26 DE NOVEMBRO DE 1960 7
nos níveis de stocks nos países da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço e no Reino Unido.
5. Embora o ano de 1059 se tenha caracterizado por uma relativa estabilidade em matéria de nível de salários para o conjunto da Europa Ocidental, manifestou-se na segunda metade do ano, principalmente no 4.º trimestre, um aumento dos salários industriais. Esta expansão prosseguiu nos primeiros meses deste ano, tendo-se verificado apreciáveis acréscimos em alguns países, no 1.º semestre,. principalmente na Alemanha Ocidental e na França.
Por outro lado, a flexibilidade com que a produção tem até este momento respondido ao aumento da procura - graças a uma mais elevada produtividade e à existência de uma reserva de capacidade produtiva por utilizar - permitiu uma relativa estabilidade dos preços na maioria dos países da Europa Ocidental no decurso de 1959 e no início de 1960.
6. O comércio com os Estados Unidos da América, que tinha registado no decurso de 1959 sensível melhoria, deteriorou-se nos primeiros meses do ano em curso. De facto, o declínio das exportações iniciado no 2.º semestre de 1959 manteve-se nos primeiros meses de 1960, facto a que não devem ter sido alheios o fim da greve do aço e as dificuldades verificadas no ramo da indústria automobilística, que tem constituído o factor mais dinâmico das exportações da Europa Ocidental para os Estados Unidos da América. Por seu turno, as importações provenientes dos Estados Unidos da América continuaram, nos primeiros meses deste ano, o movimento ascensional registado nos últimos meses, de 1959:
As exportações para os países de produções primárias, em que já se tinha verificado sensível expansão a partir do 2.º trimestre de 1959, mantiveram esta tendência nos primeiros três meses do ano em curso, o que se traduziu por um aumento de 25 por cento em comparação com o período homólogo do ano anterior. Por outro lado, as importações daqueles países, que se tinham elevado consideràvelmente durante o último ano, continuaram a aumentar no 1.º trimestre de 1960.
7. Como se referiu no relatório da Conta Geral do Estado de 1959, as trocas comerciais entre os países da Europa Ocidental conheceram no decurso do último ano notável expansão, que prosseguiu, de forma ainda mais nítida, nos primeiros meses de 1960.
Na análise dessas correntes de trocas, no 1.º trimestre de 1960, deve salientar-se o acentuado acréscimo do comércio entre os países pertencentes à Associação Europeia de Comércio Livre. Com efeito, o comércio externo nesta área registou um aumento de cerca de 24 por cento, duplo do verificado na produção industrial e mais rápido do que o acréscimo das suas exportações para o Mercado Comum - que foi apenas de 16,1 por cento no período em referência-, contrariamente à tendência que se vinha observando nos últimos anos. Atenuou-se, deste- modo, sensivelmente, a diferença entre as taxas de acréscimo do comércio entre os países da E. F. T. A. e as da Comunidade Económica Europeia.
No que se refere à evolução futura do comércio entre os países da Europa Ocidental - e, de certo modo, o comércio da Europa Ocidental com terceiros países -, pensa-se que a mesma venha a ser afectada por variados factores; e, embora se possa prever o sentido em que virão a operar estes factores, não é possível predizer o seu efeito quantitativo tanto sobre cada um dos países, como sobre os dois conjuntos- a C. E. E. e a E. F. T. A. Em 1 de Julho de 1960
os direitos aduaneiros nos países do Mercado Comum foram reduzidos em mais 10 por cento e os dos países da E. F. T. A., em relação ao comércio de produtos industriais, em 20 por cento. Deste modo, durante seis meses, os dois grupos encontrar-se-ão em posição semelhante, com direitos aduaneiros inferiores em 20 por cento aos que vigoravam quando da entrada em vigor dos respectivos tratados. Todavia, em 1 de Janeiro de 1.961 (do e meses antes do inicialmente previsto) as barreiras aduaneiras no Mercado Comum serão reduzidas em mais 10 por cento, em consequência do programa de aceleração adoptado por estes países. Estas duas reduções entre os países da C. E. E. não se estenderão automaticamente a terceiros países - como se verificou, pelo menos parcialmente, quanto à redução de 10 por cento realizada em 1959. Por fim, em Janeiro de 1961 os países da C. E. E. começarão, igualmente, a ajustar as respectivas tarifas aduaneiras, tendo em vista a eventual pauta comum. Esta evolução parece fortalecer a tendência, já evidenciada durante 1959, para uma mais rápida expansão do comércio no interior dos dois grupos do que entre os dois conjuntos.
Todavia, deve salientar-se que a análise baseada apenas nos elementos relativos às correntes comerciais registadas na Europa Ocidental durante o 1.º trimestre é insuficiente, na medida em que se trata de um período curto e ou nele podem ter tido influência anormal as alterações verificadas entre os diferentes países nas políticas de planeamento de reconstituição de stocks.
8. A semelhança do que se verificou na parte final do último ano, em que vários países aumentaram a sua taxa de desconto, continuou na primeira metade de 1960 a adopção de medidas restritivas no campo da política monetária. Por outro lado, e dentro ainda da tendência registada, numerosos países introduziram igualmente limitações à concessão de crédito ou reforçaram as já existentes. Assim, na Alemanha Ocidental, os mínimos das reservas bancárias foram aumentados, na sequência da nova orientação adoptada na política de crédito no fim do último ano. No Reino Unido foi estabelecido no fim de Abril e reforçado em Junho um sistema especial de depósitos, tendente a reduzir a rápida expansão dos empréstimos bancários. Em outros países as medidas de contracção do crédito foram acompanhadas de recomendações aos bancos no sentido da exigência de prestação de caução nas operações de empréstimo. Contudo, com excepção da Alemanha Ocidental, onde as tensões no mercado monetário e financeiro são susceptíveis de se agravar, todas estás medidas- têm sido caracterizadas por certa moderação.
9. Tanto quanto pode deduzir-se das tendências verificadas no decurso dos primeiros meses do ano em curso, como das previsões formuladas sobre o comportamento da procura e da produção em relação a vários países da Europa Ocidental, espera-se que venha a verificar-se em 1960 uma taxa de expansão do produto nacional bruto de quase 5 por cento para o conjunto destes países, não obstante a escassez de recursos, verificada ou prevista, em. alguns deles. Assinale-se, ao entanto, que se prevê certa atenuação da taxa de crescimento no Reino Unido, na Suécia, na Dinamarca e na Jugoslávia, enquanto, pelo contrário, no que se refere à Bélgica, à Itália e à França parece provável uma aceleração no ritmo de expansão.
Contudo, para que este acréscimo de actividade produtiva não implique o aparecimento de tensões inflacionistas, torna-se necessário que venha a ser adequado o ritmo a que poderá ser introduzido maior volume de