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25 DE MARCO DE 1955 685

Ninguém pretenderá afirmá-lo. Nada que saia das mãos do homem logra- ser absolutamente perfeito. A perfeição absoluta é impossível de atingir sobre a Terra. Mas temos de trabalhar, temos de lutar como se possível fosse chegar ao máximo da perfeição. Este, o nosso maior e mais vivo empenho; .este, o constante cuidado da nossa devoção patriótica.
Anotar deficiências, fazer sugestões, solicitar providências, não é, porém, deixar de reconhecer e admirar tudo quanto de bom vai feito em todos os sectores da vida nacional e em condições de justificado- orgulho para o nosso brio de Portugueses. Só o não vê e não sente quem não tenha coração para sentir, nem olhos paru ver e admirar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Um só pensamento domina e inspira os homens que nesta Câmara trabalham - colaborar dedicadamente com o Governo na promoção do maior e melhor bem comum. Um só sentimento lhes toma o espírito e o coração - amor encendrado à bendita terra portuguesa, vivido em anseios de total e gloriosa imolação.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Porque assim é, Sr. Presidente, porque outra não é a nossa função, entremos confiadamente no interessante debate que neste momento toma o melhor cuidado e atenção desta Câmara.
Sr. Presidente: que é a família, na sua essência e nos seus fins?
Atentemos em que para a constituição da família não basta um coração. São necessários dois corações, que, instintivamente sequiosos de afecto e de amparo, se procuram, se encontram, se prendem, se unem, se fundem nos mesmos sentimentos, nas mesmas aspirações, nos mesmos anseios, nos mesmos destinos.
A família é, portanto, essencialmente obra de amor. É neste sentimento, de todos o mais humano e o mais divino, que ela nasce, que ela se desenvolve e robustece, que ela se vivifica, se embeleza e se consome.
Dois corações fundidos num só coração, duas almas fundidas numa só alma, duas vidas fundidas numa só vida!
Eis o que a família fundamentalmente tem de ser para que, sem qualquer mistura, se torne «célula viva da própria vida nacional, forja indefectível e fecunda das melhores e mais altas virtudes humanas, santuário bendito dos mais nobres e puros sentimentos».

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - O homem, a cabeça da família; a mulher, o seu coração. O homem, o chefe; a mulher, a sua dedicada e constante colaboradora - adjutorium simile sibi, ma linda expressão do Génese; e ambos tendo em suas mãos as fontes mesmas da vida. Unidade perfeita, que naturalmente importa rigorosa indissolubilidade.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Porque a família é isto e estes são os objectivos altos que, por divina instituição, lhe foram impostos, não podia a Constituição Política Portuguesa deixar de atribuir-lhe o lugar de relevo que lhe compete como «fonte de conservação e desenvolvimento da raça, como base primária da educação, da disciplina e harmonia social e como fundamento da ordem política e administrativa da Nação».
Há, pois, que proteger e defender a família contra todos os perigos de desagregação, prodigalizando-lhe todos os meios para que ela possa intensamente viver o seu espírito e plenamente realizar os fins para que foi instituída. Está nisto o melhor e maior interesse da própria vida da Pátria.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Ao Estudo compete, como dever grave e imperioso, promover essa protecção, realizar essa defesa, conforme expressamente determinado está na Constituição, e em termos consoladoramente inequívocos.
Tem-se procurado viver na sua plenitude, como convém, essa doutrina admiravelmente concebida e afirmada?
Muito vai já feito, graças a Deus! Mas tudo quanto se pode e deve?
Sr. Presidente: seja-me permitido usar mais uma vez da costumada linguagem, toda feita de clareza e lealdade, que outra não sei eu ter nem ia consciência ma consentiria.
Falar da família, Sr. Presidente, é falar, sobretudo, da mulher. Quero, pois, e devo, antes de tudo, dirigia do alto desta tribuna à mulher portuguesa, tão digna e distintamente representada nesta Câmara pelas ilustres Deputadas Sr.ª D. Maria Margarida Craveiro Lopes dos Reis e D. Maria Leonor Correia Botelho, as minhas mais (respeitosas saudações, que importam homenagem efusiva à nobreza da sua alma cristianíssima, à riqueza das suas singulares virtudes, aos anseios generosos da sua imolação heróica, que, tornando-a vido, de todas as grandes coisas, soberanamente a distinguem entre as mulheres do mundo inteiro.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Afirma-se, e com rigorosa exactidão, que a família vale o que valer a mulher. E que, Sr. Presidente, sendo a família fundamentalmente amor e sendo a mulher o seu coração, lógico é concluir - e os factos asseguram a justeza da conclusão - que a mulher é o, alma da família, o seu anjo tutelar, a sua beleza e salvaguarda constante.
E tanto assim é que à união dos esposos se chama «matrimónio», palavra admirável, que, decomposta, nos dá esta linda expressão: matriz munus - múnus da mãe. É que, na verdade, à mulher pertence a principal parte na sociedade conjugal, a maior responsabilidade ma orientação familiar.
E a Santa Igreja confirma seguiram ente o asserto quando sabiamente dispõe que na missa pró Sponso et Sponsa seja para a mulher que especialmente e instantemente se implorem as melhores bênçãos de Deus e as saias mais santas inspirações.
Realmente, sejam quais forem as funções que a Providência lhe haja marcado, dentro ou fora do casamento, e quaisquer que sejam as circunstâncias que envolvam a sua vida, a mulher é sempre, por excelência, o ser da dedicação e do sacrifício, generosamente pronta a imolar-se em rasgos lindos de gloriosa e impressionante abnegação.
Ninguém como ela sabe conquistar e prender as almas e sobre elas exercer um domínio completo e decisivo. Por isso ela goza, dentro ida família, duma autoridade incontestável e incontestada, tornando-se verdadeiramente um oráculo sempre e docilmente escutado.
Apresso-me, pois, a perguntar: se o lar doméstico é o lugar especialmente determinado à sua actividade redentora, como se tem procurado preparar e formar a