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16 DE JANEIRO DE 1953 475

mos a honra e o prazer de levar a cabo através de Angola e Moçambique.
É assim perfeitamente compreensível que, ao voltar a esta Assembleia, comece por dirigir os meus mais vivos agradecimentos aos dois ilustres Deputados, Sr. Comandante Vasco Lopes Alves e Sr. Mascarenhas Gaivão, que, em nome daquelas províncias, com tanta elevação sublinharam o real significado da nossa viagem.
«Missão de boa vontade», como expressivamente lhe chamou o engenheiro Cancela de Abreu, a nossa tarefa só foi de facto possível mercê, já não digo da indispensável boa vontade dos seus componentes, mas, sobretudo e principalmente, graças ao acolhimento, melhor direi, à entusiástica boa vontade, à excepcional e comovedora recepção dos portugueses de além-mar, que nos receberam com carinho e entusiasmo inexcedíveis.
Viagem trabalhosa e fatigante, exaustiva até, da qual, na memória e na retina, conservamos as mais gratas recordações e imagens, proporcionou-me, como poucos acontecimentos da minha vida, horas da mais alta elevação espiritual e de ardente e profundo lusitanismo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Esperávamos muito, mas o que vimos excedeu toda a nossa expectativa. A observação e a verificação do progresso moral e material das nossas vastas províncias ultramarinas não podem deixar de nos causar alegria e orgulho, o legítimo orgulho do português a quem é dado ver com os seus próprios olhos que «Portugal não é um país pequeno».
Parece-me oportuno prestar nesta Assembleia mais uma vez homenagem aos obreiros dessa realização magnífica - aos missionários, aos colonos, aos comerciantes, aos industriais, aos nativos, ao Governo, aos militares e aos funcionários.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Vimos os missionários trabalhando na sua obra incomparável, lenta e espinhosa, mas da qual tão fecundos resultados espirituais se colhem.
Vimos os colonos na agricultura, na indústria, no comércio, cheios de confiança em si próprios e de esperança no futuro, a trabalhar de sol a sol, amando enternecidamente Portugal, cheios de sonho e firmeza.
Vimos os nativos chamados ao convívio fraternal da nossa civilização, que desconhece a distinção de raças e continua, assim, a cumprir a sua secular vocação de criadora de nações, sob a égide sagrada da Cruz, que a todas as raças protege.
Vimos os militares e funcionários levando aos pontos mais recônditos do sertão a ordem, a paz e a justiça portuguesas, fazendo respeitar e amar pelas populações nativas a nossa bandeira - reflexos vivos do Governo Central e dos Governos das províncias, a cuja grandeza e prosperidade tanta inteligência e solicitude têm dedicado.
Por toda a parte encontrámos portugueses conscientes do dever que lhes impõe a hora que atravessamos e irmanados no mesmo desejo de contribuírem, cada qual dentro da sua esfera de acção, para o ressurgimento nacional, fazendo com que este Portugal melhor dos nossos dias continue a ser, na mais ampla acepção da palavra, um Portugal maior, na grandeza dos territórios, na prosperidade da sua vida, na unidade e solidariedade da sua gente.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A comovedora lição que recebemos de todos estes homens - o seu trabalho infatigável e esforço permanente, o seu bom senso, o seu acendrado patriotismo e nacionalismo integral - força-nos a saudá-los com respeito!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sim, a emocionante lição destes nossos irmãos portugueses - na fidelidade aos princípios da Revolução Nacional e ao egrégio estadista que os definiu e os vem pacificamente defendendo e sustentando há um quarto de século, por entre o fragor das guerras e o desabar de nações e regimes - leva-nos não só a essa saudação efusiva, mas, sobretudo, a aproveitar o que essa lição tem de estimulante e permanente.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: o que vimos nesta viagem, os ensinamentos de toda a ordem que nela colhemos, a consolação espiritual recebida justificam sobejamente o redobrado orgulho que neste momento sinto de haver nascido português e o de ter vindo ao Mundo na era magnífica de anseios e realizações que é a nossa e me permitiu colaborar, ainda que como simples soldado, na obra gigantesca levada a efeito pelo Sr. Presidente do Conselho, cujo nome já todos irmanamos, os da metrópole e os do ultramar, com os dos outros que construíram o nosso império e que, por esse motivo, da lei da morte se libertaram!
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Caetano Beirão: - Sr. Presidente: completa hoje 90 anos o antigo parlamentar e Ministro de Estado conselheiro António Ferreira Cabral Pais do Amaral.
Um grupo de amidos e admiradores seus tomou a iniciativa de comemorar esta data festiva para quem, como o conselheiro António Cabral, conserva ainda toda a lucidez de espírito e uma saúde que, para aquela idade, se pode considerar excepcional. E merece essa homenagem - merecia até que ela atingisse maior vulto, o que a seu pedido se evitou - quem foi magistrado inflexível, político vigoroso e intransigente, orador brilhante e escritor do mais fino quilate.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Quiseram que a minha palavra sem brilho fosse o eco dessa comemoração na Assembleia Nacional. Afora tal circunstância, deve reconhecer-se que fica bem evocar a sua figura inconfundível no hemiciclo onde durante tantos anos fez ouvir a sua voz vibrante em apóstrofes violentas, em intervenções fulgurantes, em discursos de rara eloquência, ao atacar os seus adversários ou na defesa dos Governos do partido em que militou e da causa a que se devotou com a maior abnegação.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Pertencente a uma família de políticos, cedo abalou do magnífico solar de seus pais, em Agre-los, para ingressar nas lides da política, filiando-se num dos grandes partidos do rotativismo do tempo.
Foi administrador de concelho e nessas funções teve. de se haver com graves conflitos, que, com a sua energia e ponderação, conseguiu solucionar. Isso valeu-lhe