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19 DE MARÇO DE 1953 913

sempenhassem a função subalterna e directamente dependente do professor de Educação Física.
Mas, como o argumento da Câmara Corporativa é o elevado número de jovens e adultos a movimentar na ginástica e nos desportos, fatalmente, como no parecer se aconselha claramente, esses instrutores e monitores exerceriam actividade independente e igual â do verdadeiro diplomado no nível de professor.
Seria o desânimo e a ausência de estímulo para os futuros candidatos a professores.
De resto, cada professor de Educação Física abrange centenas de alunos e praticantes de desporto. Isto acontece, e julgo estar bem, nos estabelecimentos oficiais, onde cada professor com vinte e duas horas pode estender a sua acção a cerca de 400 alunos, na hipótese legal de todas as turmas serem de 40 alunos.
Este máximo legal, em regra, não é atingido, por ser elevada a percentagem dos incapazes de exercícios físicos por deficiências orgânicas, especialmente cardíacas e respiratórias.
Mesmo na base de 300 alunos por professor, seriam necessários l 666 professores para os 500 000 jovens, que parece haver na metrópole e ilhas adjacentes, necessitados de cultura física.
Além disso, aos professores de Educação Física das escolas oficiais secundárias, únicas onde existe estabelecido esse ensino, não é vedada a actuação no campo particular, o que amplia e muito a sua esfera de acção.
E até por esta regalia, que acho perfeitamente lógica, que os seus vencimentos distam bastante dos agregados e muito mais dos professores efectivos. Têm também a prerrogativa de estarem inscritos 110 seu sindicato, embora sejam contratados permanentes, com todos os deveres e direitas dos efectivos. Creio que são os únicos funcionários do Estado que podem beneficiar da organização corporativa.
Não obstante, os vencimentos desses professores deveriam ser relativamente mais elevados.
Em todo o caso um problema de tal magnitude, como seja a solução completa da educação física em escalão nacional, necessita de tempo para ser inteligentemente estudado e executado.
Do zero que era no domínio oficial antes de 1905 até hoje muito terreno útil se tem percorrido, e não se diga que não se progrediu substancialmente.
É claro que há duas zonas de educação física, perfeitamente distintas.
Uma, a mais vasta, delicada e complexa, é a que abrange a infância e a adolescência. Outra, é a que respeita aos adultos, e esta localiza-se principalmente na organização militar do País, na F. X. A. T. e nos clubes desportivos.
A primeira é a ginástica de formação e iniciação desportiva, que é inseparável da formação moral e intelectual dos indivíduos.
A segunda, para adultos, visa essencialmente à conservação e aperfeiçoamento das qualidades físicas individuais por meio de ginástica e desportos adequados, com o fim patriótico de melhorar a raça para o trabalho e para a guerra, quando esta calamidade se impuser.
Portanto, há que estabelecer planos diferentes ou diferenciados na futura orgânica da educação física, como a Câmara Corporativa preconiza no seu parecer.
Voltando à primeira, a que respeita à infância e à adolescência, é do conhecimento público que esta zona escolar e extra-escolar está sob a orientação e fiscalização da Mocidade Portuguesa e da Mocidade Portuguesa Feminina, e isto desde 1947 para os liceus e 1948 para as escolas industriais e comerciais, com obrigatoriedade de a elas pertencerem todos os estudantes inscritos, quer no ensino oficial, quer no particular.
Pode classificar-se de tentativa o que se tem feito com as naturais hesitações e desvios próprios dos homens.
Impõe-se uma remodelação, aliás anunciada pelo ilustre titular da pasta da Educação Nacional, para que a organização melhore e aumente a sua eficácia e se eliminem duplicações do actividades, especialmente no sector feminino.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O distinto Deputado Moura Relvas, na sua brilhante intervenção, que iniciou este debate na generalidade, manifestou a opinião de que, se bem entendi, a educação integral da juventude deveria ser entregue à Mocidade Portuguesa.
Ora eu peço licença a S. Ex.ª para discordar, porquanto a educação integral da juventude resulta do somatório da actuação de vários factos primordiais e diferentes: a acção da família, da escola, da igreja, das organizações adjuvantes entro as quais a Organização Nacional Mocidade Portuguesa, masculina e feminina, ocupam lugar proeminente- e do ambiente social.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sabemos todos que a acção da família é, infelizmente, em muitos casos negativa. Mal iria, porém, á sociedade se essa fosse a regra. Esse abandono da educação dos filhos é mais frequente nas camadas de maior carência económica e nas mais abastadas.
E lamentável que nestas se alastre a moda de alienarem em estranhos, perceptores, mesmo criadas, colégios, etc., os deveres familiares que, mais do que a ninguém, aos pais, e especialmente aos pais cultos, incumbem.
A escola é o complemento natural da acção da família e muitas vezes o principal substituto desta.
A velha fórmula de ensinar para instruir sucedeu, e ainda bem, a de ensinar educando.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A alteração operada na designação do Ministério da Instrução para a actual, de Ministério da Educação Nacional, foi uma feliz inspiração do Estado Novo, porque só por si ela marca uma doutrina e aponta claramente um rumo definido.
Além do mais, a palavra «professor» sempre foi sinónima de «educador».
A respectiva preparação pedagógica orienta o professor nesse lógico sentido. Pelo contacto e convívio, o professor, mesmo através das matérias que ensina, está em condições óptimas de contribuir para a formação moral dos seus alunos. E desgraça seria se assim não fosse, como se prova com as calamitosas excepções quando assim não é.
A Igreja exerce a sua benéfica acção através da escola ou directamente pelos seus próprios meios.
A Mocidade Portuguesa tem pela lei-base das suas directrizes fins específicos a alcançar: formação pré-militar «que estimule o desenvolvimento integral da sua capacidade física, a formação do carácter e a devoção à Pátria, e a coloque em condições de poder concorrer eficazmente para a sua defesa».
Portanto, é uma organização essencialmente patriótica ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... que visa a robustez física e moral da juventude e a saia formação política no que esta