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30 DE MARÇO DE 1955 705

(...) tem perdido! - e a disponha também a uma colaboração voluntária, sem a qual fica improfíqua toda a acção dos mestres e dos livros.
Pede-lhe, sobretudo, a educação moral concordante com a fé cristã, professada por 90 por cento da população, não só através de aulas de Religião e Moral, como por meio de toda a actuação da vida escolar.
Pede-lhe ainda que seja acessível aos orçamentos das famílias a que se destina e, quando não seja gratuita, ao menos razoável no custo das propinas e do material escolar e em, despesas acessórias.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Só assim pode cooperar verdadeiramente com as famílias que correspondem as suas responsabilidade e está em condições de suprir as deficiências daquelas que, por qualquer motivo, as desconhecem ou não as podem assumir.
A designação do actual Ministério da Educação Nacional, a que a escola está directamente ligada, corresponde ao pensamento de compreensão exacta deste problema, fazendo esquecer a confusão que se poderia ter levantado sobre a possibilidade de uma instrução desligada da educação integral, tão inverosímil afinal como a possibilidade de viver uma cabeça independentemente do corpo a que pertence.
E, para além desta designação formal, vemos melhorar sensivelmente o ambiente educacional do País, escolar e paraescolar, em todos os sectores que hoje são dependentes daquele Ministério.
Se há hora em que podemos estar gratos ao Estado pela compreensão deste grave problema, se podemos honrar-nos da actuação do Ministério da Educação Nacional, é esta em que vemos levada a cabo a magnífica campanha contra o analfabetismo, deficiência esta que tanto no» envergonhava a olhos estranhos estranhos prejudicava pela desvalorização de toda a ordem que significava. São escolas novas que se erguem em todos os recantos do País; é a preocupação de atingir todas as crianças - as isoladas, as doentes, as ambulantes, as atrasadas. E a preocupação de atingir a maioria dos adultos susceptíveis de aprendizagem. São bibliotecas que se fundam, revistas que começam a divulgar-se. Vemos o problema compreendido em toda a sua profundidade e extensão, observado o pormenor dentro da esclarecida visão de conjunto, tudo atendido com carinhosa dedicação. Vimos seguindo a par e passo a actuação do ilustre Subsecretário de Estado da Educação Nacional em contacto directo com as realidades de cada região, pedindo a melhor colaboração aos professores e às famílias, assegurando a do Governo. É obra que define um chefe, que honra uma nação.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Bem razão temos, Sr. Presidente, para afirmar que onde quer que exista um grande pensamento, uma vontade perseverante, não há dificuldades e incompreensões que não se vençam.
Razão temos, Sr. Presidente, para alimentar hoje mais do que nunca a esperança de que tenha chegado a hora de ver o Governo interessar-se a fundo pela educação dos novos, que, no dizer de S. Exa. o Sr. Presidente do Conselho, é o problema que está na base de todo o problema nacional.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora:

São as ideias que governam os povos e são os grandes homens quem tem as grandes ideias. E nós não temos homens porque os não formamos, porque não nos importaram nunca métodos de educação.

Estas são palavras de Salazar em 1909.
E em 1934 afirma:

Nós não compreenderíamos - nós não poderíamos admitir - que a escola, divorciada da Nação, não estivesse ao serviço da Nação e não compreendesse o altíssimo papel que lhe cabe nesta hora de ressurgimento, na investigação e no ensino, a educar os Portugueses para bem compreenderem e bem saberem trabalhar. E é pouco ainda.

Permita-me V. Exa. Sr. Presidente, que venha aqui lembrar também as palavras que S. Exa. O Sr. Dr. Veiga de Macedo pronunciou há algumas semanas em Faro:

Não se julgue que estamos plenamente satisfeitos. Sabemos que não se alcançaram ainda, os objectivos em vista. Por isso, e até porque em matéria de educação nunca se chega ao fim - não estará aí porventura o mais alto título de glória dos educadores? -, por isso aqui nos encontramos de novo prontos a recomeçar, esquecendo o muito que há feito, para nos preocuparmos apenas com o muito que há a fazer e se oferece à nossa ânsia de realização e renovação.

Sr. Presidente: que este muito que há a fazer seja cada vez mais a visão de conjunto do problema educacional português, da escola infantil à Universidade, escolar e pura escolar, com atenção cuidada aos pormenores necessários . . .
E não, como até há pouco tem sucedido, reduzi-lo a meras e locais modificações de programas, de cursos, de regime de exames, etc., pormenores desintegrados da visão conjunta do problema, em que não são ouvidos em proporção justa todos os que têm responsabilidades de educadores, isto é, a Família, a Igreja, os Mestres; estas alterações constantes ao que já existe, salvo algumas medidas de excepção, vão melhorando aqui, piorando acolá, mais não resolvem cabalmente nada.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

A Oradora: - De facto, corresponde a escola portuguesa, quer privada, quer oficial, ao esboço traçado há momentos? Corresponde ela ao pensamento de Salazar?
Corresponde ainda o cinema, a orientação desportiva, a literatura acessível à mocidade, o ambiente das diversões, a uma coerência com a doutrina ensinada na escola?
Sr. Presidente: há dias, em sessão solene comemorativa do 20.º aniversário da publicação da encíclica Divini [...] Magistri, foi apresentada, com clareza magnífica, pelo insigne Prof. Dr. Braga da Cruz, não só a doutrina expressa nessa encíclica, como o panorama geral português respeitante à posição da Igreja e das famílias em relação à escola. As palavras que ali se ouviram, e a cujo sentido me vou reportar nas considerações que seguem, porque de tal forma vão ao encontro do que tencionava aqui dizer, correspondem integralmente à consciência das famílias cristãs, da esmagadora maioria das famílias portuguesas. Talvez não encontrem sequer oposição da parte de muitas famílias que não professam a fé cristã e que, não raramente, enviam os seus filhos às instituições educacionais confiadas à Igreja.
Note-se, Sr.. Presidente: é com maior confiança, é sem a mais pequena reserva, que nós hoje entregamos a educação dos nossos filhos às escolas oficiais, tão notável tem sido a obra renovadora realizada nos últimos tempos, merecedora do nosso inteiro louvor.