8 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 178
emprego no processo produtivo, que aumente a mobilidade da mão-de-obra e a produtividade e que sejam apropriadas as políticas adoptadas - nomeadamente as monetárias e as orçamentais.
A economia norte-americana
10. No decurso das primeiros seis meses deste ano a actividade económica nos Estados Unidos da América continuou a progredir, embora a taxa de crescimento do produto nacional bruto tenha passado de 6 por cento, no 1.º trimestre, para 3,5 por cento, nos três meses seguintes. Para esta evolução contribuíram, decisivamente, as flutuações de stocks verificadas após a greve do aço: o intenso movimento de reconstituição de stocks que imediatamente se seguiu à greve, terminada no fim de Novembro, interrompeu-se bruscamente no 2.º trimestre deste ano, determinando sensível abrandamento no ritmo de expansão da actividade económica.
À semelhança do que se verificou após a recessão de 1958, o consumo continuou a aumentar durante o corrente ano, registando-se no 2.º trimestre um acréscimo de 5 por cento era relação ao verificado em igual período do ano anterior, embora a sua taxa de crescimento tenha flectido. Este aumento, particularmente nítido no que se refere aos bens de consumo não duradouros e ao sector terciário, deve em grande parte imputar-se ao regular crescimento dos rendimentos dos particulares, às condições de liquidez do mercado e ao aumento de crédito ao consumo.
No 2.º trimestre de 1960 o valor dos investimentos fixos das empresas - ajustado em função das variações estacionais - atingiu 69 500 milhões de dólares, o que, - embora inferior ao máximo registado antes da recessão, representa um acréscimo de 12 por cento em relação ao ano precedente. Assinale-se, todavia, que inquéritos industriais recentemente realizados permitem prever, à excepção da indústria transformadora, sensível diminuição das despesas de investimento das empresas nos restantes sectores industriais.
Por seu turno, a construção civil sofreu considerável regressão nos primeiros seis meses do ano, atingindo no 2.º trimestre um volume inferior em 10 por cento ao verificado em igual período de 1959.
Finalmente, as despesas do sector público, depois da redução verificada no 4.º trimestre de 1959, voltaram a aumentar e atingiram, no 2.º trimestre deste ano, nível ligeiramente superior ao verificado no período homólogo do ano transacto.
11.0 índice da produção industrial dos Estados, unido» da América no 2.º trimestre de 1960 diminuiu ligeiramente em relação ao nível atingido nos três primeiros meses do ano. Este decréscimo deve-se, principalmente, à quebra verificada na produção de metais e na indústria automóvel, sectores particularmente afectados pela variação de stocks. Por seu turno, na indústria do aço a produção era, em Julho, de cerca de metade da registada no início do ano, a que correspondeu evolução semelhante na capacidade produtiva, utilizada - 89 por cento em Abril, contra 53 por cento em Junho. Assinale-se, contudo, a expansão do índice de produção nas indústrias de bens de consumo duradouros, que aumentou ligeiramente no 2.º trimestre do ano em curso.
12. O nível de emprego nos Estados Unidos da América, que subiu apenas de 2 por cento durante o 1.º semestre, reflecte a evolução geral da actividade económica, tendo a diminuição do emprego nas indústrias
transformadoras sido compensada pelo acréscimo verificado em todos os outros sectores -, à excepção do agrícola. Neste, por seu turno, o emprego diminuiu ligeiramente em relação a 1959.
Por fim, não se verificaram alterações sensíveis no nível de preços no 1.º semestre deste ano. De facto, no período em análise, o nível de preços por grosso manteve-se estável, enquanto o índice de preços no consumidor registou ligeiro acréscimo, em consequência dos aumentos registados nos preços dos bens de consumo não duradouros, dos serviços e dos produtos alimentares.
13. O comércio externo dos Estados Unidos da América, que, como já se referiu, contribuiu favoravelmente para a expansão da economia nos primeiros seis meses, parece mostrar uma viragem em relação ao seu comportamento em 1959 - em que a balança de operações correntes se tinha saldado com um déficit de 229 milhões de dólares, quase exclusivamente devido ao acréscimo das importações. Na verdade, as exportações aumentaram consideràvelmente nos primeiros seis meses do ano em curso, registando-se um acréscimo de cerca de 19 por cento em relação a igual período de 1959, para o que contribuiu, decisivamente, a expansão da economia europeia e o aumento da oferta de bens norte-americanos. Além disso, acresce que as importações, depois de uma considerável expansão no 1.º trimestre, sofreram sensível redução, vindo nos três meses seguintes a ultrapassar apenas ligeiramente o nível de 1959. A esta evolução se deve em grande parte a melhoria da balança de pagamentos dos Estados Unidos da América, apesar da intensificação observada na saída de capitais.
Por seu turno, a diminuição da reserva de ouro e divisas atingiu 2850 milhões de dólares (taxa anual ajustada em função das variações estacionais) durante o 1.º semestre de 1960, contra 3500 e 3200 milhões de dólares em 1958 e 1959, respectivamente. Note-se, ainda, que a participação do ouro nestas transferências foi sensivelmente inferior à verificada anteriormente.
14. Embora tenha permanecido inalterada a. taxa de desconto oficial, o mercado monetário e de capitais nos três primeiros meses do ano manteve-se irregular, o que se reflectiu, nomeadamente, nas cotações das acções na bolsa de N o vá. Iorque, a que não foi alheia a incerteza em relação à futura evolução da economia norte-americana. Contudo, no 2.º trimestre, registou-se nítida melhoria no mercado monetário em consequência, principalmente, da contracção da procura de crédito, que não atingiu o nível habitual nesta época do ano. Acompanhando a evolução registada no 2.º trimestre, a taxa oficial de desconto foi reduzida, em Junho, de 4 por cento para 3,5.
15. A evolução da actividade económica norte-americana no 1.º semestre de 1960 mostra o aparecimento de uma série de factores conjunturais desfavoráveis, que podem vir a acentuar a sua influência na segunda metade do ano, pelo que se prevê um agravamento na taxa de crescimento da actividade produtiva nos Estados Unidos da América. Na verdade, prevê-se considerável, redução na taxa de expansão do consumo privado e das exportações e, ainda, a estagnação do investimento das empresas em instalações e equipamento, embora inversamente se espere sensível melhoria no ritmo de constituição de stocks e aumento das despesas públicas. Assinale-se, ainda, que a esta previsão está, de algum modo, subjacente a posição de expectativa criada por factores de política interna dos Estados Unidos da América.