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10 DE JANEIRO DE 1963 1787

Na verdade, desde que em l de Setembro de 1887 foi concedido a firma Fonsecas, Santos & Viana o alvará que lhe permitia, ou a companhia que esta resolvesse organizar, construir e explorar uma linha de caminho de ferro de via de l m entre Coimbra e Arganil, servindo Ceira, Miranda do Corvo, Lousa e Gois, até aos nossos dias passou-se uma longa série dos mais incríveis contratempos!

E, na opinião do citado estudo, tudo derivou da circunstância de, em novo alvará, de 8 de Novembro do ano seguinte de 1888, se ter mandado mudar a bitola da linha, que passou para via larga.

Fundada também no ano de 1888 a Companhia de Caminho de Ferro do Mondego, para esta passou a concessão, que foi ainda estudada nesse mesmo ano.

Esta Companhia chegou a contratar com o empreiteiro francês Eugéne Beraud, por escritura de 22 de Fevereiro de 1889, a construção total da linha, mas este empreiteiro transferiu para o conde de Faço do Lumiar, em Outubro de 1899, a sua empreitada, quando os trabalhos já estavam em pleno desenvolvimento. Foi então ordenada a concentração destes na troço até à Lousa e a sua intensificação. Sem embargo, porque tivessem surgido graves dificuldades financeiras, foram tais trabalhos completamente suspensos em Abril de 1891, em condições verdadeiramente desastrosas, por ter sido abandonado ao longo das terraplanagens todo o valioso material e ferramentas neles empregado, que se perdeu ingloriamente!

Durou essa paralisação de trabalhos até ao mês de Janeiro do ano de 1905. "Nessa altura, o Governo concedeu à Companhia o apoio financeiro necessário e a linha foi construída até a Lousa, tendo sido aberta à exploração em 16 de Dezembro de 1906, depois de contrato com a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses.

Assim se mantiveram as coisas até 1923, ano em que o Governo, interessado na continuação até completo acabamento desta linha, concedeu à Companhia do Caminho de Ferro do Mondego um novo financiamento de 5000 contos, que se supunha suficiente para a fazer chegar a Vila Nova do Ceira.

Isso, porém, não sucedeu, pois com esse financiamento só foi possível abrir os 6 km da Lousa a Serpins, onde a linha chegou em Agosto de 1930 e onde parou até aos nossos dias!

Cientifica-nos o mesmo trabalho do Sr. Eng.º Vasconcelos e Sá que, tendo então reconhecido a grave premência das dificuldades da construção desta linha em via larga, a Companhia do Caminho de Ferro do Mondego chegou a pedir e até a obter do Governo autorização para a sua transformação para via de l m desde Coimbra d Serpins e continuação da mesma nesta bitola até Arganil.

Essa autorização foi dada pelo Decreto n.º .14 775, de Dezembro de 1927, que também incluiu uma nova concessão a Companhia peticionária para construir, na mesma bitola reduzida, outra linha, de Arganil n Santa Comba Dão, onde esta entroncaria na linha de Viseu, estabelecendo assim a ligação de Espinho a Coimbra, com passagem por Viseu, Santa Comba Dão e Arganil!

Esta concessão, contudo, nunca logrou qualquer viabilidade, porque a isso se opuseram estudos e planos de aproveitamento hidroeléctrico do Mondego, então na ordem do dia.

E que, não se tendo acordado como e em que condições poderia ser feita a travessia desse rio, dentro do condicionamento dos mesmos aproveitamentos, era manifesta a inexequibilidade de qualquer estudo.

Esta iniciativa ficou, desta forma, a aguardar melhores dias, que ainda não chegaram, mas que podem chegar agora com novos estudos sobre o mesmo aproveitamento.

São os interesses de toda a região central do País que o impõe e nomeadamente o desenvolvimento dos concelhos de Arganil, Gois, Oliveira do Hospital, Pampilhosa da Serra, Penacova, Penela, Polares e Tábua que amplamente o justificam, concomitantemente com a Figueira da Foz e o seu porto, já felizmente em construção.

Gastaram-se alguns milhares de contos, que talvez ainda se possam em parte aproveitar, o que não é indiferente para os primados de austeridade da nossa economia.

Ligados com o traçado desta linha inacabada estão certos problemas do trânsito na cidade de Coimbra e os do seu acesso pela estrada da Beira, que é uma via de marcada importância para o trânsito internacional procedente de Vilar Formoso.

Se Coimbra, com a mais angustiosa das razões, se pode considerar uma cidade cercada, pois sete passagens de nível lhe flagelam impiedosamente os seus acessos, também não se pode, de nenhuma maneira sentir feliz com o rumorejante trânsito de comboios da chamada linha da Lousa, por uma das suas mais famosas avenidas!

Na verdade, para atingirem a estacão nova, ou quando dela partem em demanda da de Serpins, a última nota desta incompleta sinfonia ferroviária que é a linha de Arganil, os comboios e automotoras, muito frequentes, depois de acordarem a beleza edémica do Parque Dr. Manuel Braga, que marginam na sua totalidade, cruzam a cidade numa das suas zonas de trânsito mais intenso.

Daqui vêm derivando os mais graves inconvenientes.

São já numerosos os acidentes provocados por esses mesmos comboios, que, arrogando-se prioridades absolutas, nunca param para evitar os choques que provocam, continuando, com estrídulos silvos e barulhos próprios, impassivelmente o seu rumo, frente aos hotéis e a uma casa de saúde, até se sumirem na referida estação, que tamponou a referida avenida, sonhada certamente para outros mais belos destinos.

Este folclorismo vem arrepiando a cidade desde que em 1906 se aparafusaram os últimos carris do único troço desta linha, havida desde logo como solução provisória e fortemente combatida pela Câmara da presidência do Prof. Marnoco e âousa, e por todas as que se lhe têm seguido, até a actualidade.

O rodar dos tempos só tem confirmado os inconvenientes, que se vêm acentuando progressivamente, na medida em que, felizmente, se processa o notável engrandecimento da cidade!

Além dos indesejáveis incómodos causados aos hóspedes dos principais hotéis e das perturbações que faz sofrer aos doentes de uma casa de saúde, acordados em sobressalto nas horas mais propícias ao repouso;

Além do comprometer gravemente o trânsito na parte baixa da cidade, como já só referiu, o actual traçado da linha dificulta ainda a vida e a natural expansão da cidade na zona do Calhabé e sua periferia, perturbando-lhe os acessos e todo o trânsito nacional e internacional da estrada da Beira, o que é muito grave!

É que, cruzando essa via no Calhabé, a referida linha obrigou ao estabelecimento de uma passagem de nível, especialmente incomodativa e flagelante, por seccionar a cidade, obrigando às intermináveis demoras de sucessivo? obturamentos das respectivas cancelas, demoras que também martirizam quantos careçam de penetrar ou sair da cidade, nacionais ou estrangeiros, cuja odisseia não termina, porque nova passagem de nível se lhes deparo logo a seguir, na Portela.

Esta tem sido verdadeira antecâmara de morte assinalada por desastres de arrepiante gravidade, no último dos quais, sucedido há meses, se lamenta a perda de