenais, também se encontra atrasado de um ano, se considerarmos o ritmo de trabalho previsto para o último período, e de três anos, se considerarmos o ritmo de trabalho previsto para o período em que estamos, que é o terceiro. Porque este trabalho é antes braçal do que mecânico, pode supor-se que a guerra não justifica o retardamento do ritmo com que se tem feito.
É certo, porém, que a guerra roubou durante alguns anos as actividades económicas em geral e agrícolas em particular 60:000 mancebos; e é certo também que o volfrâmio roubou igualmente um número incalculável.
Os salários aumentaram por forma que as bases financeiras da execução dos planos se alteraram, a ponto de ter sido indispensável proceder à sua total revisão, o que naturalmente obrigou ao retardamento do ritmo previsto.
De maneira que nem sequer pode dizer-se que não é imputável à guerra a redução do ritmo do povoamento florestal.
Pelas notas que acabo de fazer se verifica que também se pode imputar à guerra a diminuição no- ritmo do povoamento florestal.

O Sr. Manuel Vaz: - V. Ex.ª dá-me licença?
Com um bocadinho de imaginação, talvez.

O Orador: - Eu falo com a maior sinceridade.
Se V. Ex.ª me disser que isto é imaginação fácil, ou peço que me esclareça o seguinte: não faz falta à economia do povoamento florestal o facto de grande número de braços ser tirado do povoamento florestal e ir para a guerra ou para o volfrâmio? Será isto imaginação?

O Sr. Manuel Vaz: - V. Ex.ª dá-me licença?
Pelo que eu conheço pessoalmente do problema, posso garantir a V. Ex.ª que no povoamento florestal não havia falta de bruços e, quanto aos salários, eles nunca passaram de 17$.

O Orador: - Eu posso também garantir a V. Ex.ª isto: 60:000 homens foram chamados às fileiras e os