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30 DE JANEIRO DE 1964 3003

O Congo ex-belga já não tolera Russos nem Chineses. Talvez não venha longe a hora em que Holden Roberto e Mário de Andrade, só esperançados em vencer-nos com o dinheiro e as armas que recebessem de Moscovo, de Praga e .de Pequim, acabem por ser escorraçados, também, pelo perigo que a sua aliança com o comunismo internacional representa para a segurança interna dos Estados que infantilmente os acolheram, para se lançarem contra nós.

Do outro lado, com o Tanganhica anarquizado, é outra ilha de utopia virada contra nós que vai pela água abaixo. Talvez acabemos por ser atacados dessa banda. Mas o Mundo saberá, enfim, que combatemos contra o comunismo internacional, em defesa das nossas terras e em defesa da verdadeira África, em defesa do Ocidente, em defesa da verdadeira civilização.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - E é de esperar que. o vento da verdade varra, então, para longe e. para sempre, o nevoeiro persistente de todos os equívocos em que nos têm envolvido.

Os Africanos ainda puros hão-de acabar de ver, chamando novamente os Ocidentais para o seu lado; e, ocupando-se do único inimigo real, que vem de leste (da Rússia, da China e da índia), deixar-nos-ão, para continuarmos a construir império. sombra da cruz, que sempre nos guiou.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: -Mas também no interior se ocultam inimigos irredutíveis que não são menos perigosos. Andam connosco na rua, sentam-se ao nosso lado à mesa do café ou na cadeira, do cinema, vão talvez à mesma escola, trabalham na mesma oficina, na mesma repartição, na mesma fábrica, no comércio, em que nós. servindo lealmente a. Pátria. «a ela- ofertando II alma e o corpo, nos esforçamos por engrandecer Portugal. Quem os não vê? Só os surdos os não ouvem confabular no escuro, à espreita daquela hora, esperada há .anos pelo partido comunista português (em textos bom conhecidos), para nos arrastarem a- todos, do Minho a Timor, na enxurrada marxista. Não. são tropos de retórica deslavada, nem se trata de teimosia, senil de qualquer ideia fixa. Todos sabemos quem são os traidores. Conhecemos-lhes os nomes. Maior é, por isso, o nosso espanto, ante a passividade dos que, afirmando embora- a intenção de preservar a integridade nacional, continuam a. acalentar as víboras no seio.

O incêndio comunista alastrou já do outro lado da fronteira moçambicana; é preciso evitar que se propague para o nosso lado. Para tanto, urge tomar todas as precauções de segurança interna que a gravidade ímpar da hora presente nos impõe. Temos de pôr inteiramente de lado contemporizações comprometedoras, que tantas amargos de boca nos têm trazido. Temos, em suma, de emendar erros perigosos que vêm de longe, e que têm raízes fundas no passado, para que o futuro, talvez bem próximo, nos não colha de surpresa.

Só assim conseguiremos ser dignos dos filhos de Portugal que se batem, heroicamente, em Angola e na Guiné, para que a bandeira das quinas continue a flutuar, pelos séculos fora. sob o céu azul daqueles vastos territórios, que queremos transmitir, íntegros, aos nossos vindouros.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Agostinho Cardoso: - Sr. Presidente: o arquipélago da Madeira é das regiões do País onde mais se sentiu nos últimos 30 anos o sopro renovador da Revolução Nacional.

Foram resolvidos já nas linhas gerais os seus problemas de base, ou seja as estradas, a electrificação, a hidráulica agrícola, o porto e o aeroporto, embora haja neles aspectos e pormenores a completar.

Na sequência destes, a complexidade da sua economia e a sua pletora populacional cedo postularam outros problemas vitais, que os Madeirenses, através da sua imprensa, das suas elites, das suas autoridades e dos seus representantes na Assembleia Nacional, têm sobejamente exposto e fundamentado, em suas razões, junto do Governo.

Louvado Deus, que muitos deles estão a caminho, isto é, equacionados ou em via de realização.

Acerca de outros ainda, como a planificação da sua economia ou a estruturação do seu turismo, vai-se criando um clima de consciencialização, que é sempre primeira etapa no trajecto das soluções.

Mas na batalha contra o tempo em que o Mundo se empenha, tenho de dizer sinceramente que qualquer atraso, lentidão, arrastada discrepância entre repartições, ou longo meditar isolado de qualquer delas, podem comprometer as soluções e a sua hora própria, atingindo seriamente o futuro da Madeira e retardando o progresso que ambiciona e a que tem jus.

Ainda há poucos dias o ilustre Deputado Dr. Alberto de Araújo descreveu, com objectividade, o que representou a interrupção das ligações aéreas por mais de uma semana, para as centenas de nacionais e estrangeiros que haviam ido à Madeira passar o Natal ou as festas do fim do ano e viram seu regresso ao aeródromo do Porto Santo bloqueado pela agitação do mar.

Este facto, que teve larga repercussão na- imprensa de Lisboa, permitiu ao referido Deputado lamentar o atraso na conclusão do aeródromo da ilha- da Madeira e reivindicar mais uma vez a urgência em construir-se o já prometido porto de abrigo no Porto Santo, ilha que cada vez mais ganha importância, dada a posição geográfica do seu aeroporto.

Serve-me esta. citação para concluir que II concepção integral do «aeroporto do Funchal» corresponde ao conjunto da pista da Madeira + a pista - do Porto Santo + o porto de abrigo nesta ilha + o navio Cedros, que efectua em óptimas condições a ligação marítima entre as duas pistas.

Só neste condicionalismo ele pode considerar-se concluído e pronto a funcionar, com a regularidade indispensável ao turismo. Por seu lado, o turismo de uma ilha. não se concebendo sem ligações aéreas e marítimas - regulares, também não o pode, ou fá-lo-á com riscos, sem um rápido impulso à, sua capacidade hoteleira, e sem uma estruturação de conjunto que conduza ao planeamento regional.

Espero referir-me a este ponto noutra oportunidade.

Entre os assuntos estagnados cite-se o problema sacarino, o da instalação de um posto regional da Emissora Nacional, o da delinquência infantil, o da assistência psiquiátrica a menores anormais, a protecção ao viticultor entregue à lei da- oferta, o alargamento do quadro da Polícia de Segurança Pública, a protecção ao funcionalismo em face do aumento do custo de vida e um conjunto de medidas que permitam enfrentar as graves dificuldades que se desenham para a cultura, comércio e exportação da banana, ensombrando o seu futuro.