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166 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 138

com as situações de contribuições, impostos e taxas do comércio, da indústria e da propriedade urbana.
Protecção à lavoura, estou de inteiro acordo, até ao limite de não se tornar uma actividade dependente do Estado e encostada à previdência oficial, com afrouxamento daquela espantosa iniciativa que fez do Alentejo, a partir de 1900, um [...] desmortado e trabalhado em toda a sua vasta extensão

O Sr Nunes Mexia: - V. Exa dá-me licença?

O Orador: - Tenha a bondade.

O Sr. Nunes Mexia: - V. Ex.a demonstrou um conhecimento das receitas agrícolas que eu, até como lavrador, não tenho. Â grande propriedade já está localizada nas melhores manchas, em face do valor da terra.
Certamente V Ex.a não está dentro da razão

O Orador: - E possível Oxalá não estivesse. Não me refiro ao tempo do pai Adão Refiro-me a factos de há seis ou sete anos

O Sr Nunes Mexia: -V. Ex.a referiu-se há pouco às propriedades do tempo do pai Adão O que é do tempo do pai Adão é fazer afirmações que não estão bem ajustadas à realidade

O Orador: - E do conhecimento comum que as contribuições da indústria e do comércio têm, pelo menos, um lado objectivo de inquirir, através de escritas e factos concretos, aquilo que se passa

O Sr Amaral Neto: - Nisso está V Ex.a enganado.

O Orador: - Há possibilidade de, através de uma escuta comercial, chegar a valores pui a determinar as taxas ou contribuições. Não é nunca possível averiguar o exacto rendimento das propriedades rústicas. São raríssimos os lavradores que possam fornecer elementos concretos a respeito do rendimento da sua própria casa ;

O Sr Melo Machado:- Forque é que V. Ex.a não diz que no comércio e indústria há uma continuidade de situação s não se refere ao facto de a agricultura umas vezes render alguma coisa e outras nada?

O Orador: - Isso é uma fantasia de V Ex.a

O Sr Melo Machado: - Que pena V. Ex.a não ser proprietário!

O Orador: - V. Ex.a é também um industrial. Se a indústria está próspera numa certa fase, meses depois pode não estar tão feliz. A indústria e o comércio não são actividades tão fixas, sólidas e estáveis como V. Ex.a supõe

O Sr. Melo Machado: - Dentro de certas proporções, como a lavoura. Mas V Ex.a mudou de campo

O Orador: - Parece-me que o diálogo está terminado
E certo que o Alentejo está longe, mesmo muito longe, de atingir o nível de produção que. é possível exigir-lhe', logo que os métodos, aliás muito melhorados, progridam ainda mais e o problema social sofra as necessárias alterações a bem da comunidade, sem quebra do respeito do direito de propriedade.

O Sr André Navarro: - V. Ex.a dá-me licença?

O Orador: - Com todo o gosto

O Sr André Navarro: - V Ex.a está a fazer uma acusação bastante grave ao aspecto progressivo da nossa lavoura Sou técnico, e por consequência julgo que posso ter uma certa autoridade em fazer esta apreciação Muita coisa é classificada de rotineira na lavoura, mas eu considero-a como uma ciência de gerações que nos tem evitado fazer muitos disparates
Vemo-nos acusados, neste momento, de não nos preocuparmos com os problemas da erosão - e aparecem coisas moderníssimas nos Estados Unidos da América neste aspecto-, mas julgo que sem razão, em vista do que, por exemplo, fizemos no alcantilado do Douro, na ciência do próprio pousio do território alentejano.
Estou convencido de que não é nessas terras delgadas do Alentejo, em que V. Ex.a encontra a rocha à superfície, que se vão empregar os processos americanos, moderníssimos, na cultura dos cereais
E foi talvez o facto de se querei em empregar esses métodos moderníssimos no Alentejo, métodos esses demasiadamente progressivos, que deu origem a que também se começassem a empregar nos sapais do Algarve, com grande desvantagem e com resultados muito diferentes daqueles que se previam. O que se fez no Algarve não foi mais do que* uma consequência da campanha realizada no Alentejo a favor de tais métodos. E o principal erro foi o de termos saído tipicamente do bom senso da tradição alentejana Esta é a minha opinião.

O Orador: - Conheço o Alentejo desde que nasci, e ainda sou do tempo em que para ir da minha terra ao Redondo tínhamos de percorrer 20 km de matagais, ao passo que hoje esses terrenos, que, repito, antigamente eram de matagais, estuo hoje cultivados de lês a lês V. Ex.a é muito novo paia ter conhecido o Alentejo em 1900 e em 1905, quando nele havia encimes extensões de matagais que tinham troncos da espessura do meu braço e que hoje constituem férteis terrenos para a cultura de sequeiro

O Sr. André Navarro: - V. Ex.a tem razão quando se refere a uma pequena parte dos banos alentejanos mas não a tem com relação aos outros terrenos

O Orador: - A partir de 1905. com a facilidade da produção dos adubos, mudou totalmente o panorama do Alentejo Cultivou-se a serra de Ossa e outras, e então a erosão fez o seu aparecimento, exactamente porque não havia ainda os modernos processos de trabalhai a terra, mas não podemos deixar de dizei que essa. tentativa, que essa experiência, foi óptima
Porém, o bom senso veio, e venficar-se que era preciso reduzir a extensão dessas culturas Mas, dentro da questão do sequeno, a experiência continuou no campo rotineiro
Eu sei que é necessário dar descanso às terras, por motivos que todos nós conhecemos, muito especialmente V. Ex.a, Sr. Prof. André Navarro. Mas há uma experiência formidável, feita por alguém que foi Ministro da Agricultura, numa herdade próxima de Portei, na qual se empregaram os tais métodos americanos que V. Ex a considera moderníssimos e progressivos de mais
Está aqui uma pessoa, que é ilustre autor dos brilhantes pareceres, que temos tido a felicidade de apreciar, sobre as Contas Gerais do Estado e que foi de propósito observar o que se fazia nessa herdade um relação à cultura de sequeiro, e, segundo me foi informado por pessoa que conhece a- opinião do Sr Eng.º