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21 DE NOVEMBRO DE 1902 1093

cão aos números e conclusões do Plano de Fomento no que se refere ao continente e ilhas adjacentes.
Antes de mais nada, a previsão das necessidades de produção, conduzindo aos deficits de energia hidráulica de 420 e 460 milhões de kilowatts-hora, respectivamente, em 19-33 e 1954, não é aceitável, porque, sendo o ano corrente - que foi hidrològicamente médio - um ano de equilíbrio quase perfeito entre a produção hidráulica e o consumo, salta à vista, como descontinuidade inexplicável, o aparecimento de saldos negativos de tal volume nos dois próximos anos. Daí o ter a Câmara Corporativa elaborado em seguras bases estatísticas uma nova previsão, segundo a qual aqueles saldos, .embora ainda negativos (o que mostra a acuidade da situação), desçam, respectivamente, a 100 e 180 milhões de kilowatts-hora, o que já tem sua lógica.
Em segundo lugar, a Câmara Corporativa considera muito difícil ter uma central no Douro a trabalhar em pleno no ano de 19-38, como se prevê no Plano, o que implica a sua conclusão dentro de 1957, dado o atraso em que ainda se encontram os estudos, que se presume não permitirem o começo dos trabalhos antes do fim de 1953 ou princípio de 1954, pelo que, em condições normais. »e poderá prever a sua conclusão pelo princípio de 1959 época em que esta unidade será oportuna, como veremos adiante.
Por outro lado, as estimativas de consumo e a necessidade de assegurar o abastecimento sem restrições, mesmo em ano seco, levam à conclusão de precisarmos de novas fontes hidráulicas em 1955, 1956 e 1957, o que o Douro manifestamente não pode satisfazer por falta de tempo: e daí o propor-se a conclusão dos sistemas do Zêzere e do Cávado, respectivamente com Bouça e
Paradela, que o Plano não considera - obras que respondem àquele objectivo e oferecem inegáveis vantagens quanto à melhoria dos sistemas que completam. Além disso, a Câmara (Corporativa nada tem a opor à construção das centrais do Távora e do Côa (também incluídas no Plano sob a designação genérica de «bacia hidrográfica do Douro), visto que as suas características são boas e a sua energia é necessária para cobrir com oportunidade os consumos previstos.
Poderá, porém, estranhar-se que, abrangendo o Plano o sexénio 1953-1958, se preveja uma obra para conclusão em 1959 como acima se diz; mas, se se reflectir, ver-se-á que não pode ser de outra maneira, dado que o consumo aumenta segundo uma lei contínua e a produção aumenta por degraus, cada um dos quais exige investimentos quatro ou cinco anos antes de se tornar útil.
Ë mesmo uma falta grave que se aponta ao Plano o ter previsto a satisfação do consumo até 1958 e não ter considerado que é necessário muito antes disso começar a construção de nova fonte para cobrir o aumento de procura a partir de 1959; a não se fazer assim, teríamos, a seguir a este ano e por uni período de quatro ou cinco anos (tempo de construção de uma unidade grande), a impossibilidade de servir esse aumento. Seria uma perturbação enorme e um descrédito para a obra de electrificação e para o planeamento do seu programa.
Ë para cobrir esta lacuna que a Câmara Corporativa propõe a construção de uma central no Douro; porque, exigindo as previsões que ela deva entrar em serviço no princípio de 1959, como foi dito, ficamos tendo um ano para executar o projecto, que não existe, e cinco anos para a construção prazos normais, que permitem trabalhar sem pressas excessivas, sempre inconvenientes em obras desta responsabilidade. Nada ganhamos em fixar prazos muito curtos, para não os cumprir, o que frequentemente acontece; e no caso presente, na situação de quase tangênçia em que nas encontraremos em 1958, é muito arriscado jogar no encurtamento dos prazos - e perder.
Tendo o Douro dois troços a aproveitar - o nacional e o internacional -, haverá que decidir por qual deles se começa. Embora sem menção expressa, incluiu-se no Plano uma central do Douro nacional (Carrapatelo): a missão americana encarregada do estudo deste rio.
Que entregou recentemente as suas primeiras ideias sobre o problema, inclina-se, ao que se ouve dizer, para o Douro internacional.
A Câmara Corporativa sabe que no Douro nacional a energia permanente tem -
sensivelmente o mesmo preço que nos restantes sistemas em construção ou projecto (Zêzere, Cávado, Távora e Côa), e que é o preço normal para a generalidade das nossas boas quedas de água (cerca de $20 por kilowatt-hora); e sabe também, há muito tempo, que - o Douro internacional é a nossa melhor fonte, mas que tem sido até agora grande demais (600 a 700 (milhões de kilowatts-horas em cada uma das suas três centrais) para interessar à mesquinhez do« nossos consumos; tem a certeza de que ele nos dará energia permanente a preço inferior a $20 por kilowatt-hora ($11? $12?); mas sabe também que ele acarreta maiores encargos de transporte de energia do que qualquer outra central, dado o volume da produção e o grande afastamento dos centros de consumo. Pode até levar-nos a encarar, antes do que estava previsto, a construção de linhas e subestações - de tensão superior à existente (150 k V); - mas, em qualquer dos casos, uma decisão que se tome quanto ao Douro internacional não pode desligar-se do problema do transporte, susceptível de conduzir a, encargos de certo vulto que interessa ponderar, não tanto pelo receio de que venham anular a vantagem do troço internacional, como pela necessidade de estar a coberto de possíveis surpresas.
Por tudo isso, a Câmara Corporativa, conhecendo a contingência das obras e dos números, e não tendo certos elementos de pormenor nem tempo de os obter, não toma posição quanto à prioridade das centrais do Douro; ao Governo competirá toma-la em face das informações de que dispõe. Nem se reputa que a escolha seja problema de muita gravidade; se o estudo do Douro internacional mostrar que ele não oferece qualquer contra-indicação (o que lhe dará direito de prioridade), e se, apesar disso, se optar por Carrapatelo, passaremos a ter esta parcela de energia (já muito pequena em relação ao total) uns centavos mais cara do que poderíamos ter; e como Carrapatelo só dará para uns dois anos de crescimento do consumo, o Douro internacional não esperará muito tempo para mostrar os seus méritos. Importa ter sempre em mente que as centrais, que são a grande maioria, que produzem cada kilo-watt-hora à roda de $20 (preço que não é mau), não podem ser desprezadas, porque não temos outras; há que as construir, mais tarde ou mais cedo. Além do Douro internacional, não se conhece outra possibilidade de preço inferior àquele.
Há uma observação final a fazer quanto ao programa de centrais cuja construção esta Câmara preconiza o que se concentram nos cinco sistemas: Zêzere, Cávado, Távora, Côa e Douro. Essa observação é a de que tais centrais, como se verifica nos quadros insertos no parecer da secção se mostram necessárias para satisfazer, quase sem folga, as previsões do consumo; e são também as únicas de que existem projectos em termos de consentir a sua inclusão no Plano. Não fica margem para escolher.
Não se oferecem reparos especiais ao conteúdo do Plano nos restantes aspectos que interessam à electrificação: apoio térmico, transporte e distribuição.
Quanto ao primeiro, pode dizer-se que há acordo quanto à ordem de grandeza da potência (propõe a sec-