O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

2724 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 106

saber sobro cada, um dos animais estudados, em todos os aspectos da sua existência e do seu habitat.
Em todos os países onde se pratica a televisão escolar, especialmente nos Estados Unidos, na Rússia, no Japão, na Suécia, na Argentina, no. Canadá e na Itália, que são, segundo creio, os mais avançados nessa modalidade, o seu ensino supera em qualidade o das modalidades clássicas.
A esse propósito, permita-se-me que cite o relatório do Departamento da Educação de Washington. Referindo-se ao ensino pela televisão, que instituíra, diz:

Com sete meses e meio de ensino pela televisão na disciplina de Matemática do 5.º ano, dezoito cursos revelaram um progresso correspondente, em média, a dezassete meses de ensino, e nos alunos com um coeficiente de inteligência igual ou inferior a 90 aquele progresso correspondia a catorze meses de ensino. Este resultado é tanto mais notável quanto é certo que os metodólogos tinham já procurado aperfeiçoar o ensino da matemática por diferentes métodos, mas sem resultados apreciáveis.
A televisão contribuiu para melhorar o teor e os métodos do ensino. Os professores dispõem agora de mais tempo para preparar a sua lição e dedicam especial atenção à escolha do material didáctico a utilizar e à própria organização do curso que leccionam. A televisão contribuiu assim e de modo decisivo para o próprio aperfeiçoamento dos professores. É esta uma vantagem de excepcional relevo, pois os professores, tanto do ensino primário como do secundário, gastando cerca de sete horas diárias na escola, não conseguiam tempo para preparar os cursos que ministravam.

Aquele relatório faz idêntica apreciação dos efeitos da televisão nos alunos e, depois de pormenorizar as suas vantagens evidentes, conclui:

Os alunos são assim levados a um estado do atenção permanente, que lhes permite observar e escutar as lições com todo o cuidado, sem quebras de interesse, sem distracções nocivas.

A par de tais vantagens, oferece a televisão as da economia, e estas seriam agora as de maior interesse para nós.
Não são precisos milhares de professores - que não temos -, mas apenas uma boa equipa. Não é preciso construir centenas de escolas técnicas e de liceus, a custarem milhões de contos, que não saberíamos aonde ir buscar.
E a par da economia oferece a televisão escolar a vantagem de acudir simultaneamente às necessidades do ensino, se não em todo o território nacional, pois nos falta ainda a electrificação de cerca de 40 por cento das zonas rurais, ao menos na maior parte do País.
Umas e outras daquelas vantagens explicam certamente o extraordinário surto da televisão escolar no Mundo inteiro.
Foi por ela que os Estados Unidos ocorreram ao deficit de 135 000 professores e 300 000 salas de aula, dispondo hoje de telescolas suficientes, chegando ao ponto de instalar emissores de televisão escolar em aviões que sobrevoam as zonas ainda inacessíveis à televisão fixa.
O Japão parece ser o país de televisão escolar mais desenvolvida.

Dispõe de emissores próprios para o ensino nas telescolas primárias, secundárias, superiores, de formação humanista e de formação profissional. A televisão escolar cobre o país inteiro, e funciona dez horas e meia por dia.
Na Argentina, II televisão escolar adquiriu tal progresso que lhe é possível dispensar do ensino milhares e milhares de professores que empresta aos restantes países da América do Sul. O Canadá, a Rússia, o México, a Venezuela, a Suécia, a França, a Suíça, a Inglaterra, a Alemanha e tantos outros países fazem hoje face às necessidades sempre crescentes do ensino com a televisão escolar, que é, não tenhamos dúvidas, a modalidade do ensino no futuro, com recursos pedagógicos de longe superiores aos dos métodos clássicos, com uma economia de meios financeiros e com uma possibilidade de democratização do ensino,. jamais pensados nos domínios da educação.
A Espanha, cujo exemplo várias vezes tenho citado nestas considerações, está a preparar dois canais de televisão com destino exclusivo à televisão escolar.
E em Portugal, que se passa?
Quando na última sessão legislativa, no debate na generalidade das contas públicas de 1061, me ocupei da grande necessidade de incrementarmos a educação, das verbas, para nós astronómicas, necessárias a esse objectivo, da impossibilidade de as encontrarmos e da urgência de ultrapassarmos tal situação, pedi aos responsáveis a televisão escolar que referi assim:

Já não temos agora pela nossa frente o espectro dos inacessíveis recursos financeiros para a construção de centenas de edifícios - os centros de recepção do ensino da telescola funcionariam, à semelhança do que na Itália acontece, por essas vilas e aldeias, nas escolas primárias, nas Casas do Povo, nas beneméritas colectividades de cultura e recreio, nas salas oferecidas por empresas industriais e comerciais ou por simples e generosos particulares.
Já não nos assustará a falta de dezenas de milhares de professores - uma equipa deles, menos numerosa do que o corpo docente de um liceu ou de uma escola técnica, ensina o País inteiro, já que na telescola não é preciso um professor por turma, mas apenas por disciplina.
Os professores primários, os párocos e outras pessoas idóneas que fàcilmente se encontrariam nos meios rurais, com bem módica remuneração, poderiam superintender na ordem e na disciplina da telescola.
Dificuldades ainda? Certamente, mas todas removíveis. De natureza pedagógica, de organização, de funcionamento e muitas outras. A maior, contudo, será a que provém da própria natureza revolucionária da solução e que, por o ser, contende com todo o comodismo rotineiro das ideias feitas e das situações física e mentalmente estabilizadas.
Os velhos do Restelo hão-de mesmo contrapor o óptimo da solução clássica ao simples bom desta solução inovadora.
Se lhes dermos ouvidos, ficaremos como estamos - sem o óptimo e sem o bom!
Penso que a telescola constituirá remédio eficaz contra o mal que nos aflige neste aspecto da vida nacional. Toda ela não custará, na sua instalação, o preço de duas escolas técnicas, mas verba tão escassa passará despercebida nas contas gerais do Estado. O que eu desejo é que nela figure quanto antes.
É certo que a televisão escolar não figura ainda na Lei de Meios que discutimos. Mas desta vez Minerva venceu Mamona. Mesmo sem verbas orçamentais, a televisão escolar, que tanto desejei, aí vem.