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10 DE JANEIRO DE 1963 1771

São madeiras pura resinar o para reservar para a construção civil.

Quanto a preços, estas quatro classes de macieiras dividem-se em três grupos:

As duas primeiras, com preços que oscilam entre os 160$ e 170$ por m3,' as do grupo c), que regulam por 360$ a 450$ por m3, e as do grupo d), que, regulando normalmente pelos 400$ por m3, atingem frequentemente os preços de 500$ a 700$ por m3 para madeiras de melhor qualidade e mais alto diâmetro.

E evidente que todo o pinhal produz madeira destes quatro tipos e que o lucro máximo que se pode obter de um pinhal é, na sua utilização racional, o valor máximo da média ponderada da madeira extraída desse pinhal conjugado com a resinagem das árvores que não impedisse a utilização da madeira na indústria.

Há ainda que contar que ao abater árvores do grupo d) se obtém madeira dos grupos a), b) e c) e da mesma fórum para os outros grupos em relação nos grupos inferiores. Só assim se pode avaliar realmente a madeira disponível do pinhal e a forma como se poderão utilizar mais racionalmente os 5 000 000 m3 em que anualmente se cifra o rendimento da área do pinhal do País.

Actualmente a anarquia é perfeita; corta-se para lenha, para celulose e para esteios madeira muito para lá das mondas aconselháveis ou dos cortes culturais necessários numas áreas, e noutras muito menos que o possível. Trabalha-se nas fábricas madeira de toda a espécie, desde a de esteios, com péssimo rendimento para as fábricas e bom preço para o lavrador, até à madeira de construção civil, com bom rendimento para as fábricas e péssimo negócio para o lavrador.

Emprega-se na construção civil muita madeira de fábrica, com o correspondente prejuízo da sua baixa qualidade e nenhuma duração, e corta-se para caixa madeira de construção civil da melhor qualidade, numa inconsciência total, acossados pela necessidade e no prejuízo de todos.

Faz-se caixa que é para usar uma vez e deitar fora com madeira de puro cerne e fazem-se vigamentos com madeiras de 30 e 40 anos sem sombra de cerne, que ao fim de 2, 3 ou 4 anos estão completamente apodrecidas, como já tivemos ocasião de ver.

Têm nisto tudo os serviços florestais uma missão específica a cumprir.

Há que disciplinar, de uma vez para sempre, este estudo de coisas, perfeitamente caótico, em que está em jogo o interesse comum e a salvação ou, pelo menos, a boa administração de uma riqueza do País.

Só na diminuição do preço médio possível da madeira comprada todos os anos há largo prejuízo para a lavoura. Por outro lodo, pela utilização anárquica acima apontada, em muitas regiões do País o pinhal vai rareando, dificultando cada vez mais a vida às fábricas e às populações, enquanto noutras o pinhal, sem qualquer utilização, vai placidamente crescendo, adoecendo e inutilizando-se para a sua racional aplicação.

Não precisamos de jogar com números para que me acreditem, pois basta atentar que o nosso consumo actual de madeira de pinho não abrange, nem por sombras, os 5 000 000 m3 que todos os anos crescem por esse Portugal fora, e, por isso, podemos afirmar que não gastamos o rendimento, e, entretanto, vamos alienando o capital, com a agravante de que algum desse rendimento é irreversível, é como água que corre para o mar, não foi gasto quando devia e perdeu-se definitivamente.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Apelamos para a Secretaria do Estado da Agricultura, onde hoje só encontra um técnico prestigioso, ainda há tão pouco saído desta mesma Assembleia, apelamos especialmente para os serviços florestais, cuja grande obra já realizada neste país escusado se torna enaltecer uma vez mais.

Não tenhamos, porém, ilusões, pois as dificuldades são bastantes e começam logo porque 93 por cento da área florestal do País se encontra na mão de proprietários particulares e que só em relação ao pinheiro bravo se cifram em 315 000 as explorações particulares nas mãos de mais de uma centena de milhares de proprietários.

Qualquer espírito menos prevenido e de formação mais ou menos matemática, influenciado pela lei dos grandes números, é logo levado a pensar que a madeira negociada deve andar perto do máximo possível e que, portanto, não deve haver problema; simplesmente, é precisamente o contrário, e é esse grande número de proprietários e pequenos proprietários na sua maioria que provoca e mantém os problemas atrás postos do mau aproveitamento da nossa área de pinheiro bravo.

Parece-nos que se impõe um estudo consciencioso do problema e tanto quanto possível urgente, pois não podemos nem devemos de forma alguma continuar a perder uma riqueza nacional, para mais com todas as agravantes e incidências prejudiciais na indústria e no comércio das madeiras de que nos vimos ocupando.

Apenas a título de sugestão para a resolução das deficiências atrás apontadas permitimo-nos sugerir duas coisas que não constituem qualquer novidade, pois fazem-se noutros países, e que são a disciplina dos cortes através dos serviços florestais e o fornecimento e distribuição da madeira como matéria-prima através de cooperativas locais ou regionais dos interessados, fabricantes ou exportadores.

Passaremos agora o outro problema que é:

2.º O problema industrial. - São o mais variadas possível os indústrias ligadas a madeira e nem para toda existe crise ou mesmo dificuldades de maior e daí a surpresa de algumas pessoas quando se fala tão genericamente em crise na indústria de madeiras.

Além disso, mesmo em relação à indústria de madeira que atravessa as maiores dificuldades, que é a de serração de madeiras destinadas à exportação, não será talvez a crise que se deve falar, mas de dificuldades e de deficiências cada vez maiores, mais evidentes, pois são de orgânica ou de estrutura o pouco ou nada de conjuntura.

As dificuldades das fábricas começam no seu abastecimento em matéria-prima.

Não há qualquer organização ou disciplina na aquisição da matéria-prima e esta é feita sob a pressão dos contos assinados e a cumprir em prazos relativamente curto em que se assumem compromissos de fornecimentos centenas ou milhares de metros cúbicos sem um tronco fábrica. E evidente que depois a concorrência da com dos pinhais é feita sem qualquer relação com o preço venda do produto contratado.

Para mais, o Estado, que não garante nem pode garantir com a sua pequeníssima parte de madeira disponível relação- às necessidades nem o abastecimento regular fábricas em matéria-prima nem o seu preço, impõe a garantia de trabalho de quatro dias por semana aos operários, o que é mais uma pressão puni elevar o preço de madeira.

A distribuição geográfica das fábricas, na sua diversidade de densidade, dá a estas as condições mais diferente no abastecimento; umas guerreando-se nas mesmas