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752 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 93

deres Públicos, mas sempre com o sentido o a fé de servir mais e melhor. Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

tado do Comércio e Indústria por lhe ter dado para ali? Sem outras razões a que ao pudesse esquivar-se?

O Orador: - Evidentemente que não, nem isso seria de sapo da competência e bom senso de S. Ex.ª
Mas dizia eu que temos uma posição credora que pode ser bem utilizada na compra de diversas coisas mais úteis, mas verifico que parece vai ser aproveitada muito na compra de automóveis.

O Sr. Botelho Moniz: - De automóveis e 95 por cento da importação portuguesa que está liberalizada.

O Orador: - Eu não estou atacando o Governo. Apenas ataco a medida se essa utilização se fizer vincadamente em automóveis ligeiros e de luxo, desprezando todos os que sejam necessários para a indústria, sobretudo agrícola e de transportes.

O Sr. Manuel Múrias: - Dá toda a impressão ...

O Orador: -V. Ex.ª não me deixa concluir ...

O Sr. Presidente: - Peço aos Srs. Deputados que ao interrompam o orador pela forma por que o estilo fazendo, porque, além do mais, aos serviços de taquigrafia da Câmara é impossível registar uma discussão dessa natureza.
Para evitar que as corsas assim continuem, convido V. Ex.ª a vir à tribuna, no caso de desejar continuar as suas considerações.

O Sr. Pinto Barriga:- Sr. Presidente: uma noticia publicada hoje nos jornais, alusiva a um despacho do Sr. Subsecretário de Estado do Comércio mandando
aplicar o regime de facilidades de importação de automóveis provenientes dos países membros do 0. E. C. E. e da Espanha, os quais poderão ser livremente importados, para além dos contingentes previstos nos acordos em vigor, levou-me a pedir a palavra.
Tenho pelo Sr. Subsecretário do Comércio muita admiração, pelo seu dinamismo inteligentemente realizados, mas não posso deixar de discordar desse acto.
Durante o surto volframista da passada guerra não congelámos e, por isso, sem querer, ficou volframizada a nossa moeda no seu poder de compra interno.
Hoje, que já está rompendo um surto da mesma espécie, que se marca ostensivamente pelo aumento da corrente circulatória e a sua consequente elevação de reservas de divisas, nada se faz, não já para conseguir um certo dirigismo cambial, mas ao menos para conhecermos exactamente os nossos gastos de divisas e o seu respectivo emprego.
Somos o único país que vive nesse celestial optimismo cambial, sem um decisivo controle e sem ao menos uma boa estatística de aplicações. Havemos de duramente compreender que, se essas reservas pertencem aos seus donos pode deixar de ser como possuidores, a sua utilização controlada ou pelo menos, conher-dado País.
0 ta a que tem de travar contra a "cortina de ferro", vive bizantinamente no seu comércio externo a trocar serpentinas e confettis do supérfluo e um dia acordará na terrível e premente exigência de se industrializar muito simplesmente para o necessário.
A maior parte dos possuidores de automóveis não tem rendimentos para os manter nem necessidade de os utilizar; é um caro passatempo dos domingos, que pesa duramente na economia nacional e que absorve cambiais que poderiam ter melhor destino.
Uma nação porque se diz corporativa não deve viver no supérfluo quando um pouco do necessário falta a alguns.

O Sr. Manuel Múrias:- V. Ex.ª dá-me licença?
V. Ex.ª pode dizer-me se acaso esse despacho do Sr. Subsecretário de Estado do Comércio e Indústria não será resultante de um compromisso internacional?

O Sr. Botelho Moniz: - Absolutamente.

O Orador: - À sugestão de V. Ex.ª eu vou responder um pouco mais tarde. Mas parece-me que ao há compromissos que envolvam escolha daquilo que devemos comprar.

O Sr. Manuel Múrias:- Pode haver.

O Orador: - E digo, estou dentro da técnica, e por isso peço a V. Ex.ª licença para lhe dizer que temos uma posição credora na U. E. P., posição que parece vai ser utilizada em parte apreciável na compra de automóveis.
Não podemos comprar senão automóveis?.. .

Vozes: - Não, ao

O Sr. Manuel Múrias: -V. Ex.ª pode informar-me se esse despacho foi dado pelo Sr. Subsecretário de Estado

O Orador:- Perfeitamente, Sr. Presidente.

O orador passou a ocupar a tribuna.

O Orador:- Sr. Presidente: eu começei por manifestar toda a minha simpatia e admiração pelo Sr. Subsecretário de Estado do Comércio e Indústria, de quem sou até amigo, e ao qual reconheço grandes qualidades de trabalho e competência.
Porém, o que pretendi foi marear apenas uma posição com relação à utilização dos saldos credores, visto que entendo que elos não devem sor empregados em coisas supérfluas, como por exemplo em automóveis, mas sim noutros artigos de maior utilidade para o País, sobretudo para a sua reindastrWizoçlo.

O Sr. Bustorff da Silva: - E V. Ex.ª já considerou o risco do prolongamento de uma situação de saldos credores ?

O Orador: - Eu aceito a interrupção de V. Ex.ª, mas devo dizer que é nosso dever lembrar ao Governo como pode e deve melhor utilizar esses saldos, como o têm feito outros países. Os saldos não são anulados, serão porventura de uma utilização mais laboriosa. Como V. Ex.ª vê, o problema é diverso.

O Sr. Carlos Borges:- A intervenção ao V. Ex.ª tem nina grande vantagem. Efectivamente as máquinas agrícolas duplicaram de preço de há um ano para cá, e é deplorável que tal sucedesse, porque essas máquinas são indispensáveis à vida económica do País.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Perfeitamente de acordo com V. Ex.ª, e exactamente por isso é que eu não quero que esses saldos credores sejam muito utilizados na importação de automóveis. Há tanto para comprar!