O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

9 DE FEVEREIRO DE 1955 545

segundo .se diz, de extraordinária produção, a colheita de 1954 aproximou-se de 12 milhões. Aonde iremos parar nos futuros anos de grandes colheitas, originadas no aumento derivado só das novas plantações dos últimos anos? Será uma tragédia.

O Orador: - Demonstrou-se aqui, por meio de um gráfico do Sr. Deputado Melo Machado, que essa produção já tinha sido excedida em 1945 e 1946, anos em que a colheita foi aproximadamente de 14 000 000 hl, H o crise resolveu-se.

O Sr. Paulo Cancella de Abreu : - Porque se seguiram anos de baixa produção.

O Orador: - Os ciclos da produção de vinho não acusam normalmente mais do que dois anos de grande produção.

O Sr. Paulo Cancella de Abreu : - No futuro veremos. O Sr. Camilo Mendonça: - V. Ex.a dá-me licença?

O Orador: - Tenha a bondade.

O Sr. Camilo Mendonça: - V. Ex.a recorda-se de qual foi o valor do investimento feito através de compras e de financiamentos na saíra de 1944-1945?

O Orador: - Suponho que os mais altos créditos concedidos à Junta atingem cerca de 700 000 contos. Este ano não ultrapassaram ainda os 120 000 contos.

O Sr. Camilo Mendonça: - Pois exactamente; em 1944-1945 o valor dos investimentos atingiu cerca de 710 000 contos, que em escudos de hoje representam aproximadamente 820 000 contos, enquanto no princípio desta campanha as disponibilidades da organização não chegavam à quarta parte daquela cifra.

O Orador: - Creio que estou em perfeita concordância com a linha de pensamento de V. Ex.a acerca deste problema.
Até aqui toda d produção dos vinhos se tem escoado, embora nos anos de maior produção tenham transitado alguns saldos para os anos seguintes, mas a verdade é que, e em resposta ao Srs. Deputados Camilo Mendonça e Paulo Cancella de Abreu, logo se escoam, pois raro se verificam mais de dois anos seguidos de alta, produção.

O Sr. Camilo Mendonça : - Em 1953, antes da respectiva colheita, não havia qualquer stock de vinhos do Pois, caso que, fora do período anormal da guerra, se não verificava há muitos anos.

O Orador: - Quem armazenava esses saldos?
Na área da Junta Nacional do Vinho era esta que tis armazenava quase totalmente, comprando-os à produção e transformando-os, em parte, em aguardente, de que se libertava nos anos de fraca produção, vendendo-a para tratamentos do vinho do Porto. A outra parte ora para bónus da exportação.
Isto acontecia quando o vinho do Porto era tratado rum as boas e apropriadas aguardentes do Sul.
Porém, hoje esta solução desapareceu, porquanto o vinho do Porto é tratado, obrigatória e quase exclusivamente, com aguardentes provenientes de vinhos produzidos na região demarcada do Douro.
E esses vinhos são transformados em aguardentes, porquanto o consumo do vinho do Porto baixou e a produção de vinhos na região demarcada do Douro aumentou por tal forma que dela só pode ser tratada cerca de uma terça parte; o restante é vinho comum e para queima, pela qual se transforma em aguardente. E é com esta aguardente de alto preço que é tratado o vinho do Porto, que assim se encarece.
Assim deixou o Douro de comprar no Sul cerca de 10 000 a 13, 000 pipas de aguardente anualmente, o que representa 70 000 a 74 000 pipas de vinho.
Esta circunstância veio limitar substancialmente à intervenção da Junta Nacional do Vinho no mercado e perturbar toda a economia do vinho na sua área.

O Sr. José Sarmento: - Para isso utilizou-se aguardente de há dois amos, aguardente do Douro proveniente dos vinhos que não foram beneficiados, cujo preço foi apenas aumentado 20 por cento, isto é, a aguardente feita no Douro com massas belíssimas não aumentou o custo senão em 20 por cento; mais queria fazer notar que a aguardente 110 Douro é barata relativamente à origem que teve.

O Orador: - Portanto, foi cama quanto à origem que tem, mas são condeno o Douro por fazer a defesa dos seus interesses.

O Sr. Amândio Figueiredo: - V. Ex.a dá-me licença?
Eu desejaria apenas esclarecer V. Ex.a, de que o Douro, em 1924, exportou cerni de 100 000 pipas e a média da produção actual é de cerca de 150 000; sendo o consumo regional de 30 000 pipas, pouco ficaria para o seu comércio de vinhos de pasto, que sempre existiu. Logo, não está certa a afirmação de V. Ex.a de que o Douro triplicou a sua produção.

O Orador: - Eu terei oportunidade de fazer aqui uma referência ao Douro que foi proferida por quem tinha a idoneidade precisa: o nosso saudoso colega Viterbo Ferreira.

O Sr. Amândio Figueiredo: - Se V. Ex.a estava atento às considerações feitas pelo nosso colega Sr. Dr. Carlos Moreira, verificou que o aumento foi apenas de l por cento. É que se faz confusão entre a região demarcada do Douro e a área da 4.ª brigada do plantio, que não diz respeito à região demarcada.

O Orador: - Da região demarcada do Douro são os números que referirei a VV. Ex.as
Também a circunstância de a exportação ter diminuído contribuiu para dificultar a acção de saneamento e regularização que a Junta vinha exercendo no mercado do vinho na sua área, pois concorre directamente para que maior volume de vinho se lhe ofereça para comprar.
A situação assim criada põe à Junta três graves problemas: um de ordem financeira, outro de armazenamento e outro de escoamento.
O problema financeiro foi agravado pelo facto de lhe ter sido diminuído o volume dos financiamentos que em anos passados lhe eram concedidos.
O problema de armazenamento não pode resolvê-lo instantaneamente, pois se não improvisam armazéns de vinhos de um momento para o outro, e foi de um momento para o outro que imprevisivelmente o problema se lhe apresentou.
Das circunstâncias acabadas de referir resultou que a intervenção regularizados da Junta na campanha do ano que decorre não se iniciou nos moldes dos anos anteriores.
E porque a produção do ano de 1954 foi elevada e também o fora a de 1953, resultou esta queda brusca e vertical dos preços dos vinhos para cerca de 50 por cento do preço do passado ano, preço que é inferior ao de custo de produção.