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704 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 86

(...) bem-estar, para que seja preferido a qualquer outro, é indispensável que possa, assegurar-se adentro das suas paredes a presença da mãe de família. É preciso, é indispensável que esta não esteja comprometida no ganha-pão, no reboliço exterior, nas canseiras e na dispersão da vida moderna, incompatíveis, pela absorção de tempo, de forças e de atenção que ocasionam, com a sua vida de educadora dedicada, de guardiã vigilante da harmonia e da felicidade do lar, pois é dela, como aqui foi afirmado com tanta elevação pela voz autorizada do ilustre Deputado Mons. Santos Carreto, que depende na maior medida o rendimento de toda a missão familiar.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Permita Deus, Sr. Presidente, que esta aspiração do progressivo regresso da mulher ao lar se torne em breve uma realidade, e essa seria a melhor protecção prestada à família. Não se esqueça, porém, que essa protecção só será verdadeiramente eficiente por uma acção conjunta da mais esclarecida formação e da melhoria sensível da situação económica familiar. A falta duma e doutra é que tem provocado a constante procura de empregos por parte da mulher e de outras ocupações, que a afastam da sua principal missão.
Não quero alongar-me por este sector, a que de resto já fiz referência. Mas tanto se tem dito a esse respeito, através da opinião pública e nesta tribuna, que é justo confiarmos em que a nossa voz unânime será ouvida.
Como resolver, porém, um problema que, aliás, preocupa cada vez mais todas as nações? Não haverá decerto uma solução única a adoptar para a cidade, a vila, o campo . . . Mas não poderá contribuir em larga escala a valorização dos elementos da família?
Por um lado, valorização humana e profissional do chefe, daquele que tem obrigação de manter o lar e cujos desmandos, falta de saúde e falta de competência profissional são tão nocivos à vida e à economia familiar.
Por outro lado, valorização da mãe de família, para que adentro da casa não venha a sentir-se como uma profissional falhada da actividade exterior ou a escrava do trabalho mais duro, mas a profissional competente do mais valioso trabalho para a economia doméstica, a ordenadora dessa mesma economia e, sobretudo, aquela que se sente feliz por se ver entregue à sua verdadeira vocação de mulher.
A presença actuante da mãe de família no lar aumentaria o rendimento educacional dos filhos, evitando ao mesmo tempo os danos morais e físicos, a que se torna necessário suprir por meio de instituições educacionais e que forçosamente adviriam da sua ausência.
Sr. Presidente: conheço de perto as dificuldades das famílias. Não é raro, infelizmente, encontrá-las. E, dentre os casos já considerados normais, ocorrem-me alguns, aliás frequentes, que passo a citar: são famílias em que o chefe na idade de ser operário especializado, merecedor de justo salário, se encontra como servente ou ajudante de qualquer ofício, como trabalhador de acaso, sem poder auferir ganhos que mantenham dignamente a família, sujeita à miséria logo que qualquer circunstância o iniba desses misteres eventuais.
Suo famílias em que o chefe é um daqueles falhados em cursos que empreendeu sem critério nem qualquer orientação profissional, e anda sempre em busca de qualquer remedeio que lhe permita angariar para os filhos o pão de cada dia.
São famílias em que a mãe onera o talvez escasso orçamento pelo desperdício, pela falta de zelo, pelo constante recurso a outrem para satisfazer as necessidades da vida doméstica, ainda que, por vezes, no fundo da gaveta, esteja enrolado um diploma que apenas lhe faz apetecer outros misteres . . .
Onde falha si valorização do chefe é ao trabalho de recurso da mãe e até dos filhos, na idade em que comprometem a sua própria valorização, que se vai buscar o essencial. Onde falha a valorização da mãe de família não há salário do chefe que suporte os seus prejuízos. E num e noutro caso, quando surgem quaisquer emergências, é aos subsídios assistenciais que há que recorrer-se. Estes, porém, deveriam estar reservados àqueles casos não evitáveis, que, infelizmente, como diz o Evangelho, sempre havemos de ter connosco, e em que obras do Estado, obras particulares e, sobretudo, a caridade cristã praticada através delas ou na humildade do silêncio sempre hão-de unir-se para converter as lágrimas em sorrisos.
Para que o lar corresponda ao que a sociedade tem o direito de lhe pedir - e bom é que se lhe peça muito e não se julgue que o Estado possa suprir a sua missão, segundo os erros do totalitarismo - há que enveredar pelo caminho da valorização dos seus membros, adequada ao homem e à mulher, e ainda orientada criteriosamente segundo os dons particulares de cada um; espiritual e moral acima de tudo, mas rendo em conta as realidades humanas, logo prática e profissional. Se não podemos desde já remediar todas as dificuldades das famílias actuais, mais razões encontramos para não pouparmos energias e despesas que redundem na valorização das gerações novas.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

A Oradora: - E de acordo com este pensamento é talvez tempo de enveredar por uma ordem económica em que progressivamente seja possível coutar com verbas que haveriam de gastar-se em remediar desgraças, para evitá-las por meio de melhor preparação dos homens de amanhã. Quanto é possível referir a uma comparação este pensamento, eu creio que é mais económica a profilaxia da incompetência profissional, da doença, da imoralidade, do vício, do que o remédio indispensável para acudir aos efeitos da sua epidemia. E são aqueles males os principais causadores dos casos sociais, tão numerosos hoje em dia.
Eu creio que corresponde a uma aspiração legítima que a assistência, sem deixar de cumprir a sua missão junto dos lares em crise, num plano económico nacional, cuja visão esteja acima, das divisões indispensável à boa ordem dos serviços, vá cedendo lugar a uma maior previdência, e ainda dentro deste pensamento de prevenir o futuro seja encarado a sério, com largueza de vistas e de meios, o problema geral da educação.
Sr. Presidente: para além do lar, a escola é o meio que mais influi na formação da criança e do adolescente, porque nela vive horas e horas na idade receptiva por excelência, em que o espírito se grava como cera mole, a vontade se fortifica, as mãos se adestram e as forças físicas se desenvolvem. A escola, quer oficial, quer privada, é também o auxiliar a que a família mais recorre para educação da juventude, hoje mais do que outrora, em que as classes mais humildes a dispensavam e as mais abastadas a supriam.
Pede-lhe os conhecimentos especializados, que não pode nem sabe dar, a cultura geral concordante com a época e com o meio, a formação técnica e profissional, para garantia do futuro, a educação física necessária a um equilíbrio do desenvolvimento.
Pede-lhe que transmita esta educação com o conhecimento adequado das realidades da criança a que se destina e com a devoção que despeite na juventude o apetite pela sua valorização pessoal - que tanto se