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21 DE NOVEMBRO DE 1952 1209

tamente exposta à violência dos tufões, as perturbações que ela poderia provocar no regime de correntes e de fundos, e que têm de ser bem estudadas, e também os melindres políticos que a sua construção possìvelmente originaria, não aconselham que ela seja empreendida sem a mais reflectida ponderação dos inconvenientes e das vantagens que da execução desta obra podem resultar. Parece, pois, mais aconselhável por enquanto o recurso a pequenas dragagens na zona assoreada, para o que a província já dispõe dos meios necessários.

3. Há, sem dúvida, toda a vantagem em que sejam melhorados os abastecimentos de água já existentes nas ilhas da Taipa e de Coloane e feitas novas captações ou ampliadas as existentes e montadas novos canalizações, por forma a assegurar-se um fornecimento amplo às suas povoações e às indústrias de Macau que, a seguir à dos panchões, cujas fábricas já estão todas instaladas na Taipa, possam assim para ali transferir a sua laboração ou a outras novas que, dispondo já da água indispensável para o seu funcionamento, seja agora possível montar-se.
De igual modo se consideram vantajosas as obras de urbanização, que virão valorizar as ilhas, e, principalmente, a existência de um plano de urbanização a que no futuro os novos arruamentos e construções se tenham de subordinar.

4. O sistema de esgotos de Macau, construído através dos tempos, à medida que a cidade se ia desenvolvendo, e que até hoje tem desempenhado razoàvelmente as suas funções, tem, naturalmente, defeitos, que importa remediar.
Por outro lado, é necessário estender a actual rede a zonas ainda não servidas e a outras que a urbanização vai conquistando.
É de igual modo conveniente substituir e modificar alguns troços velhos, aumentar a capacidade de vazão doutros e levar os colectores a descarregar em locais que não sejam afectados pelo assoreamento, evitando-se assim os maus cheiros nos baixa-mares.
A par das pequenas ampliações e melhoramentos efectuados nos últimos anos, colheram-se também neles os elementos de estudo mais importantes para a elaboração de um novo plano de esgotos. Está-se agora completando este plano, que vai ser utilizado para os trabalhos de aumento e aperfeiçoamento da actual rede, por forma a eliminar-se os inconvenientes apontados.
O plano de fomento vem permitir dar um grande impulso a este problema, que até agora se tem vindo a resolver apenas gradualmente, dentro das disponibilidades orçamentais de cada ano.

5. Para dragagens e aterros no porto exterior de Macau são destinados no plano 50:000 contos pela alínea 1) da segunda rubrica. Este porto pràticamente abandonado desde que em Janeiro de 1942 o valioso material de dragagens da província foi, pela força imperiosa das circunstâncias, alugado a uma companhia japonesa para realizar dragagens nos> portos da ilha de Ainão, onde depois foi afundado pela aviação americana, encontra-se agora completamente assoreado e fora de serviço, que, aliás, nunca prestou senão esporàdicamente, desde a sua construção, que, mais do que um erro técnico, foi um erro económico.
Porém, da própria construção do porto exterior, em que tantos milhões se gastaram e de que agora se pretende novamente tirar alguma utilidade, resultou, felizmente, uma consequência interessante, que em 1937 se começou a revelar mais nìtidamente, e que foi decisiva para o bom funcionamento do porto interior de Macau, sem dúvida o elemento fundamental da economia da província, e sobre cujo melhoramento até 1920 se concentraram os estudos dalguns dos nossos melhores engenheiros de portos.
As águas, que anteriormente se espraiavam entre as pontas de Macau-Siac, em Macau, e da Cabrita, na ilha da Taipa, e depositavam em seguida os materiais carreados na rada, passaram, depois da construção dos molhes do canal de acesso ao porto exterior, a ser consideràvelmente apertadas entre as suas testas e a referida ponta da Cabrita.
Desta circunstância resultou um aprofundamento natural, que desde 1937 se vem progressiva e notàvelmente acentuando e que hoje permite já que os grandes barcos da carreira entre Macau e Hong-Kong entrem no porto interior, nas baixa-mares, sem nunca encalharem, ao contrário do que sucedia com frequência no tempo dos canais dragados que conduziam da rada a esse porto.
Em ocasião de preia-mar entraram em 1950 no porto interior pela primeira vez, através deste canal natural e sem qualquer auxílio de rebocador para as suas manobras de entrada, acostagem e saída, onze navios oceânicos de tonelagem média, alguns dos quais com mais de 17 pés de calado, entre eles o cargueiro inglês Incharram, que descarregou em Macau cerca de 3 000t de arroz e aproximadamente 500 t de carvão.
Mercê deste novo canal, têm também agora sempre estacionado no porto interior os nossos avisos de 2.ª classe em serviço de soberania no Extremo-Oriente e igualmente ali deu entrada e amarrou o aviso de l.ª classe Afonso de Albuquerque, que em viagem de instrução visitou Macau em princípios do corrente ano.
Os quadros que se seguem dão uma ideia do que foi o movimento de entradas e saídas de navios e embarcações de propulsão mecânica (não incluídas as embarcações de vela nem de pesca) e de passageiros no porto interior de Macau nos anos de 1947 a 1950.

Entradas

[Ver Tabela na Imagem]

Saídas

[Ver Tabela na Imagem]

(a) O número maior de saídas é devido às embarcações da fronteira ilha da Lapa, cuja entrada ali não é registada e que depois vêm a Macau meter carga e tirar despacho de saída, geralmente para Hong-Kong.

Tem, pois, até aqui, como se vê, o porto interior de Macau, de particular afeição dos chineses, que nele têm investido avultadas somas na construção de grande número de pontes de acostagem, algumas delas excelentes, e de espaçosos armazéns, servido satisfatòriamente os importantes interesses do comércio e da economia da província, com pequeno dispêndio de conservação dos