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12 DE DEZEMBRO DE 1959 167

Araújo Correia, essa propriedade passou a render quatro ou cinco vezes mais do que rendia normalmente antes da aplicação dos tais métodos moderníssimos e progressivos.
A experiência feita por essa pessoa demonstrou que pelo sequeiro se pode tirar o triplo do rendimento da propriedade Ora, se se pode fazer aí, também se pode fazer noutras regiões Eivas, por exemplo, para o lado das fronteira, tem terras semelhantes nas planuras, e suo tão produtivas como as de Beja e Reguengos

O Sr André Navarro: - Só gostaria, para ficar convencido da teoria de V. Ex.a, que me provasse se a média da produção alentejana é inferior nitidamente à da zona, europeia onde está incluída e se a média da nossa produção cerealífera é inferior à média do Norte da Europa. Essas médios estão enquadradas dentro da zona do Norte da Europa e as do Alentejo estão dentro da zona a que pertencem, Sul da Europa e Noite de África.

O Orador: - Não tenho elementos para responder a V Ex.a em questões de estatística.

O Sr Vitória Pires: - Sobre a propriedade a que V Ex.a se referiu, e que eu conheço, porque ainda o ano passado a visitei com grande prazer, direi que é da maior utilidade ver o que nela se está passando. Colhem--se lá os melhores ensinamentos. Pertence a um. engenheiro agrónomo do mais alto valor técnico Simplesmente, V. Ex.a referiu-se a uma propriedade de sequeiro «à pai Adão», e a exploração que ali se está fazendo não é uma exploração «à pai Adão», pois assenta exactamente na elevação do nível de fertilidade pela incorporação de matéria orgânica ao solo e em rotações equilibradas. Isso é que é fundamental Infelizmente, não se pode generalizar o caso ao Alentejo. De resto, V. Ex a pode verificar que a fertilidade das terras, em virtude do seu empobrecimento em matéria orgânica, está a diminuir de uma maneira geral, e, se não olharmos para esse facto a tempo e horas, arriscamo-nos a que os adubos minerais não possam reagir convenientemente, pai lhes faltar o fundo orgânico da terra Ë o que já sucede em muitos casos. O remédio não será muito difícil de encontrar, desde que se valorizem os produtos de origem animal. Teremos, assim, percorrido grande parte do caminho, e o resto vem por si, sem mais intervenções.

O Orador: - Os meus agradecimento? a V Ex.a, porque estava exactamente no meu pensamento o que acaba de dizer sobre a matéria orgânica. Essa herdade de faz excepção em relação às vizinhas porque utiliza a matéria orgânica As outras herdades não podem utilizá-la porque não há pecuária ao nível que convém para aquelas extensões.
O pior é não haver gados em quantidades tais que se tornem úteis à agricultura e à lavoura, e hoje só é possível em pequenas herdades, numa pequena actividade, em que os rebanhos das ovelhas estão hoje aqui e amanhã ali
Actualmente, os rebanhos não têm o volume que deveriam ter, e não há, por isso, quase leite no Alentejo, mas quando houver pastos

O Sr Vitória Pires: - Mas é que há pastos e forragens O que não há é incentivo de preço para a criação de gado!

O Orador: - Agradeço muito a V Ex.a as suas intervenções, que são intervenções de um técnico de comprovado valor, tanto mais que sou um leigo na matéria o falo quase só pelo que chega ao meu conhecimento.
Mas dizia eu o sistema cie colonização interna, que está finalmente no programa do Estado, com a compra livre de propriedades que estejam à venda, será um grande passo para o povoamento gradual daquela grande área, ainda hoje de população inqualificavelmente de densidade quase desértica - 28, 29 e 30 habitantes por quilómetro quadrado (Beja, Évora e Portalegre).
A irrigação das zonas para isso aconselháveis fará o resto. Mas fará quando?
Neste II Plano de Fomento previu-se a irrigação de largos tractos de terreno nos distritos de Évora e Beja Estuo, segundo creio, concluídos os estudos respectivos
Forças invisíveis, porém, se têm agitado e impedido que o Plano se realize.

O Sr. Nunes Mexia: - V. Ex.a pode dizer-me quais são essas forças invisíveis?

O Orador: - Evidentemente, porque são invisíveis não estão u vista, são subterrâneas Porquê impedido? Não exige o interesse nacional que se prossiga ? Alguma vez a água foi de mais ao serviço de uma agricultura organizada racionalmente ? Não se estão multiplicando as pequenas barragens, com vantagem económica para os seus possuidores ? Porque se espera para a construção da rede alentejana de irrigação, com indiscutível vantagem para u colonização interna que se preconiza e normalização do trabalho rural com o teimo ou atenuação das célebres crises cíclicas, que tão caras estão ficando ao Estado, sem contrapartida na qualidade do trabalho efectuado de emergência?

O Sr Nunes Mexia: - Mas essas estradas e trabalhos não eram necessários?

O Orador: - Eu não disse que não eram necessários

O Sr Nunes Mexia: - V Ex.a tem a certeza de que o regadio irá resolvei as crises dê trabalho?

O Orador: - Eu não estou a dizer como se resolvem em esses problemas ...

O Sr. Nunes Mexia: - Perdão. V Ex.a pôs agora algumas perguntas depois de ter feito afirmações concretas, chegando eu a esta conclusão da lavoura, em Portugal, todos saberão, menos os que trabalham a terra

O Orador: - V Ex.a virou do avesso o mau pensamento, tanto mais que afirmei que a lavoura alentejana revolucionou a terra, transformando a charneca em flor, merecendo os lavradores a maior consideração de todos nós por esse motivo

O Sr Nunes Mexia: - Estou apenas a tirar as conclusões daquilo que V Ex.a tem dito

O Orador: - Mas eu não disse, por exemplo, que as estiadas são desnecessárias.

O Sr Nunes Mexia: -V Ex.a chamou-lhes até trabalho forçado.

O Orador: - Digo até a V Ex.a que a Juromenha, no concelho de Alandroal não se podia ir senão por