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16 DE DEZEMBRO DE 1960 225

O Orador: - O turista, ao ultrapassar as nossas fronteiras, não deve ter como única directriz alcançar Lisboa ou o Estoril.
A província deve ser o seu primeiro contacto, por que é nela que encontrará a expressão máxima das virtudes e do labor do povo português, a franqueza da sua tradicional hospitalidade, o garrido dos trajes populares, os cambiantes e o pitoresco das nossas paisagens e, até em certas regiões, o conforto e o bom gosto decorativo das nossas pousadas e hotéis.

O Sr. Augusto Simões: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Com todo o gosto.

O Sr. Augusto Simões: - Seria, muitíssimo útil que se retomasse o ritmo da construção das pousadas, que tão bom resultado deram e cuja falta, nas nossas Beiras, tanto se faz notar.
Desculpe-me V. Ex.ª esta breve interrupção, mas eu gostaria que ficassem registadas no Diário das Sessões estas palavras de concordância com V. Exa.

O Orador: - Agradeço muito a V. Exa. a sua interrupção e, de resto, sinto-me sempre muito honrado com as interpelações de V. Exa. a quem me liga uma velha amizade. A sugestão de V. Exa. está absolutamente conforme com o meu ponto de vista, permitindo-me, no entanto, acrescentar que o que interessa é que os preços dessas pousadas e hotéis sejam acessíveis a toda a espécie de turistas.
A iniciativa particular, neste como em tantos outros sectores da vida nacional, começa a dar provas insofismáveis da sua capacidade realizadora e da sua pujante vitalidade, como o atestam as magníficas realizardes levadas a efeito no terreno fértil do turismo, das artes, da cultura e da indústria.
Não se escondam ao turista as nossas vilas e aldeias, mas antes se procure dar-lhe a conhecer os seus encantos, as suas lendas, as suas tradições e os seus exemplos de lealdade, proporcionando assim às respectivas populações possibilidades de darem satisfação aos seus legítimos anseios de convivência e mais favoráveis recursos para valorização do seu nível social e económico.
No que se refere ao desenvolvimento da indústria hoteleira, vasta acção há ainda a desenvolver numa compreensiva conjugação de esforços entre o listado e a iniciativa particular.
Uma bem apetrechada rede de hotéis espalhados pelas nossas ridentes províncias é condição primacial para que os problemas do turismo se completem na sua estruturação e divulgação.

O Sr. Augusto Simões: - Apoiado!

O Orador: - Convém, no entanto, não esquecer que é fundamental impulsionar a construção de instalações hoteleiras que, sem perderem de vista os elementares requisitos de higiene, comodidade e arte de bem receber, permitam a nacionais e estrangeiros de reduzidos meios económicos conhecer as surpreendentes belezas que o nosso acolhedor país lhes oferece sem terem de levar na bagagem o incómodo e clássico farnel.
Mas não bastam instalações hoteleiras, mais ou menos luxuosas, capazes e suficientes para albergarem os muitos veraneantes que percorrem o nosso cada vez mais tentador pais.
É necessário oferecer-lhes boas vias de comunicação, que lhes assegurem viagens confortáveis e, ao mesmo tempo, lhes garantam a necessária segurança no trânsito.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: -Deste modo, o alargamento da rede rodoviária do País, bem como a sua cuidadosa conservação e renovação, devem estar sempre presentes nos planeamentos dos organismos responsáveis por este importante sector da vida nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Não podemos esquecer que é o automóvel o meio de transporte mais frequentemente utilizado, não só como instrumento de recreio o desporto, mas muito principalmente como indispensável agente de trabalho.
Para se aferir da importância que as estradas desempenham no desenvolvimento turístico interno bastará relatar que, dos 295 942 turistas entrados em Portugal durante o ano de 1959, apenas 115 500 entraram por mar e pelo ar, tendo entrado por terra 180 442.
No aspecto económico são ainda as estradas as grandes vias, por onde o extraordinário incremento da camionagem e da viação acelerada faz circular toda a vida moderna e conduz aos seus destinos os diferentes produtos afectos aos domínios da agricultura, do comércio e da indústria.
Tem de reconhecer-se, em nome dos mais elementares princípios de justiça, que muito tem melhorado, em extensão e qualidade, a nossa rede de estradas, nos últimos 30 anos.
O Governo, reconhecendo a necessidade de dotar os meios rurais com as convenientes vias de comunicação, que lhes tornem mais acessíveis as relações de convivência e lhes facilitem o transporte de pessoas, dos bens de produção e das diferentes mercadorias, organizou planos de viação rural, os quais representam um louvável esforço, que muito poderá facilitar a vida das zonas mais desfavorecidas.
Todavia, os prazos são por vezes longos e as verbas limitadas, pelo que não será possível acudir com a desejada celeridade, aos anseios e às necessidades das populações.
De resto, a intensidade do tráfego rodoviário e o peso de transportes colectivos o de mercadorias exigem traçados e pavimentos cada vez mais cuidados, mormente se atendermos a que no fim do ano de 1959 havia em circulação no País 226 803 veículos motorizados.
No entanto, existem ainda algumas povoações tristemente isoladas, onde, os seus habitantes não podem usufruir os benefícios do automóvel ou da camioneta que os desloque à, vila ou a cidade mais próxima e lhes proporcione melhores possibilidades de tratarem da sua vida e dos seus negócios.
Deste modo, a actividade económica daqueles povoados está condenada a um natural entorpecimento e as suas populações só poderão deslocar-se ao médico, à farmácia e às repartições concelhias ou comarcas vencendo montes e vales, lutando contra a chuva impiedosa ou suportando a torreira do sol ao longo do caminhos estreitos e sinuosos, onde a lama ou o pó lhes torna mais espinhosa e torturante a caminhada.
O notório aumento de veículos dos mais diversos tipos e o afluxo cada vez maior de turistas que nos visitam exibem uma rápida e substancial melhoria da rede rodoviária, por forma a garantir maior segurança no trânsito, a permitir condições de comodidade e rapidez e a tornar mais agradável a circula-lo, em harmonia com os imperativos do mundo contemporâneo.
Os Invernos extremamente chuvosos que nos tem flagelado e, por outro lado, a falta de um serviço de conservação pronto e eficaz, motivado certamente pela falta de pessoal cantoneiro que possa acudir imediatamente aos primeiros estragos ou danos cansados nos pavimentos, parece-me serem razões que cabalmente