12 DE DEZEMBRO DE 1969 163
Sr Presidente cabe às Universidades, no seu objectivo profissional e no desenvolvimento concomitante ria sua formação moral e espiritual, a alta, mas magnífica, responsabilidade do futuro da gente moça que as frequenta
São na verdade bem largos e bem marcados os seus, objectivos e cada vez se vai tornando mais difícil a SIM concretização; mas é ali, num ambiente de persistente estudo e de investigação científica, que se caldeiam os caracteres de ânimo forte, procurando-se, à luz de conhecimentos [...], a solução de problemas da maior projecção na vida do homem
O espírito universitário, na sua permanente inquietação, é sopro vivificante e generoso dais aspirações mais prementes da mocidade e da própria humanidade
Fala-se hoje muito da pobreza e da inferioridade desse espírito, que alguns chamam, crise da juventude. Há tempos, e num auto de grande solenidade como é a abertura do novo ano lectivo de uma Universidade, ouvi a um dos mais ilustres mestras universitários. homem que se impõe pelo saber e pelas suai altas virtudes, lamentai com muita amargura certas atitudes reveladoras de confrangedora insensibilidade dê que se revestem presentemente certos actos, impróprios de uma juventude que aspira, sem dúvida, à existência de um mundo melhor, mundo verdadeiramente humano. Mas esse homem - o Prof Amândio Tavares , grande mestra e grande educador de muitos gerações, soube tirar do significado juste dessas pai avias um motivo vibrante de incitamento a essa mesma juventude para, agindo dentro das normas educativas já quase esquecidas, seguir caminho traçado pelo exemplo do passado, procurando vencer na luta pela vida com aqueles predicados que florescem não só através da técnica, mas também através da educação moral e espiritual, que confere ao homem lugar destacado na sociedade de que faz parte activa
Sr Presidente: se há Ministério onde as verbas orçamentais devem ser elevadas ao quantitativo máximo, ao Ministério da Educação Nacional deveria pertencer o primeiro lugar, ao lado do Ministério da Saúde e Assistência. Não tem sucedido assim, e muito daquilo que em mente, em projecto, existe no Ministério da Educação Nacional não se tem realizado, estamos nesse convencimento, por falta de dotações suficientes Apesar disso, há que afirmar que muito de bom e de útil se tem feito nesse departamento ministerial nos diferentes ramos de ensino
O aumento da frequência continua a manter-se e as instalações continuam mostrando a sua insuficiência para o número de alunos que nelas sabem, e só à custa de muitos sacrifícios s de muito boa vontade se têm arranjado acomodações suficientes. Aumentam, assim, as dificuldades de ensino, onde, ao lado dessa falta de acomodação, se nota a falta de pessoal bastante para desempenho da função docente. Mas, apesar de tudo, fica bem neste momento pôr em evidência um facto, contrariando, em parte, objecções que acabo de fazer.
A instalação da Faculdade de Medicina do Porto no Hospital de S. João e a criação de novos lugares no ensino das diversas matérias, quer como professores catedráticos, quer como professores auxiliai es e assistentes, é motivo para assinalar com certo júbilo, júbilo sentido pelo conselho escolar da Faculdade, que tantas vezes havia demonstrado as dificuldades com que lutava. Louvores são devidos ao Ministro da Educação Nacional, que no meio universitário do Porto, e em todos os meios docentes do. distrito, conta bem justificadas simpatias, sendo a sua presença assinalada sempre por intensas e sinceras manifestações de aplauso e consideração, que lhe são inteiramente devidas O Porto
sabe sempre, dentro das mais variadas circunstâncias [...] aqueles que procuram atender os sem pedidos, as suas reclamações, sempre assentes numa base séria e bem justificada.
Está dentro desse critério o apelo constante e [...] que há anos vem fazendo, pugnando intensamente pelo restabelecimento da sua antiga Faculdade de Letras. Através das suas actividades mais representativas, com a Universidade na vanguarda, o Porto tem feito demonstração plena de quanto sente a falta da sua extinta Faculdade, donde saíram valores que muito a honraram e muito a enobreceram. O Porto relembra com interna razão a sua Faculdade de Lê tias, ansiosamente esperando a hora da sua restam acção, tão precisa e tão necessária ao serviço das magníficas tradições culturais e humanísticas do velho burgo
Espero breve oportunidade em que possa mais uma vez fazer larga defesa da reparação que à capital do Norte é devida, e desta tribuna me associo inteiramente ao voto formulado pelo ilustre reitor da Universidade do Porto quando no discurso da abertura da sua Universidade pediu que na data da celebração do 50 º aniversário da sua Universidade, a realizai em 1961, fosse a Faculdade de Letras do Porto uma realidade
Sr Presidente ao falai da Faculdade de Letras outro facto me ocorre de importância máxima para a vida científica e cultural do nosso país, facto que parece esquecer
Quero [...] à Universidade Católica, acerca da criação da qual aqui, na Assembleia Nacional, me ocupei largamente, facto que viria trazer ao nosso meio uma luminosa actividade criadora de rara beleza, abrangendo os mais diversos ramos das ciências, das letras e até das artes
Num país devotadamente católico como é Portugal, uma Universidade com as suas várias Faculdades trazer-nos-ia uma série de largos benefícios, traduzidos não só na [...] de valores, mas ainda na de investigadores, que tantos são os vindos desses magníficos institutos Que assim é têm-no provado eloquentemente muitas dessas Universidades espalhadas pelo Mundo, estabelecidas até em países onde a fé católica não acusa os foros de grandeza observados entre nós, facto que muito nos orgulha
A sua criação seria acto notável, que ficaria brilhantemente assinalado nos anais da nossa terra, que o mesmo é dizei da nossa pátria, pelo seu magnífico e alto significado, que, além do valor puramente científico, criador de técnicos educados nos mais diversos ramos, demonstrai ia àqueles que não têm fé como trabalham a bem da humanidade os que vivem mais perto de Deus
Sr Presidente na base VI e na sua alínea b) diz-se ficar habilitado o Governo a inscrever como despesas extraordinárias a construção e utensilagem de edifícios paia Universidades e construção de outras escolas verifica-se nesta base, como de resto em toda a proposta de lei, uma falta de precisa indicação na efectivação de realizações a que irá proceder-se, que a proposta apresenta em termos vagos, não concretizando planos, que a Assembleia Nacional devia conhecer nas suas linhas gerais
Quais são pois os edifícios destinados a Universidades que se projectam iniciar no ano corrente?
Quais os liceus e a ordem por que vai ser indicada a sua construção?
Quantos edifícios destinados ao ensino primário se pretende criar e onde?
Não quero negar autoridade ao Governo, cuja acção tem. sido sempre orientada na defesa do verdadeiro interesse nacional, realizando obra de grande