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25 DE ABRIL DE 1951 889

se torvam e o pânico alastra, quando a terra treme e as construções oscilam, chega a parecer que é a nós, rudes soldados, que pertence a delicada, a delicadíssima missão de dar oportunamente, a quem prevarica, lições de civismo, de cordura e de isenção.
Porquê? Porque sentimos que na actual conjuntura, nesta veemente aspiração em marcha que é, apesar de tudo, o nosso orgulho e a nossa esperança, são condições essenciais de continuidade e de eficiência a nossa força, a nossa fé e a nossa lealdade. Porque sentimos que, depois do 28 de Maio, todas as experiências políticas e sociais terão de fazer-se na calma dos laboratórios, dentro da família portuguesa, longe dos tumultos destrutivos em que o ódio atrai o ódio e a injúria provoca a injúria, afectando gravemente o que a todo o custo devemos preservar: a honra do Exército e a dignidade da Nação.
Estas nossas inquietações ninguém as compreendeu e traduziu com tanta autoridade e tanta elevação como o Sr. Marechal Carmona.
Com a sua morte foi dilacerada, fibra a fibra, a simbiose heróica Carmona-Salazar. Dá-se entretanto a transmissão de poderes, que transitam assim do homem bom para o homem justo. Temos, portanto, a garantia de que a Revolução continua. Salazar sabe muito bem que um chefe só é grande quando sente palpitar dentro do peito o coração dum povo.
Foi Salazar que disse um dia às mães de Portugal:

Ó mães felizes que vos debruçais sorrindo, no conforto dos vossos lares, sobre o berço dos vossos filhos lembrai-vos de quantas mães vão sofrendo para garantir com o seu trabalho a vossa felicidade.

Foi Salazar que disse um dia aos trabalhadores de Portugal:
Enquanto vós pensais nos vossos filhos, tenho eu de pensar nos filhos de todos vós.

Estas afirmações recendentes de bondade e de justiça ligam para sempre um homem à responsabilidade dos seus actos. É certo, pois, que a Revolução continua e Salazar revive como Carmona no coração do povo. Salazar obedece como nós ao mesmo imperativo e êsse imperativo é Portugal.
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Alberto Cruz: - Sr. Presidente: temos de fechar nos nossos corações a dor e a saudade que a perda do nosso querido e grande Presidente nos deixou e continuar a tratar dos problemas que interessam à Nação.
Sr. Presidente: bem contra minha vontade, tenho de ocupar mais uma vez a atenção de V. Ex.ª e da Câmara com um assunto que está a afectar gravemente a economia do distrito de Braga.
Vou tratá-lo sem devaneios literários nem notas plangentes de canções melancólicas ou depressivas, tanto em moda na era presente, a cantar as misérias alheias.
Vou tratá-lo com a objectividade que a minha profissão de cirurgião impõe ao meu espírito e dita às minhas palavras.
Como V. Ex.ª sabe, Sr. Presidente, o distrito que, pelo sufrágio dos seus eleitores, me deu o direito .de ocupar este lugar é dos mais populosos do País, e por isso também é daqueles onde as crises têm maiores reflexos, sòmente atenuados pela boa índole do seu povo, habituado a viver com a maior frugalidade e sem revoltas, pedindo a Deus o que lhe falta, e, quando não o consegue, pedindo ainda a resignação crista, esperando na outra vida a compensação dos infortúnios desta, e que ele bem traduz por esta máxima: «Seja tudo em desconto dos nossos pecados», ou, melhor ainda: «Seja tudo pelo divino amor de Deus».
Mas, Sr. Presidente, tudo tem limitações neste mundo, até a paciência, quanto mais a resistência física e moral às privações.
Eu, que, por dever de ofício, conheço bem as necessidades e os queixumes do povo, sou forçado a trazer à consideração de V. Ex.ª e da Câmara um assunto que reputo de inteira justiça resolver com a maior urgência e que só não deve estar solucionado por desconhecimento dos homens encarregados desse sector da vida pública, ou porque assuntos de muito maior monta lhes absorvem totalmente a atenção.
O distrito de Braga e, muito especialmente, a sua capital atravessam um período mau, que é somatório de muitos factores que seria fastidioso enumerar e que em tempos já aqui neste lugar, em período parecido com o actual, tive ocasião de referir.
Desde essa data até hoje alguns desses factores atenuaram-se e outros agravaram-se demasiadamente.
A população aumentou muito; naturalmente a terra não aumentou nem diminuiu, é a mesma de sempre, e a indústria é que está cada vez mais reduzida, e eu quero crer, também com o povo, que só por milagre tudo vai vivendo na santa paz do Senhor. Pois é à indústria que eu quero referir-me hoje, especialmente à dos iramos de chapelaria e de calçado, tradicionais do meu distrito, mas, principalmente, dos concelhos de Braga e Guimarães.
A indústria de chapéus, outrora tão florescente e que sustentava um dos mais populosos bairros da cidade de Braga e que tanta influência tinha na parca economia daquela região, foi desaparecendo a pouco e pouco e encontra-se nesta altura reduzida a uma fábrica, das três grandes que existiam.
As pequenas fabriquetas já desapareceriam há muito na voragem da luta febril das últimas décadas e a segunda das grandes fábricas fechou as suas portas há três semanas aproximadamente.
Indagado o motivo, fiquei indignado por até hoje se não ter encontrado solução rápida e justa para o caso em questão, como é próprio da ética do Estado Novo.
O que se passa? ...
Além doutros factores, a indústria de chapéus sofre encargos de previdência no distrito de Braga que nenhum outro distrito do País suporta.
Os industriais de chapéus são obrigados a pagar 15 por cento sobre o montante dos salários pagos, enquanto os dos outros distritos só pagam 7 por cento pobre os mesmos salários, isto porque é só no distrito de Braga que os industriais de chapéus e calçado descontam para a caixa de previdência, ao passo que nos outros distritos só descontam para o abono de família.
Há, portanto, uma diferença de 8 por cento.
Porquê esta desigualdade?
Ou melhor, porquê esta injustiça?
Como podem estas indústrias do distrito de Braga competir em preços com as congéneres do País?
Responda e actue urgentemente quem pode, pois deve continuar firme a fé nas leia do Estado e a confiança em quem tem o dever de as aplicar. E já não é sem tempo, pois a anomalia que aponto já vem de 1947 a produzir os seus malefícios.
Agora para a indústria de calcado dá-se precisamente o mesmo caso, só com diferença de datas, pois para. esta começou a 16 de Julho de 1948.
Os resultados no meu distrito também estão bem patentes.