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25 DE MARÇO DE 1960 503

e a passagem superior junto da estação de Alfarelos, na defesa dos interesses económicos da minha região, na defesa dos próprios interesses da C. P. e na defesa da vida das pessoas que têm de servir-se daquela estação.
Sei que se pensa deslocar a actual passagem de nível, tão inconveniente, mais para poente, mantendo a travessia sobre o ramal de Alfarelos à Figueira da Foz e passando em túnel sob a linha do Norte.
É uma solução cara que não resolve o problema de escoamento da viação rodoviária, que não facilita o acesso da camionagem e dos peões à estação e que não defende a vida dos que, para entrarem na gare, têm de atravessar várias vias de uma zona de frequentes manobras de material circulante e de intenso tráfego.
Julgo que ficam justificadas a necessidade e a urgência dos estudos destinados a resolver estes problemas em curto prazo. Aguardo a sua realização.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Silva Mendes: - Sr. Presidente: tenho-me sentido dolorosamente impressionado com as notícias que, de vez em quando, aparecem na imprensa estrangeira referindo-se a agitações nas nossas províncias africanas, preparação de movimentos revolucionários, etc., quando se sabe em todo o Mundo que, pelo contrário, há a maior segurança, paz e harmonia em todas as nossas províncias ultramarinas.

O Sr. Rodrigo Carvalho: - Muito bem!

O Orador: - Se essas notícias fossem só espalhadas pela imprensa e rádio russas, não me admirava, visto que o comunismo está dentro do seu papel, espalhando atoardas que prejudiquem os países do Ocidente e fomentando agitações que afastem os mesmos países das suas possessões em todos os territórios menos desenvolvidos e produtores de matérias-primas, instalando aí a sua influência, com grave prejuízo das nações europeias e da América do Norte, como até hoje sempre tem acontecido.
O que me custa a compreender é que, depois de tantas experiências e lições, ainda haja jornais europeus e americanos que dêem guarida a notícias inteiramente falsas e que podem prejudicar uma nação amiga, em cuja metrópole e províncias ultramarinas todo o Ocidente ainda hoje se pode apoiar militar e economicamente, devido às posições estratégicas que possuímos, espalhadas por várias partes do Mundo, e às matérias-primas de que podemos dispor, especialmente nas nossas grandes províncias africanas.
Estamos causados de dizer, escrever e demonstrar praticamente que, devido à nossa política secular de apreciar os homens pelas suas qualidades de inteligência, saber, coragem, dignidade e honradez, e não pela cor da sua pele, pudemos constituir uma nação multirracial, semelhante à que constituímos no imenso e amigo Brasil, em que não há discriminações raciais que humilhem e provoquem a má vontade ou até o ódio das outras raças não europeias, a quem, pelo contrário, temos acarinhado, instruído e tratado nas suas doenças, promovendo o seu desenvolvimento físico, económico e moral e procurando elevá-las até nós, para que possam prestar à Nação, e cada vez mais, o concurso que muitos dos seus mais inteligentes elementos lhe têm dado e continuarão a dar.
Apesar de o Governo e a imprensa terem sempre desmentido esses boatos falsos e mentirosas insinuações, parece-me que, como Deputado à Assembleia Nacional, também me cabe o dever de manifestar a minha estranheza e indignação pela facilidade com que nina parte da imprensa estrangeira dá publicidade a esses ataques à forma como temos exercido a nossa acção civilizadora nas províncias portuguesas do ultramar.

O Sr. Rodrigo Carvalho: - Muito bem!

O Orador: - Eu sei que há pessoas bem intencionadas, e até amigas de Portugal, que podem acreditar em mentiras que se espalhem contra nós unicamente por ignorância, por não conhecerem a nossa história o não poderem avaliar o muito que a civilização europeia deve aos nossos marinheiros, sábios, missionários, guerreiros, e até comerciantes, que descobriram, conquistaram, evangelizaram e levaram a civilização cristã aos mais distantes países da Terra.
Referindo-me especialmente às nossas províncias africanas, quero lembrar neste momento, com infinito respeito e admiração, a obra dos velhos pioneiros que, isolados no meio de populações hostis, se conseguiram impor e fazer respeitar, despertando a admiração dos indígenas pela indomável coragem e sobre-humana energia de que davam constantes provas, indo s toda a parte primeiro tio que ninguém, devassando os mistérios da África portentosa e explorando-a em todos os sentidos, indo até a regiões que foram dadas como descobertas por exploradores de outras nações, mas que os sertanejos e pombeiros já tinham atravessado há muitos anos e até há séculos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sempre senti uma imensa admiração por esses grandes obreiros do engrandecimento da Pátria, que foram os antigos sertanejos, os homens do maio, esses velhos colonos que, à custa da sua coragem, de inenarráveis sacrifícios, dedicação e lutas sem par, prepararam o caminho para os que agora para lá vão, em condições incomparavelmente melhores e dispostos a honrar também a sua pátria e a engrandecê-la, como fizeram esses heróicos homens do mato a que me estou referindo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A todos os novos, quer sejam sábios, engenheiros, diplomados de qualquer grau, simples colonos ou oficiais e militares de qualquer graduação, ouso recomendar que saúdem, respeitosa e comovidamente, esses velhos a quem tanto devemos e que acarinhem e tratem com deferência os seus descendentes, quer sejam brancos ou mestiços, porque todos são dignos da nossa estima, pelo muito que devemos aos seus ascendentes.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nesta hora de justiça não quem deixar no esquecimento as companheiras pretas ou mulatas desses homens valorosos, porque também muito lhes devemos. Elas ensinavam-lhes a sua língua, os seus costumes, ajudavam-nos a conhecer a psicologia das gentes das suas tribos e davam-lhe os filhos, que, quando homens, os ajudavam a tornar-se mais respeitados pelos amigos e temidos pelos que pensavam em os atacar.
As outras nações europeias, e algumas americanas não conseguem compreender bem o que se passa em Portugal e nas nossas províncias ultramarinas porque não conhecem o nosso sentimentalismo, o carinho que temos