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2548 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 103

colocação apenas em Janeiro, tem sómente condições para utilizar o seu curso durante seis meses por ano, o que representa uma média de vencimento mensal de 800$. Para tal paga valerá a pena ter estudado onze anos? E será rentável o emprego de capital feito com esse curso?
As professoras das nossas escolas vivem isoladas de todo o contacto com os seus orientadores, que, absorvidos na maior parte do seu tempo pelo julgamento dos processos disciplinares ou pelos serviços administrativos, se vêem impossibilitados de toda a acção orientadora, e, no entanto, recluzem-se as verbas destinadas a esse fim; nas escolas faltam os meios que permitam ensaiar-se um ensino actual, eficiente e atraente, com recurso aos métodos áudio-visuais que a Direcção-Geral procura levar a todas elas, e, no entanto, a verba orçamental destinada à difusão da cultura popular vem descendo gradualmente, passando dos 3500 contos inscritos em 1958 para 2000 contos inscritos em 1963.
Mas será que já atingimos o ponto óptimo neste aspecto?
Alguma coisa há que não está certa e que encontramos quando nos debruçamos no estudo destas questões, sendo necessário e urgente encontrar a solução mais conveniente para corrigir o erro.
Sr. Presidente: está S. Ex.ª o Ministro da Educação Nacional devotado, com entusiasmo e inexcedível interesse, a esquematizar o seu planeamento da educação. Da sua competência e do seu entusiasmo muito é lícito esperar, e é também com entusiasmo e ansiedade que toda a Nação aguarda o anúncio da conclusão dos trabalhos. Porém, sem possibilidades financeiras, tudo será em vão ...

O Sr. Martins da Cruz: - Muito bem!

O Orador: - ... e dessa impossibilidade sofrerá o País, com o ancilbsamento que lhe advirá do seu desenvolvimento técnico.
Espero, pois, que, a par de tão abnegado trabalho ao lado da vontade unânime de todo o povo português, o muito ilustre Ministro das Finanças saberá encontrar a forma de dar corpo à reforma que se prevê, reforma essa que permitirá a todos os que neste sector da vida nacional labutam, alunos e mestres, contribuírem para o progresso da Pátria Portuguesa, tudo podendo fazer, no melhor sentido, para que tenhamos em suficiência os seres pensantes e competentes que possibilitem o desenvolvimento económico e técnico que se exige para uma real integração económica do espaço português.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

Ordem do dia

O Sr. Presidente: - Está em discussão na generalidade a proposta de lei de autorização das receitas e despesas para 1964.

Tem a palavra o Sr. Deputado André Navarro.

O Sr. André Navarro: - Sr. Presidente: ligado hoje mais intimamente, por deveres de cargo oficial, a parcela ultramarina do todo português, a minha intervenção na análise da proposta de lei de autorização das receitas e despesas para 1964 poderá revestir, na realidade, expressão um tanto diferente da de anos anteriores, embora vista sob a mesma óptica. E isto porque, encontrando-me mais próximo de região politicamente mais sensível no actual período conjuntural, essa circunstância me faculte visão mais realista do conjunto das linhas de força que comandam a presente conjuntura.
Em primeiro lugar, vamos tentar, para mais rigorosa definição do seu processo evolutivo, fazer uma rápida síntese dos seus antecedentes políticos e económicos.
No findar da grande guerra, apenas um pólo actuante dominava, na realidade, vencidos e vencedores - era ele os Estados Unidos da América. A União Soviética tinha ficado, como os restantes países intervenientes no conflito, quase prostrada pela acção destruidora dos exércitos inimigos, e isto no que se refere não só a meios bélicos e equipamentos industriais, como também em relação a aspectos dominantes das infra-estruturas económicas.
Possuidora exclusiva da bomba atómica, a nação americana, pelo contrário, dispondo ainda de forças armadas vultosas e bem treinadas na arte da guerra moderna e não tendo sido atingida no seu território pelas destruições maciças ocasionadas por bombardeamentos estratégicos e de represália, este grande e rico país dominava, na realidade, a partir de então, a totalidade do mundo civilizado.
Porém, ainda no rescaldo desse conflito que abalou os alicerces de grandes e poderosas nações do globo, reduzindo-as a extensas ruínas, houve um país que soube, desde logo, justificar a sua posição de vencedor, e ele foi a própria Rússia.
Teve o sagaz ditador que então dominava, indiscutivelmente, todo o grande espaço abrangido pelo mundo marxista a habilidade de conquistar, já finda a guerra, todo o Oriente, sem disparar um único tiro, e de incluir dentro das fronteiras do seu vasto império grande parte da Europa balcânica, importante celeiro do Velho Mundo europeu, e ainda cindir a Alemanha, seu inimigo potencial de sempre, tornando assaz difícil a sua reconstituição política e económica.
Dentro do mesmo plano, judiciosamente estudado, em todos os seus pormenores, pelo estado-maior dos seus exércitos, a Rússia apossou-se, ainda, dos mais eminentes cientistas nucleares, químicos e matemáticos alemães, procurando assim conquistar todos os elementos técnicos e científicos com que haveria de reduzir, em curto espaço de tempo, a distância que separava o seu país, quanto a potencial de luta armada, do único presumível competidor na arte da guerra moderna - os Estados Unidos da América. E os tempos que se seguiram demonstraram, com particular evidência, que a conquista desse capital de inteligência haveria de decidir a seu favor, pelo menos durante largo período, os resultados desta competição.
Quando o Norte-Americano acordou, ainda sonolento, do sonho roseveltiano de paz, consentindo recuos inconcebíveis das suas forças armadas vitoriosas, já a Rússia tinha levado. a cabo a triagem técnica referida, nas universidades e laboratórios de investigação e nas grandes empresas da zona ocupada pelos seus exércitos, e, como remate desta atitude absurda, nem mesmo foi tentado evitar que a capital política do mundo germânico ficasse inclusa em extenso lago russo.
Este o resultado da actuação consciente dos assistentes criptocomunistas do presidente americano, já diminuído, então, por grave doença, elementos que vamos encontrar, mais tarde, em postos dominantes da administração e em várias comissões marginais, como a famigerada American Committee on África, de tão triste memória para todos nós, portugueses. E houve o cuidado, que aos técnicos rés-