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20 DE NOVEMBRO DE 1952 1037

Recebeu a Mocidade Portuguesa desde, u sua fundação quantias à roda de 120:000 contos. Não lhe deve ser, por isso, difícil apresentar muitas realizações, concursos, exposições, publicações, etc., mesmo porque sucessivos encargos lhe têm sido cometidos, como a medicina desportiva, o ensino da ginástica, a inspecção das outras organizações afins ainda toleradas, etc.
De toda esta verba foram distraídos menos de 40 contos em dez anos para subsídio às associações escutistas, as quais reúnem ainda para cima de 5 000 elementos activos. 40 contos em dez anos são 4 por ano, em média, ou 150$ por mês para cada associação, o que dificilmente terá dado para pagar à mulher da limpeza da sede central. No entanto, esto ano. em Coimbra, e C. N. E. mostrou como, sem qualquer dispêndio para os dinheiros públicos, é possível pôr em campo, durante dez dias, cerca de mil rapazes vindos de todos os pontos do País. E não se citam os acampamentos regionais nem os locais, ou de grupo, por supérfluo.
E lícito perguntar-se quais tom sido até agora os frutos colhidos da actuação da Mocidade Portuguesa, porque pêlos frutos é que se conhece a árvore.
É esta mocidade de agora mais aguerrida, mais nacionalista, mais convicta, mais ousada, mais independente e altiva, mais dedicada ao bem comum, mais generosa, e dotada de espírito de sacrifício do que a de há vinte ou trinta anos?
Não quero denegrir ninguém nem coisa alguma, mas fico desolado quando contemplo paralelos que se podem estabelecer.
Mesmo já depois do 28 de Maio os conflitos políticos nas Universidades eram resolvidos em primeira mão pêlos próprios universitários, em luta leal e nobre. Agora o campo é deixado livro às ousadias dos comunistas e criptocomunistas, e é a polícia quem vem desaloja-los sob as vistas dos elementos ordeiros, prudentemente postados a distância.
É, decerto, mais legal, mas muito menos viril, e tem o inconveniente de fazer vítimas e do criar mártires, o que não sucedia anteriormente.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E esta ausência de espírito heróico manifesta-se igualmente em outros campos. Faz a Mocidade Portuguesa grande alarde com a instrução náutica e até arranjou para ela uma divisa - Rumo ao mar. Desde 1945 manteve o Centro Especializado de Marinharia, no Tejo, e realizou três cruzeiros marítimos com escala pelas ilhas adjacentes; com vista à preparação e desenvolvimento do gosto dos assuntos náuticos, funcionam três centros especializados de naviomodelismo, e há ainda centros de vela, de remo e de canoagem.
Pois bem, que resulta de toda esta actividade marítima? A desolação de ficarem quase desertos os concursos para a Escola Naval, porque a mocidade portuguesa da actualidade se desinteressa de servir a Pátria na marinha de guerra.
Rumo ao mar para os cruzeiros de férias.
Rumo ao mar para os desportos e os prazeres.
Mas para jogar a vida, como sentinelas da Pátria, por esses mares além, semanas e meses longe da família e dos amigos, isso não!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mas a culpa não cabe à juventude. Cabe antes ao ambiente morno, utilitário, vegetante, em que é colocada e em que se desenvolve.
Mais do que a conveniência, a necessidade da existência de uma organização como a Mocidade Portuguesa é indiscutível. Dirigida por um comissário como o ilustre Prof. Doutor Gonçalves Rodrigues, ao qual me é muito grato prestar homenagem, porque dificilmente poderá ser excedido em formação moral e política e em todas as outras qualidades exigidas a um dirigente superior, poderia prestar relevantes serviços na orientação da juventude portuguesa se a sua orgânica e os seus regulamentos sofressem uma remodelação extensa e profunda.
Aliviada da obrigatoriedade, que a torna, por um lado, uma instituição antipática e que, por outro, lhe não permitirá a criação de uma élite, porque, é muito difícil actuar simultâneamente em extensão e em profundidade; desprendida da ânsia quase totalitarista de absorção em relação a outras obras similares - poderia a Mocidade Portuguesa ser bastante mais útil à educação da juventude e menos pesada ao erário público.
Tal como tem vivido, excessiva por um lado, insuficiente por outros, não é de admirar que nas suas fileiras haja uma grande falta de mística e de generosidade moça.
à seu lado deveriam gozar de igualdade de condições e de regalias as obras educativas de iniciativa privada, devidamente fiscalizadas pelo Estado, que não pode alienar o direito - direito ,que é simultaneamente um dever seu - de se certificar do modo como elas se desempenhassem da missão de que se encarregaram, tanto no plano geral como no plano nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Num, país onde tão poucas pessoas se dedicam desinteressada e espontaneamente a tarefas educativas é dever do Estádio acarinhá-las e estimulá-las, dispensando-lhes o seu incitamento e afirmando-lhes a sua simpatia.
E aos rapazes que voluntariamente se acolhessem a essas organizações aprovadas ou consentidas oficialmente deveria ser dispensado trato igual ao dos filiados na organização oficial.
Além do mais, não é justo que, as pessoas que, cientes do seu dever de contribuir para a educação da juventude, sustentem essas obras particulares sejam obrigadas a sustentar também as obras particulares sejam obrigadas a sustentar também as obras oficiais similares, em igualdade de circunstâncias com as que se desinteressam em absoluto.
Em resumo: como se depreende das considerações feitas, em meu entender a Mocidade Portuguesa deve deixar de ser obrigatória, quer na filiação quer na contribuição para os seus fundos.
Paralelamente, as organizações privadas mas similares (em especial o Corpo Nacional de Escutas) devem ser reconhecidas como de utilidade nacional e gozar das mesmas regalias, para si e para os seus filiados, de que beneficiam os inscritos na organização oficial.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Amaral Neto: - Sr. Presidente: pedi a palavra pura mandar para a Mesa o seguinte

Requerimento

«Requeiro que pela Junta de Colonização Interna, do Ministério da Economia, me seja dada com urgência informação do custo médio previsto da instalação de cada casal agrícola, completa e incluindo a quota-parte respectiva nas despesas gerais de estradas e caminhos aldeamentos, abastecimentos de água, edifícios sociais, administração e fiscalização das obras e outras análogas,