15 DE MAIO DE 1959 753
Contribuiu muito para a possibilitar o avultado donativo oferecido com este fim pelo conselho de administração da Sapec, empresa industrial instalada em Setúbal.
Esta circunstancia, que antecipou o inicio de construção do novo hospital, deve ser encarecida como merece, pelo que encerra de elevada compreensão por parte dos administradores da empresa, mas, .como o seu director afirmou no acto inaugural, esse gesto só foi possível pelo clima de paz e prosperidade, de ordem e estabilização e valorização da moeda e por tudo quanto o Pais deve à sábia governação de Salazar.
Nenhum português digno deste nome pode ficar indiferente perante esta declaração de reconhecimento pela notável obra de ressurgimento levada a efeito no Pais . pela inteligente e patriótica orientação do Sr. Presidente do Conselho. Mas quando estas afirmações partem de um estrangeiro ilustre, altamente situado para poder apreciar com visão objectiva e clarividente estas verdades, elas merecem um tal relevo que não posso deixar de o por em destaque.
Creio bem que esta Assembleia consentirá que eu repita aqui as palavras cheias de emoção com que aquele estrangeiro ilustre se referiu ao nosso pais.
Depois de invocar a memória de um filho falecido na nossa terra e em homenagem, ao qual a Misericórdia de Setúbal deu o seu nome ao novo hospital, disse ele:
Tenho aqui a meu lado os. seus irmãos. Eduquei-os na amor por Portugal e estão hoje convencidos de que, além da Bélgica, não há sobre a terra país melhor e mais belo, que deve muito dos seus privilégios, não só à excelência do seu clima, como ainda ao génio daquele que, desde há trinta anos, dirige os seus destinos através de períodos dos mais difíceis da história do Mundo.
Sr. Presidente: a vasta rede hospitalar de que o Pais tanto necessita para poder executar perfeitamente o plano de assistência pública extensiva a toda a população encontra neste novo hospital mais um elemento seguro que há-de contribuir, estou certo, para a sua metódica e eficiente execução.
Neste aspecto o Governo, pelo Ministério das Obras Públicas e sob a orientação do ilustre titular desta pasta, tornou possível, ao abrigo do plano de 1946 da orgânica hospitalar, a criação de 51 hospitais sub-regionais e a ampliação de 47, estando em construção 12 e em ampliação 4, o que perfaz o número de 114 estabelecimentos.
Estão anunciadas também obras em hospitais e ampliações nos regionais de Évora, Lamego e Braga, além de outros estabelecimentos hospitalares à margem do plano de 1946, como sejam os hospitais escolares, os sanatórios e outros.
Esta enunciação demonstra bem que, não estando tudo feito ainda, a obra desde já levada a efeito é garantia segura de que o apetrechamento hospitalar está a ser encarado pelo Governo com particular interesse.
Este problema, porém, não se limita apenas à rede de construções. Outros assuntos, sem dúvida muito graves, se levantam no que diz respeito ao seu equipamento e ao conjunto de problemas técnicos que hão-de tornar funcionalmente eficientes estes estabelecimentos.
De tudo isto o Governo tem mostrado perfeita consciência das suas responsabilidades. A criação do Ministério da Saúde e Assistência foi o primeiro passo na difícil caminhada que impõe a resolução deste assunto.
Sr. Presidente: o Pais conhece já hoje e muito bem a acção desenvolvida neste Ministério' pelo Ministro Dr. Martins de Carvalho. Conhece-a e sente-lhe os benéficos efeitos.
Não será difícil por isso prever a execução integral do plano assistencial e esperar confiadamente das qualidades que caracterizam a personalidade invulgar do Sr. Ministro da Saúde.
Não pretendo, por razões óbvias, apreciar agora o inteligente e decidido impulso que recebeu no nosso pais o sector da assistência pública, mas posso e quero fazê-lo - aproveitar esta oportunidade para, em relação às actividades profissionais dos médicos, render ao Sr. Ministro da Saúde e Assistência as minhas homenagens de profunda gratidão pelo que ele tem feito para valorização e prestigio da profissão médica no nosso pais.
Tenho dito.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.
O Sr. Agnelo do Rego: - Sr. Presidente: como é do conhecimento geral, vai realizar-se no próximo domingo em frente desta cidade a inauguração da estátua monumental de Cristo-Rei e a consagração de Portugal aos Corações de Jesus e Maria, em soleníssimo acto colectivo, de carácter essencialmente nacional.
Nesse dia singular, Lisboa, por tudo o que para tanto está preparado e nomeadamente pela representação de todas as parcelas da Pátria e pela presença não somente dos chefes espirituais. da Nação como do venerando Chefe do Estado - Estado que é afinal a nação politicamente organizada-, Lisboa, dizia, se mostrará, em todo o esplendor, aquilo que na realidade é: verdadeiramente a urbe de todo o Portugal, quero dizer, mais do que a cabeça de um grande corpo territorial, a autêntica capital de um grande império ainda maior - o das almas -, que se entende na mesma língua, continua a mesma história multissecular, professa e vive a mesma fé e partilha dos mesmos anseios e destinos.
Acontecimento único, cheio de eloquente universalismo, transcende o espaço e o tempo e pertence à ordem .dos que, só por si, testemunham por forma inequívoca o sentido e a altura da vocação histórica de um povo.
Por isso, sendo esta Assembleia política nacional, importa, desde já, salientar e acentuar -até para que fique devidamente registado no Diário das Sessões, nesta ocasião, mesmo como justa comparticipação activa e vibrante, que não apenas como simples repercussão benevolamente acolhida- que é bem a Nação inteira, no que ela tem de melhor e mais lidimamente representativo, que vai levar a efeito a jornada, gloriosa de 17 do mós em curso.
Nem podia ser de outra maneira, Sr. Presidente, pois, quer auscultemos a razão dos actos desse dia, quer lhes perscrutemos o significado, sempre isso equivalerá a encontrarmos também a própria raiz e a finalidade da nossa existência em relação ao passado, ao presente ou ao futuro, como uma constante evidente que em todos os momentos se pode condensar nas mesmas expressões de conteúdo nacional.
Na verdade: foi sob o signo de Cristo poderoso, mas doce e humilde de coração e cujas chagas logo tomámos por escudo e defensão e igualmente sob o patrocínio de Sua Mãe, cujo nome adoptámos para a nossa terra, que nós nascemos e que nós crescemos!
Com o auxilio de Cristo lutámos e vencemos !
Por Ele, pela dilatação do Seu reino de justiça, de amor e de paz», nos aventurámos ao mar, dando ao mundo novos mundos», e jamais concebemos e executámos as nossas maiores empresas senão para do mundo a Deus dar parte grande» I
Com Ele ainda hoje, pela mão solicita de Sua Mãe, continuamos, como pioneiros desassombrados da verdadeira civilização, a afirmar, com justificada veemência perante as últimas consequências do materialismo ho-