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254 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 186

larmente, acompanhado de um inspector, a Cooperativa e verificando que, a maior parte das vezes, a presidente gerente não estava e que o adjunto que os atendia era pouco claro e reservado quando se pretendia examinar a escrita.
Increpaco por tal atitude, acabou por declarar ter ordens rigorosas da presidente para não dar esclarecimentos aos funcionários da Direcção-Geral, onde, aliás, não devia ir, sob pena de ser despedido.
Considera inconscientes as deliberações das assembleias gerais, por serem constituídas por cerca de 3000 pessoas na grande maioria analfabetas e orientadas pelo presidente.
Verifico, comparando as despesas da Cooperativa de Mafra, com as de Loures e Sintra, susceptíveis de serem comparadas, que as de Mafra são muito mais elevadas.
Os preços médios do leite pago aos produtores em 1957 foram:

Loures - 2$28,1.
Sintra - 2$13,1.
Mafra - 1$89.

Estes números - acrescenta - parecem demonstrar que a orientação administrativa da direcção não é a que melhor serve os seus interesses e os associados.
O magistrado que fez o inquérito requisitou à Inspecção de Finanças um inspector para esclarecer o discutido caso das despesas de transportes em 1958, e que montam a 31 036$80.
Este inspector constatou que desta quantia apenas se encontravam justificados 3567$ apoiados em documentos originários.
Se me tenho ocupado deste assunto é porque, em consciência e como Deputado, entendi que ele merecia a minha atenção, pela perturbação que causa no concelho de Mafra e por se me afigurar que as coisas não estavam correndo como convém que corram no Estado Novo.
Posso afirmar a VV. Ex.ªs que em Mafra a Câmara Municipal, o concelho municipal, a quase totalidade das juntas de freguesia, o Grémio da Lavoura, o Grémio do Comércio, a Comissão Concelhia, da União Nacional, tudo, por consequência, que representa os valores político, morais e materiais do concelho, concordam com este modo de ver, mas, ao que parece, tudo isto que a mim se me afigura muito, pouco tem pesado na resolução do assunto.
Desde que falei aqui neste malfadado assunto, na sessão passada, já decorreram muitos meses e nada há resolvido; a única alteração é que não tem funcionado a assembleia geral, e pergunto se este facto, evidentemente normal, traz à situação que se aponta qualquer solução.
Não menos o que se apurou no novo inquérito, mas temos a certeza de que os depoentes se não retractaram do que disseram neste inquérito a que me venho reportando.
Este assunto da direcção da Cooperativa dos Produtores de Leite de Mafra carece de solução, pois como está não prestigia nem a administração da Cooperativa, nem o sistema, nem a situação.
Bom será que, para que o sistema se acredite e floresçam no País muitas e boas cooperativas, deixe de existir esta nota de escândalo, que se agrava, porque se não domina.
Estas minhas palavras podem não agradar, não agradam mesmo, com certeza, mas a consciência do dever cumprido tem para mim, graças a Deus, o condão de me deixar bem comigo, e isso me basta.
Sr. Presidente: peço licença para mandar para a Mesa o seguinte

Requerimento

«Requeiro, pelo Secretariado de Estado da Agricultura, me seja dada a informação sobre se já está concluído o inquérito ultimamente determinado à Cooperativa dos Produtores de Leite de Mafra e, em caso afirmativo, de me ser enviada a cópia das suas conclusões».
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

Ordem do dia

O Sr. Presidente: - A ordem do dia é constituída pela proposta de lei sobre o plano de viação rural e pela proposta de lei sobre o plano de construções para o ensino primário.
Começará pela proposta de lei sobre o plano de construções para o ensino primário.
Tem a palavra o Sr. Deputado Nunes Barata.

O Sr. Nunes Barata: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: a proposta de lei relativa ao plano de construções para o ensino primário insere-se na continuidade de unia política que todos desejamos enriquecida. Esta actualização do Plano doe Centenários corresponde, além do mais, no domínio das edificações, à persistente alfabetização do País, em boa hora reforçada pela Campanha de Educação Popular.
Não serei eu quem regateará os melhores louvores, aos Ministérios das Obras Públicas e da Educação Nacional.
As preocupações que o Sr. Ministro das Obras Públicas tem posto na promoção das populações rurais e o espírito de colaboração que persistentemente vem oferecendo à Assembleia. Nacional já por mais de uma vez foram realçados nesta tribuna. Associo-me de novo a tão justas distinções -, com a mesma isenção com que noutras1 oportunidade», e a propósito de outros serviços do Estado, tenho manifestado as minhas discordâncias.
Quanto ao Ministério da Educação Nacional, apraz-me, e a propósito do. ensino primário, saudar o labor operoso do actual Subsecretário de Estado, a quem o País deve e de quem todos esperamos ainda apreciáveis serviços.
Os meticulosoa cuidados postos nos trabalhos preparatórios relativos à distribuição dos edifícios, escolares, de que se dá conta, aliás, n.º relatório que acompanha a proposta de lei, exigem agora que não se descure a sua actualização. Na verdade, a evolução económico-social do País e as repercussões dos movimentos naturais e artificiais da população processam-se num ritmo que nos vai distanciando das economias fechadas ou dos agregados que dormem um sono secular de isolamento.
Sr. Presidente: a proposta de lei, anais, do que inovadora nalguns aspectos do processo de construção e conservação dos edifício* escolares, cuida, em termos de merecida atenção, das cantinas escolares, e das casais para professores.
Analisaremos, dentro destes enquadramentos, alguns problemas que se nos afiguram dignos de maior realce.
Antes, porém, atenderemos a pontos mais gerais ou até a questões prévias que, embora dispensáveis para a compreensão da proposta, interessam à sua economia