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360 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 131

neos e eleitores, eu não podia deixar de trazer aqui, novamente, este seu justíssimo e oportuno apelo.
À volta da construção do porto de abrigo na ilha Terceira há, certamente, um problema financeiro grave e um problema técnico muito sério; mas não me parece que, quer um, quer outro, não seja removível pela vontade forte do Governo e pela competência provada dos nossos engenheiros em tanta obra de vulto levada a cabo no continente.
Por isso, por aquele imperativo e por esta convicção, eu aqui deixo, perante V. Ex.ª, esta representação da ilha Terceira, especialmente dirigida a S. Ex.ª o Chefe do Governo.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Sousa Meneses: - Sr. Presidente: relataram todos os jornais, lançou para o ar a notícia a Emissora Nacional, que violentos temporais haviam assolado as ilhas dos Açores.
Com o conhecimento do facto vieram também as informações sobre os prejuízos causados, que não são poucos.
Já também se conhece a decisão do Governo mandando às ilhas uma comissão de técnicos encarregados de avaliar os prejuízos e indicar as providências a tomar.
Mais uma vez se verifica que o Governo, vigilante, acode pronto à solução do que importa ao benefício público.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não se lastimarão as respectivas populações das inclemências do temporal, a elas já afeitas e a elas resignadas pelo fatalismo da sua posição, mas clamarão sempre as providências adequadas e a tempo, dentro dos preceitos da técnica de construção, para que os efeitos destruidores desses temporais sejam reduzidos ao mínimo.
É que o crescimento constante das populações insulares e o desenvolvimento contínuo que o seu trabalho produz na valorização das ilhas é imposição que está patente e é convicção formada nessas populações, para solicitar providências, que, sem estarem esquecidas, creio-o bem, vão contudo sendo proteladas no que seria precisão fazer com certa urgência para obstar às grandes destruições que estes temporais originam.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Noticiaram os mesmos meios de informação que andou um dos vapores da carreira, cheio de passageiros e carga, uma semana à roda de uma das ilhas - a Terceira - sem conseguir entrar em porto onde pudesse estar em segurança.
Actualmente é de 60:000 habitantes a população dessa ilha, sede de distrito, e será escusado lembrar quanto ela pesa presentemente na política nacional para realçar a importância do seu valor, se não fosse já merecedora de atenção a valorização devida ao esforço, ao trabalho, às realizações dos seus habitantes.
Se não se pode pedir a protecção do Governo para as inclemências das forças da natureza, pode-se contudo esperar que a sua acção se manifeste a minorar ou arredar os malefícios delas derivadas. E um desses benefícios seria voltar à consideração, como imperiosa necessidade, da construção dos dispositivos precisos para que o serviço no seu porto se possa fazer em condições de melhor segurança, quando a baía seja ainda praticável.
Para o lembrar, dentro da contingência das necessidades técnicas ou financeiras que o caso exija, é que eu também pedi a palavra a Y. Ex.ª, por ser assunto de indicada necessidade e, vá lá, de imperativa medida de civilização para uma população que se tem sempre afirmado ser dela bem merecedora.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem!

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Presidente: - As intervenções dos Srs. Deputados Alpoim Borges do Canto e Sousa Meneses, puseram perante nós o espectáculo das assolações ocasionadas nos distritos de Angra do Heroísmo e Ponta Delgada pelas tempestades que nos últimos dias varreram aqueles pedaços de Portugal. O Governo tomou já, com a maior solicitude e brevidade, as medidas tendentes a remediar os estragos causados e a minorar o sofrimento das populações atingidas.
A Assembleia aplaude calorosamente o Governo pela sua acção e exprime àquelas populações a sua inteira solidariedade.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Sousa Meneses: - Agradeço muito a V. Ex.ª, Sr. Presidente, as palavras que acaba de proferir com relação à catástrofe ocorrida nos Açores.

O Sr. Presidente:-Vai passar-se à

Ordem do dia

O Sr. Vaz Monteiro: - Eu tinha pedido a palavra, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: - Se o assunto para o qual V. Ex.ª pediu a palavra tem urgência e oportunidade hoje, concedo-lha.

O Sr. Vaz Monteiro: - Não tem urgência, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Nesse caso, a V. Ex.ª e aos outros Srs. Deputados que pediram para falar antes da ordem do dia de hoje, concederei a palavra na sessão de amanhã.

Pausa.

O Sr. Presidente: - Vai iniciar-se a efectivação do aviso prévio do Sr. Deputado Armando Cândido acerca do excesso demográfico português relacionado com a colonização e a emigração.
Tem a palavra o Sr. Deputado Armando Cândido.

O Sr. Armando Cândido: - Sr. Presidente: a perturbação confessada por Cícero, ao começar a sua oração em defesa daquele rei de Galácia que respondeu na presença de César, não foi maior nem mais inibitória do que o receio que neste momento me reduz a vontade.
Ainda Cícero tinha recursos que superavam os seus temores. Eu estou simplesmente habituado a ser verdadeiro, como o espelho do mar que me retratou o berço, a ser humilde, como a folha que se desprende da árvore para se misturar com o sangue da terra, e a pensar, a pensar com firmeza, mas a dizer, com o sobressalto, nunca vencido, de não dar às palavras todo o calor das ideias e de as próprias ideias não